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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Nova Iorque: dia 7

E pronto... chegou o último dia. Snif, snif, snif...

Além das voltinhas pelas ruas que ainda queríamos revisitar, fomos ao MoMa. 

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Tal como disse no início, esta viagem chegou numa altura difícil. Impossível, diria. Estava marcada desde Fevereiro e chegámos a pensar desmarcá-la. Ainda bem que não o fizemos. Foi mesmo bom termos ido. Foi a melhor forma de sair um bocadinho de um novelo de tristeza que estava a consumir-nos. Nada como viajar, de facto. 

Agora estamos de volta, um ano novo aproxima-se, e a esperança em relação a um problema de saúde de um grande amigo é a nossa candeia para os próximos tempos. A dor da perda do meu Pedro continua cá e continuará até ao fim. Uns dias custa menos, outros dias custa mais. Mas parece que a vida é mesmo isto: perder umas pessoas, ganhar outras, ficar com feridas no coração e procurar nos que ficam - e que amamos e nos amam também - o consolo para as suportar. 

Nova Iorque: dia 6

Dia de passear por Liberty Island e Ellis Island. Das outras vezes não o tinha feito e o Ricardo achava parvo irmos ver a Estátua da Liberdade, tipo passeio parolo. Mas insisti e ainda bem. O passeio é mesmo bonito e a vista para Manhattan é absolutamente deslumbrante. Tão deslumbrante que parece impossível parar de fotografar, apetece captar aquela imagem icónica de todos os ângulos e mais alguns. Ainda por cima tivemos a sorte de apanhar o dia mais luminoso e soalheiro de todos.

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O pessoal todo a fotografar, ainda no barco 

 

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Já de regresso, fomos ao rooftop mais giro em que já estive: 230 Fifth Rooftop. Como o nome indica, fica no número 230 da 5ª Avenida e, além da vista soberba (que inclui, mesmo em frente, o Empire State Building), tem ao dispor, no inverno, uma série de iglos aquecidos e iluminados, onde as pessoas se podem refugiar do frio. Há também roupões encarnados disponíveis para se vestir e mantas (até porque todos os agasalhos são poucos nesta altura do ano, ainda para mais num andar alto como este). 

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Ao jantar fomos a um italiano (ESCA) mas eu não tinha fome. Por isso, pedi só uma sopinha de peixe. Quando a "sopinha" de peixe chegou à mesa até arregalei os olhos. Mais parecia uma terrina de sopa. E se não foi a melhor que já comi... estava de certeza muito perto disso.

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Nova Iorque: dia 5

Começámos o dia a arriscar a vida. Vá, a vida talvez não (se bem que uma quedazinha bem dada pode sempre dar para o torto) mas pelo menos os dentes. Fomos patinar ao Rockefeller Center. Já o tínhamos feito há 6 anos, mas desta vez correu bem melhor. Acabámos a parecer uma dupla de patinadores artísticos (ou então talvez não 😂).

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Estávamos leves e bem dispostos. Mas o programa que se seguia prometia acabar com isso tudo. E acabou. Fomos ao memorial do 9/11 e ao museu. O memorial já tinha visto, o museu ainda não. E foi absolutamente devastador. Se forem a Nova Iorque não percam o museu. Dói para caraças. Mas está tão bem feito, tão bem feito, que não fica a faltar nada.

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Estivemos lá duas horas e tal. Para o final, eu já só queria que aquilo acabasse. Não por estar farta ou por achar chato mas porque emocionalmente me sentia incapaz de continuar. Estava fisicamente indisposta. Nauseada. É de facto fortíssimo. Mas está feito com um profundo bom gosto e sobriedade, sem diminuir o realismo e a brutalidade do que aconteceu.

Saímos dali atordoados, já sem luz do dia. Tivemos de nos sentar num café a digerir o que não é digerível.

Metemo-nos no metro, para ir até ao hotel. E encontrámos uma pérola.

