Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Um outro tipo de pedido

A Ana tem o curso de Serviço Social, já trabalhou em várias instituições, e está desempregada. Já procurou, já bateu a portas, mas não encontra trabalho. O email dela tocou-me porque está muito bem escrito e porque espelha a sua vontade de trabalhar bem como o crescente desespero.

Há por aí alguém que precise do trabalho dela?

«Sou uma pessoa igual a tantas outras, não tenho nada para contar que me faça diferente, nem para melhor, nem para pior, mas ainda assim decidi partilhar o meu sonho.

Cresci numa família com alguns problemas, mas sempre tive uma força vinda de não sei de onde que me permitia sonhar ter uma vida mais pacífica e saudável; estudei com o intuito de fazer isso mesmo e também com a perspectiva de trabalhar para e com as pessoas.

Comecei a trabalhar, nunca em condições muito boas, mas sempre numa perspectiva de evoluir e ganhar experiência. Com o passar dos anos, algumas experiências profissionais e pessoais depois, apercebi-me que afinal não gosto tanto assim de pessoas, pelo menos pelas experiências que tive, que a realidade não é quase nunca como eu idealizo e que a força do meu trabalho e determinação nem sempre levam ao sucesso. Tudo bem. 

Com a chama a extinguir-se, ainda tive a coragem de sair do meu anterior trabalho, porque acreditei que quando a nossa saúde mental já é afectada e estamos infelizes, essa é a única coisa que podemos fazer por nós mesmos. Contra tudo e todos (ou quase todos) tomei essa decisão, e, em Agosto de 2012 fiquei desempregada. Estava feliz, ou, pelo menos, aliviada. Recuperei alguma sanidade mental (tenho dúvidas que algum dia tenha sido boa da cabeça) e decidi que, se queria melhores experiências para a minha vida, também tinha que ser um pouco mais selectiva e respeitar-me mais. 

A ideia é bonita, tento sempre aplicar máximas edificantes, mas a verdade é que estamos em Janeiro de 2014 e continuo desempregada. E a angústia começa a instalar-se.

Por isso o que venho pedir é simples: se souber de alguém que esteja a precisar de outro alguém para trabalhar, lembre-se de mim. Eu sei que não me conhece, a única coisa que lhe posso dizer é que trabalho honestamente, não preciso de ordenados ou cargos espectaculares. Prefiro estar nos bastidores e sou empenhada no que quer que surja, porque só quero um pouco de paz na minha vida. Para mim o meu sonho é só este: que a Sónia possa ler este mail e divulgar, se puder, este meu pedido. 

Não tenho mais ou menos capacidades do que ninguém, mas a angústia de não poder ajudar ou até dificultar a vida de quem me é mais próximo, está a dilacerar-me. A minha mãe tem vários problemas, inclusive de saúde, e queria poder ajudá-la, e é ela quem ainda me ajuda. O meu marido/companheiro, que tem trabalho, e que podia ter uma vida melhor, não tem, porque eu não estou a trabalhar e quem sabe se não terei de deixar o país. E queria ter filhos, tal como eu, mas não parece viável. Somos os dois filhos únicos e eu sempre disse que havia te ter mais que um filho, para serem mais felizes do que eu fui. Enfim...

Este país está a deixar as pessoas sem alma, sem sonhos, sem identidade. Ou pelo menos a mim. Obrigada à Sónia que ajuda como pode, não neste caso específico, pois sei que não pode fazer milagres. 

Não quero de forma alguma gerar-lhe desconforto por não poder atender-me, porque sei que não há varinhas de condão; se houvesse já eu tinha ido em busca de uma e ajudado pessoas que precisam muito mais do que eu. 

Desejo muito sucesso, pessoal e profissional.»

Ana.lemos.29@gmail.com

8 comentários

Comentar post