Silêncio
Depois de "Manchester By The Sea", depois de "Eu, Daniel Blake", depois de "Lion, Um Longo Caminho Para Casa", ontem foi a vez de ir ver o "Silêncio", de Martin Scorsese. Um filme de uma beleza e de uma força e de uma dor incomensuráveis. E sim, ali há dor. Física e espiritual. Há tortura (não chinesa, mas japonesa) e há sofrimento e há morte, e é tudo filmado de forma crua e violenta. Mas, estranhamente, é belíssimo, poesia pura, fé no seu sentido mais profundo. Incompreensível, transcendente, fervoroso. A voz, do padre narrador, é pausada e quase sussurrada. E no meio da vegetação densa e permanentemente chuvosa e nublada do interior do Japão parece uma voz quase sobrenatural.
Dois padres portugueses vão ao Japão mais profundo para tentar perceber o que aconteceu a um terceiro padre, por se recusarem a acreditar nos boatos que sugerem que ele se converteu ao budismo e aos costumes locais. Quando lá chegam, testemunham a perseguição e os horrores de que são vítimas os cristãos e passam, eles próprios, pelo inferno (palavra muito apropriada).
Silêncio merece, sem dúvida, o Óscar para a Fotografia, mas parece-me manifestamente pouco em termos de nomeações. É, sem dúvida, um grande filme.