Por que corro?
"Correr após um longo dia de trabalho é sem dúvida o momento alto do dia. Não necessita de marcação, de um local específico ou de um plano. Quando corro, gosto de parar e refletir cinco minutos, olhar em redor, desfrutar do meio que envolve a corrida. Recorda-me todos os dias porque corro e porque o adoro fazer”, revela o enfermeiro Renato Baião na Rota da Saúde, dos Hospitais Lusíadas.
Eu, que já entrevistei o Renato Baião, acrescentaria apenas a parte espiritural que, por vezes, é despertada em mim no meio de uma corrida. Já dei por mim a chorar a meio de um treino sem razão aparente, já agradeci (nem sei a quem) pela vida que tenho, já parei para encher os pulmões do ar fresco da manhã, já pedi (também não sei a quem) para que tudo corresse bem quando estava a correr mal.
Há muita gente a tecer comentários de escárnio sobre aquilo a que chamam "a moda das corridas". Acham que é tudo uma parvoíce, que o fazemos porque agora se faz, sem compreenderem todo este bruá à volta da coisa. Eu percebo. Acho que se não estivesse metida nisto era bem capaz de pensar o mesmo. Mas a verdade é que, quando nos apaixonamos pela corrida, há um mix de coisas boas que vêm com ela: emagrecer e/ou tonificar, ganhar energia e boa disposição, aliviar o stress, sentir que nos superamos, que conseguimos o que nunca supusemos conseguir, e que queremos mais porque, às tantas, podemos mais.
Nos EUA, quem tem a maratona no seu currículo acrescenta uns pontos em qualquer candidatura de emprego. Porquê? Porque para se correr uma maratona é preciso muitas coisas: compromisso, treino, força de vontade, perseverança, espírito de sacrifício (acordar às 6h da manhã para ir correr ou correr às 23h, que é quando há disponibilidade de agenda no meio de todas as outras coisas).
De qualquer modo, longe de mim querer evangelizar. Nem toda a gente tem de gostar de correr, há quem odeie e não há mal nenhum nisso. Só não me digam que corro porque está na moda. Catano. Aquelas calças largas pela canela também estão na moda e dificilmente me verão com umas. Ou coletes de pelo de bichos verdadeiros. Não. Eu não corro porque está na moda. Corro porque me faz feliz (e, a propósito, vou ter de recomeçar os treinos à bruta porque a Maratona de Barcelona é já em Março!)