 

Antes de subir, mais uma visita a Times Square (parecemos os mosquitos, atraídos pela luz).

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Descobrimos uma cena gira, em que cada pessoa pode deixar a sua mensagem ou desejo para o novo ano nos papelinhos que serão lançados em Times Square na Passagem de Ano. Como temos ambos um desejo muito forte e muito concreto, nem hesitámos. Quando baterem as doze badaladas sabemos que aquele nosso desejo vai voar naquele sítio mágico. 

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A seguir fomos jantar. Encontrámos um japanese barbecue que nos pareceu interessante e onde acabámos por jantar mesmo bem. 

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Nova Iorque: dia 4

Quando fiz anos, no mês passado, o Ricardo ofereceu-me uma viagem para irmos ver as cataratas do Niagara. E assim foi. Na terça-feira, acordámos às 5h da manhã e fomos para o JFK apanhar o voo para Buffalo. Chegámos lá por volta das 10h da manhã. Alugámos um carro no aeroporto e lá fomos a caminho das cataratas. Temi o pior. Pensei que íamos passar o tempo todo perdidos, até porque queríamos passar para o lado do Canadá, e o Ricardo tende para alguma desorientação rodoviária. Mas afinal foi tudo certinho. Passámos a fronteira e chegámos ao sítio onde se vê melhor sem enganos. E... que espectáculo! Gostei tanto. Tão assustador e impressionante ao mesmo tempo. Impossível olhar sem sentir um calafrio "na espinha".

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Há uma série de coisas que se podem fazer por ali (todas a pagar e a peso de ouro) e outras tantas que não é possível fazer nesta altura do ano (por exemplo, andar de barco lá perto), mas nós decidimos fazer só o Behind the Falls, que é um conjunto de túneis construídos há 130 anos que ficam mesmo por detrás das cataratas. É preciso descer 38 metros, num elevador, e depois os túneis mostram a história das cataratas e alguns desembocam em janelas que permitem ver a água mesmo a despencar à nossa frente. Diria que não é próprio para claustrofóbicos mas o Ricardo sofre um bocado em espaços fechados e não se sentiu mal, por isso talvez seja só ruim para claustrofóbicos em último grau. 

Adorei tudo. Adorei as histórias afixadas nos túneis, sobretudo a de Annie Edson Taylor, uma professora viúva que foi a primeira pessoa a conseguir atravessar as cataratas... dentro de um barril. Fiquei fascinada com a personagem. Ainda por cima, decidiu fazê-lo no dia em que fez 63 anos. Antes de se aventurar, enviou o gato na mesma pipa, só para testar a aventura. Todos achavam que o gato não ia sobreviver mas o bicho safou-se. E então, no dia em que fez 63 anos (24 de Outubro de 1901), Annie enfiou-se no barril com a sua almofada em forma de coração e seguiu pela corrente até cair nas cataratas. A viagem durou 20 minutos. Quando os socorristas chegaram, encontraram-na viva e com ferimentos ligeiros. No final, Annie disse aos jornalistas qualquer coisa como isto: "Desaconselho qualquer pessoa a repetir o feito. Mais depressa me metia na boca de um canhão, sabendo que me ia desfazer em pedaços, do que repetir esta viagem pelas cataratas." Uma experiência gostosa, portanto. 😬 Mas adoraria tê-la entrevistado, mulher do caraças!

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Depois da visita às grutas por detrás das cataratas, pegámos no carro e fomos a Niagara-On-The-Lake, uma cidade amorosa do Canadá, localizada à beira do Rio Niágara e do Lago Ontário. Tão querida, tão querida... gostámos tanto. Estava um frio de rachar e almoçámos num restaurante chamado The Cork que nos aqueceu a alma. Além de ser lindo, comemos uma deliciosa sopa de cebola que nos ajudou a descongelar.

