Nova Iorque: dia 4
Quando fiz anos, no mês passado, o Ricardo ofereceu-me uma viagem para irmos ver as cataratas do Niagara. E assim foi. Na terça-feira, acordámos às 5h da manhã e fomos para o JFK apanhar o voo para Buffalo. Chegámos lá por volta das 10h da manhã. Alugámos um carro no aeroporto e lá fomos a caminho das cataratas. Temi o pior. Pensei que íamos passar o tempo todo perdidos, até porque queríamos passar para o lado do Canadá, e o Ricardo tende para alguma desorientação rodoviária. Mas afinal foi tudo certinho. Passámos a fronteira e chegámos ao sítio onde se vê melhor sem enganos. E... que espectáculo! Gostei tanto. Tão assustador e impressionante ao mesmo tempo. Impossível olhar sem sentir um calafrio "na espinha".
Há uma série de coisas que se podem fazer por ali (todas a pagar e a peso de ouro) e outras tantas que não é possível fazer nesta altura do ano (por exemplo, andar de barco lá perto), mas nós decidimos fazer só o Behind the Falls, que é um conjunto de túneis construídos há 130 anos que ficam mesmo por detrás das cataratas. É preciso descer 38 metros, num elevador, e depois os túneis mostram a história das cataratas e alguns desembocam em janelas que permitem ver a água mesmo a despencar à nossa frente. Diria que não é próprio para claustrofóbicos mas o Ricardo sofre um bocado em espaços fechados e não se sentiu mal, por isso talvez seja só ruim para claustrofóbicos em último grau.
Adorei tudo. Adorei as histórias afixadas nos túneis, sobretudo a de Annie Edson Taylor, uma professora viúva que foi a primeira pessoa a conseguir atravessar as cataratas... dentro de um barril. Fiquei fascinada com a personagem. Ainda por cima, decidiu fazê-lo no dia em que fez 63 anos. Antes de se aventurar, enviou o gato na mesma pipa, só para testar a aventura. Todos achavam que o gato não ia sobreviver mas o bicho safou-se. E então, no dia em que fez 63 anos (24 de Outubro de 1901), Annie enfiou-se no barril com a sua almofada em forma de coração e seguiu pela corrente até cair nas cataratas. A viagem durou 20 minutos. Quando os socorristas chegaram, encontraram-na viva e com ferimentos ligeiros. No final, Annie disse aos jornalistas qualquer coisa como isto: "Desaconselho qualquer pessoa a repetir o feito. Mais depressa me metia na boca de um canhão, sabendo que me ia desfazer em pedaços, do que repetir esta viagem pelas cataratas." Uma experiência gostosa, portanto. 😬 Mas adoraria tê-la entrevistado, mulher do caraças!
Depois da visita às grutas por detrás das cataratas, pegámos no carro e fomos a Niagara-On-The-Lake, uma cidade amorosa do Canadá, localizada à beira do Rio Niágara e do Lago Ontário. Tão querida, tão querida... gostámos tanto. Estava um frio de rachar e almoçámos num restaurante chamado The Cork que nos aqueceu a alma. Além de ser lindo, comemos uma deliciosa sopa de cebola que nos ajudou a descongelar.
Aconselho vivamente. Foi um dia inesquecível. A seguir fomos para o aeroporto, devolver o carro, e apanhar o voo de regresso para NY.