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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

O pai do Manel

Há tempos, um amigo historiador e genealogista ofereceu-nos um estudo genealógico da nossa família. Na altura falei disso, se não aqui, no Instagram, e de como foi tão bom conhecer melhor quem foram e o que fizeram os nossos antepassados. Às vezes as pessoas acham que só quem tem famílias cheias de brasões e sangue azul e/ou grandes feitos consegue saber mais sobre a sua história (porque só esses teriam deixado "lastro" suficiente para alguém investigar) mas é um erro. Todos nós nascemos e fomos registados (pelo menos a partir de determinada altura), e mesmo antes dos registos há formas de investigar (não sei como, não perguntem, estou a atirar-me para fora de pé, mas sei que o Lourenço Correia de Matos consegue encontrar uma agulha num palheiro, que aquilo é bicho perseverante e procurador). 

Ora, nesse estudo, são anexados os assentos de nascimento, casamento, baptizados, e afins, e foi então que constatámos que, no assento de nascimento do nosso filho Manel, havia algo de muito curioso: o pai do Manel não é o Ricardo. É uma informação dramática, eu sei, mas têm de ser fortes. O pai do Manel é, na verdade, ele próprio. Não me perguntem como conseguiu ele esta proeza, mas conseguiu. De resto, quando o informei, olhou-me com a sua costumeira sobranceria e limitou-se a dizer qualquer coisa como:

- Não me surpreende. Sou pai de mim próprio, responsável por mim desde a origem. 🙄

Bom, além disso, acresce que, neste assento de nascimento tão bem redigido, eu sou sua mãe mas também sua avó paterna. E o Ricardo é, então, seu avô paterno. 

Na altura em que ele nasceu, bêbados de amor e (eu) de hormonas, não conferimos o assento com olhos de ver (como agora se vê). Felizmente, no Cartão de Cidadão está tudo certo. Mas agora estamos a tentar alterar isto na Conservatória e, meus amigos, não é fácil. Como agora tudo tem de ser marcado, temos andado a ser passados de departamento em departamento, às meias-horas de chamadas de cada vez, a escutar aquela musiquinha irritante que estes serviços usam todos (até podia ser a 5ª Sinfonia de Beethoven, não há como não achar qualquer música irritante quando a tocam num excerto perpetuamente repetido enquanto esperamos - debalde - que alguém nos atenda), para no fim acabarmos com a chamada desligada do lado de lá, ou interrompida do lado de cá porque, vá, temos mais que fazer.

De maneiras que é isto. Talvez o Manel venha a ter um outro pai que não ele próprio, no assento de nascimento, talvez eu deixe de ser uma avó tão prematura. É ter fé. Paciência e fé.

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