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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Não sei

Não sei se é da proximidade dos 40, se é de ser Outubro. A verdade é que não me dou bem com as mudanças de Estação, sobretudo se for de uma solarenga para uma chuvosa. De maneira que não sei. Não sei se é de ter o filho mais velho pela primeira vez fora da sua zona de conforto, e de sentir as suas dores de crescimento tão fundas dentro do meu próprio corpo, na minha carne e na minha alma, não sei se é disso também, ou só disso apenas. Não sei. Não sei se é deste ano, tão rico e tão brutal, em que tem acontecido tanta coisa, umas tão boas, outras más, outras tão más que viraram boas, acontecimentos desses que nos marcam para sempre e que vão fazer com que digamos, daqui a uma década, ah, sim, lembro-me perfeitamente, foi em 2013 que. Não sei se é disso. Ou de estar a passar apenas por uma crise qualquer de meia idade, sim, talvez seja. Ou então na segunda-feira já me passou tudo e era mesmo só daquela altura do mês. Também pode ser apenas da altura do mês. Não sei se estou farta da minha profissão, se quero fazer outra coisa qualquer (mas o quê?), e a verdade é que para a semana posso estar a fazer um trabalho muito estimulante e achar que todas as anteriores dúvidas não passavam de volatilidades de quem parece querer sempre outra coisa qualquer, numa busca incessante por sabe-se lá o quê. Não sei se é de olhar para o meu filho grande e perceber-lhe o corpo diferente, ver borbulhas na testa, reparar no tamanho absurdo dos pés, e sentir um aperto na garganta por me lembrar, como se tivesse sido há bocado, de como ele era pequenino e querido, a caminhar de perna aberta por estar ainda a ensaiar os primeiros passos. Às vezes não percebo como foi que isto aconteceu, como é que ainda agora era um bebé e está-me nestes preparos, grande, bruto e opininativo, um homem estranho que vive cá em casa. Não sei. Não sei se é porque a vida corre assim, estupidamente veloz, e eu gostava que abrandasse um bocadinho, assim só para poder apreciar, ao invés de andar a correr com ela, entre pequenos-almoços preparados em dois minutos e não tarda já é hora de jantar outra vez. Talvez precise, tão-só, de tempo para usufruir, degustar. Tempo para me despedir do que já foi, tão depressa que foi que nem tempo houve para um adeus. E eu preciso dos adeus para poder seguir em frente.
Não sei se é disto, daquilo, ou de tudo junto.
Mas ando assim.
Assim a modos que.
A suspirar pelos cantos.
Sem razão aparente.
Provavelmente sem razão alguma.
E a desejar que, seja lá o que for, passe depressa.

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