Mateus no seu melhor II
Se Freud fosse vivo e acaso conhecesse o Mateus ficaria satisfeitíssimo por assistir a um Complexo de Édipo tão bem acabado como o dele. O Mateus está absolutamente apaixonado pela mãe e tem pelo pai sentimentos ruins. Não o deixa aproximar-se, rosna-lhe amiúde, repele-o nas mais variadas circunstâncias. Tento contrariar o mais que posso mas a coisa está difícil. Não deixo de achar admirável a capacidade de encaixe que o pai tem porque se eu fosse tão rejeitada já tinha desistido de me chegar a ele, choramingando pelos cantos, sentindo semelhante desprezo como punhaladas no coração.
De todo o modo, os momentos de luta do pai por uma atenção podem proporcionar a quem assiste momentos de alguma hilaridade. Neste fim-de-semana, por exemplo, aconteceu duas vezes. Da primeira, no sábado, o pai lá estava, suplicante, à espera de um beijinho, de volta dele. Às tantas, farto daquilo, o miúdo disse:
- Aiiiiiiiii! Vai lá dar beijinhos a outros meninos!
Da segunda vez, no domingo, ele tinha acabado de acordar e veio a correr para o meu colo. Enroscado, querido, aos beijinhos. O pai a olhar. E às tantas perguntou:
- Então e não há um bom dia ao pai?
- Tu não és o pai. Tu és um mosquito!
😳