Ontem à meia-noite a Madalena tinha uma vasculite. Uma doença auto-imune. Basicamente - e que os médicos me perdoem as imprecisões científicas - o organismo dela, a tentar combater a infecção respiratória, perdeu um bocado as estribeiras e o controle e desatou a destruir-se a si próprio. Como consequência, havia sangramento dos vasos sanguíneos junto às articulações (daí os joelhos, cotovelos, pulsos, tornozelos e nós dos dedos inchados e vermelhos) mas também poderia estar a sangrar nos vasos dos intestinos e dos rins e, por isso, era importante estar atento aos rins, para prevenir possíveis lesões. Ficaria internada o tempo que fosse preciso, talvez uns 5 dias, a tomar corticóides por via intravenosa e, em princípio, tudo correria bem.
Hoje de manhã, ela acordou praticamente desinchada. Apenas um pé ainda inchado e algumas erupções cutâneas. Uma nova médica chegou e disse que não era vasculite. É um vírus, não se sabe qual, e aquela era uma reacção ao vírus. A médica quis que lhe tirassem o soro e os corticóides para ver como o corpo reagia, quis vê-la a andar. Ela coxeia porque ainda tem um pé todo marado mas está consideravelmente mais bem disposta. A médica disse que se continuar assim poderá ir para casa amanhã.
Eu? Estou confusa. Porque ontem o diagnóstico era um e hoje é outro. E no meio da confusão fico com medo de a levar para casa e, de repente, tê-la com uma coisa qualquer mais esquisita ainda. E também com medo de, daqui a bocado, virem dizer que é outra coisa qualquer ou a primeira de novo. Eu sei que há vírus marados e que nem sempre é fácil perceber o que se passa. Mas eu sou a mãe. E odeio ficar com estas dúvidas.
A vocês todos, dizer que o vosso carinho me enche as medidas e o coração.