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Aconselho vivamente. Foi um dia inesquecível. A seguir fomos para o aeroporto, devolver o carro, e apanhar o voo de regresso para NY.

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Nova Iorque: dia 3

Apanhámos o autocarro em Port Authority e fomos para o outlet Woodbury, a uma hora de distância de Manhattan.

Confesso que, apesar de gostar de compras, custa-me sempre gastar um dia de viagem nisso. Tanto assim é que esta é a terceira vez em Nova Iorque e a primeira em que fui a um dos outlets aconselhados. O Ricardo, então, só vai obrigado. Mas estava a precisar mesmo de comprar algumas coisas e, por isso, desta vez até foi ele quem incentivou a que fôssemos (daí o sentido de uma das fotos em baixo).

Gostei muito do facto deste outlet ser em casinhas, ao ar livre, e não um centro comercial fechado (acho que nesse caso teria tido mesmo muita renitência em ir). E sim, há oportunidades imperdíveis. Comprámos casacos, camisolas, carteiras, malas. Há coisas que estão com 60% de desconto e já têm preços de base mais baixos dos que os que se encontram por cá. E confesso que já me arrependi muito de não ter comprado mais umas coisas mas pronto. Também foi dinheiro que não se gastou.

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Passámos o dia nisto e voltámos ao final da tarde. Não nos podíamos esticar muito porque tínhamos outro espectáculo marcado para a Broadway, no The Ambassador Theatre: Chicago. Também gostámos muito, se bem que depois do The Phantom of The Opera fica difícil sentir a mesma emoção. De qualquer modo, super vibrante, divertido, hipnótico, e fiquei de queixo caído com a sensualidade e genica da Amra-Faye Wright. 57 anos e wow! 

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Nova Iorque: dia 2

Era domingo. Levantámo-nos e fomos logo em direcção ao Chelsea Market. Tãoooo giro! Como explicar o que é? É uma espécie de Mercado Time Out mas não está tudo no mesmo espaço. É como um centro comercial só que as lojinhas todas (ou quase) têm comida. Há extravagâncias tipo marisco feito ao momento, sushi num mega balcão, iguarias várias. Mas depois também há lojas de decoração e mercadinhos cheios de pequenos stands onde se vendem jóias, roupa, objectos vários. 

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A seguir, Brooklyn. Fomos ver um espectáculo de Natal ao Brooklyn Tabernacle. O grupo coral é composto por membros da igreja e são 285 vozes. Gravaram já vários vídeos, DVDs, álbuns e ganharam (creio) seis prémios Grammy. São considerados dos melhores corais do mundo. Começou logo por ser espectacular ver a comunidade toda reunida, vestidos a rigor para o espectáculo, num recinto gigante. As vozes são realmente incríveis e o espectáculo de Natal soberbo. 

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Depois, claro, atravessámos a ponte Brooklyn a pé - outro clássico.

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Fomos a pé de Brooklyn até Times Square. É só ver no mapa a brutalidade. Nem jantámos. Foi dormir directo, até porque o dia seguinte prometia mais estafanço.

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Uma das paredes da loja All Saints (todas cheias de máquinas de costura)

 

Nova Iorque: dia 1

Passear, passear, passear. Times Square, Bryant Park, NY Public Library, Grand Central Terminal, Chrysler Building, Empire State Building, Rockefeller Center, Central Park. Tudo bom de rever mas nota 10 para o Central Park, com neve. Foi a primeira vez que me senti a ficar mais leve, menos carregada de tristeza. 

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 Fresquinhoooooo

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 A fonte de Bryant Park com parte da água congelada

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NY Public Library 

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Grand Central Terminal 

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 Este querido esquilo até pousou os óculos para se dedicar a uma pipoca que alguém lhe atirou.

E o que eu adoro esquilos? 

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Só de olhar para estas imagens recordo a sensação que tive. De finalmente me sentir mais calma, a relaxar, a conseguir ter bons pensamentos, boas energias. Parámos num café, que soube pela vida, assim quentinho nas mãos e a aquecer-nos por dentro... foi perfeito.

