Pelos cabelos
Na quarta-feira foi mágico. O cabeleireiro parisiense Sam esteve em Lisboa, mais concretamente no Palácio Foz, para cortar o cabelo a algumas amigas da Anabela Mota Ribeiro, entre elas eu (a maior amiga de todas, peço desculpa às outras, mas é assim mesmo). A ideia, além de dar tesouradas aos cabelos do gajedo, era fazer um filme, realizado pela excelente Rita Nunes. Estavam dois operadores de câmara, um técnico de som, uma maquilhadora, uma produtora, a própria Anabela, encarregue de perguntar às meninas, antes da aventura, então que tal, o que vais fazer, como é a tua relação com o cabelo, e depois do corte, então e agora, que tal te sentes, como foi?
Foi uma experiência única. Uma sala a fazer lembrar Versailles, uma cadeira no meio, o Sam a cortar. Tudo sem um único espelho. Só uma câmara e um microfone comprido apontados na minha direcção. E a porta fechada e a Anabela do outro lado. Ao fim de uma hora e meia, comecei a ficar ansiosa. Cabelos compridos no chão, eu a tactear a minha cabeça, ele numa obstinação perfeccionista sem fim. Eu a morder o lábio, ele felicíssimo com o resultado, a dizer que eu tinha cara de bebé, que era "la jolie Sónia", que lhe fazia lembrar a Bjork, exageros de artista deslumbrado com a obra.
Por fim, saí da sala e foi como aqueles programas em que gajas horríveis se transformam em princesas. Tudo aos gritos, que eu estava linda, maravilhosa, que era outra pessoa. A Anabela a entrevistar-me outra vez, eu outra, a contar tudo, a tocar no cabelo, a descomprimir.
Uma experiência de filme que vai ser mesmo um filme. Obrigada minha mana (já sei que a minha mana verdadeira vai ficar roída de ciúmes por chamar mana à outra. Podes parar já com isso, mana-de-verdade, que se há nesta vida quem te ame sou eu, ok? Pronto.).
Foi uma experiência única. Uma sala a fazer lembrar Versailles, uma cadeira no meio, o Sam a cortar. Tudo sem um único espelho. Só uma câmara e um microfone comprido apontados na minha direcção. E a porta fechada e a Anabela do outro lado. Ao fim de uma hora e meia, comecei a ficar ansiosa. Cabelos compridos no chão, eu a tactear a minha cabeça, ele numa obstinação perfeccionista sem fim. Eu a morder o lábio, ele felicíssimo com o resultado, a dizer que eu tinha cara de bebé, que era "la jolie Sónia", que lhe fazia lembrar a Bjork, exageros de artista deslumbrado com a obra.
Por fim, saí da sala e foi como aqueles programas em que gajas horríveis se transformam em princesas. Tudo aos gritos, que eu estava linda, maravilhosa, que era outra pessoa. A Anabela a entrevistar-me outra vez, eu outra, a contar tudo, a tocar no cabelo, a descomprimir.
Uma experiência de filme que vai ser mesmo um filme. Obrigada minha mana (já sei que a minha mana verdadeira vai ficar roída de ciúmes por chamar mana à outra. Podes parar já com isso, mana-de-verdade, que se há nesta vida quem te ame sou eu, ok? Pronto.).