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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Se não formos nós, todos nós, o Camp Abilities este ano não acontece

Não sei se se lembram mas no ano passado fiz uma reportagem aqui no blogue sobre um campo de férias muito especial: o Camp Abilities. Se não tiveram oportunidade de ver... convido-vos mesmo a tirarem um bocadinho do vosso dia para lerem e para se emocionarem com aquilo que alguns seres humanos fazem pelos outros. Basicamente, trata-se de um campo de férias, cheio de actividades, para crianças/adolescentes cegas e para crianças/adolescentes que vêem. Sendo que - e isso é que faz toda a diferença - os meninos que vêem são os monitores dos que não vêem. Mas, no final, muitos dos monitores admitem que aprenderam muito mais do que ensinaram. Que achavam que os cegos tinham limitações impossíveis de vencer e que ficaram impressionados com a sua resiliência e força de vontade. Mais: os cegos experimentam fazer coisas que nunca na vida sonharam sequer fazer (surf, tiro com arco, capoeira, judo, boxe, mergulho, atletismo, skate, futebol, espectáculos de música, canto, dança, teatro...). E, no final, há quem engula em seco porque já acabou (todos) e os miúdos que vêem garantem que saem dali outras pessoas, e que aquela semana mudou as suas vidas. Isto dito assim é profundamente redutor, por isso é que gostava tanto que lessem a reportagem

 

Ora bem. Este ano, o Camp Abilities está em risco de não acontecer. A organização não é apoiada pelo Estado (apesar de fazer, quanto a mim, verdadeiro serviço público) e, sem apoios de qualquer espécie, não é possível fazer acontecer, por muito boa vontade que a Rita Costa e a sua equipa tenham (e têm). Todas as actividades que os miúdos fazem são feitas por empresas que se deslocam ao local onde o campo de férias se realiza e cobram pelos seus serviços. O próprio local onde tudo se passa cobra pela permanência destas crianças lá (onde dormem e comem e praticam as tais actividades), e o valor não é baixo. Além disto, existem os coordenadores, que são especialistas, e que têm naturalmente de ser pagos pelo seu trabalho - inventar programas, ajudar nas tarefas, orientar os miúdos, ajudar nas refeições, estar atento a quaisquer necessidades, etc., etc.

Foi por perceberem que pode não haver campo de férias este ano que lançaram um Crowdfunding. Só precisam de 5000 euros. Ok, parece muito, aos olhos de quem se governa com muito menos do que isso por mês. Mas esta é uma semana intensa para 44 crianças, 22 das quais não têm a mesma sorte que nós, a de podermos ver o mundo com os olhos. Elas vêem-no com outros sentidos, sem dúvida, mas nem sempre têm ao dispor tudo aquilo que experienciam naquela semana. E mesmo para as crianças e jovens que vêem... acreditem: aquela semana é transformadora. Saem de lá melhores pessoas, gente com o coração no lugar certo. E de grupo em grupo, todos os anos, acredito que o Camp Abilities está a contribuir para formar gerações melhores, menos umbiguistas, menos preconceituosas, mais abertas à inclusão.

Se puderem ajudar, nem que seja com 1 euro, eu agradeço-vos muito. 

Crowdfunding AQUI

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