Tínhamos jantar marcado para o TAO, para as 22h. Já tínhamos ido ao TAO de Uptown há 6 anos, e queríamos ir a este, em Downtown. Mas... decidimos ir descansar um bocadinho ao hotel antes. Eu adormeci. Grave erro. Quando o Ricardo me acordou eu parecia um monstro. Um mau feitio do cão (acho que estava mesmo no primeiríssimo sono, lá mesmo no fundo do poço). Quando lá chegámos, o restaurante era muito giro (muito giro mesmo e com um ambiente animadíssimo) mas muuuuuito barulhento. Agora, imagine-se uma criatura com mau feitio que, de cada vez que proferia uma frase, o parceiro perguntava "hã?" Ui. Depois, o empregado que nos atendeu estava com um humor pior do que o meu. Comemos medianamente e, no final, pagámos principescamente. Digamos que não foi uma noite proporcional ao dia. Mas foi, em sete dias, o único mau momento (tirando aqueles em que a tristeza apertava). Só não sei se volto ao TAO.

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Nova Iorque: a chegada

O dia da partida foi feito com um nó na garganta. Era o dia da festa de Natal do Mateus e o dia em que a Mada ia receber o prémio de excelência pelo seu desempenho no ano anterior. Sim, tudo marcado para o dia da nossa partida, sendo que nós tínhamos a viagem marcada desde Fevereiro (foi o meu presente de aniversário para o Ricardo). Ainda tentámos adiar a partida um dia mas pediam-nos uma pequena fortuna (mais de 600 euros) por isso paciência. Explicámos tudo muito bem e assegurámos que ambos teriam toda uma claque na assistência. E assim foi: duas avós, os irmãos todos, uma namorada, um avô, uma tia, dois primos. A Mada orgulhosíssima na cerimónia, a família naturalmente a babar, e de seguida zarparam todos juntos para assistirem à festa de Natal onde, ao contrário das nossas expectativas (ele costuma fechar-se em copas quando se mistura escola e família), o Mateus alinhou em tudo, cantou e dançou e acenou à família, todo contente. 

Nós, enquanto tudo isto acontecia, voávamos. Com o tal nó na garganta. Por estas duas razões mas sobretudo por outras. A morte recente de alguém que é insubstituível na minha vida, e a notícia fresca da doença de um grande amigo logo a seguir. Foi uma viagem quase arrancada a ferros. Nem um nem outro estávamos minimamente com espírito para viagens, para diversão. Mas ir foi - como já se previa - o melhor que fizemos.

Chegámos a Manhattan e nevava. Fomos só pousar as coisas no hotel (que ficava no cruzamento da 8ª com a 44) e descemos para Times Square, onde fofos flocos de neve pareciam dar-nos as boas-vindas. Épico.

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Chegar a Nova Iorque e nevar é assim uma espécie de duplo presente. Parecíamos dois saloios, embasbacados. E já é a nossa terceira vez naquela cidade mágica. Mas o espanto é sempre o mesmo. Pergunto-me, de resto, quantas vezes seria preciso passar na Times Square para passar a olhá-la com normalidade, com o desinteresse (ou, pelo menos, a ausência de deslumbramento) com que olhamos tantas vezes para aquilo que já faz parte de nós.

Apesar de estarmos estafados, tínhamos um musical logo marcado para o dia da chegada. Começava às 20h, ou seja, à uma da manhã no nosso fuso horário. Os meus olhos queriam fechar-se mas eu não deixei, até porque o espectáculo foi o mais incrível que já vi. The Phantom of The Opera. Um clássico que ainda nunca tinha visto. E garanto-vos que vale mesmo a pena. Absolutamente imperdível. Os cenários, o guarda-roupa, as canções, as vozes, as interpretações... maravilhoso. 

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