Mulher-bomba arrependida
No outro dia Henrique Cymerman entrevistou, na SIC, uma mulher-bomba que foi apanhada antes de se fazer explodir e matar uma data de gente. O Manel vê aquela mulher de lenço na cabeça, a falar uma língua imperceptível, e pergunta:
- O que é que a senhora está a dizer?
Eu e o pai ficamos um bocadito à rasca. Gosto sempre muito de o informar, de lhe ir dando noções do mundo, nunca invento macacadas idiotas, nunca disse "Olha que vem lá o bicho-papão" nem "Ou comes a chicha ou vem lá o polícia" e outras palermices do género. Mas desta vez fiquei aflita. Devia dizer: Olha, Manel, esta senhora está a contar que ia disfarçar-se de grávida e levar uma série de explosivos enrolados no corpo para se rebentar junto ao maior número de pessoas, matando toda a gente? Um bocadito puxado. Fiquei calada uns segundos. O pai, felizmente, tomou a iniciativa:
- Esta senhora está a contar que houve uma altura na vida dela em que acreditava que matar pessoas era bom. Depois percebeu que era mau. Reconheceu que se tinha enganado. E hoje não faz mal a uma mosca.
Pareceu-me bem. O Manel ficou com aquela cara de quem estuda o assunto, de quem processa a informação. Achei cedo falar-lhe de Israel e da Palestina. Mas, a avaliar pelo número de vezes que segue o Jornal da Noite, qualquer dia vamos ter de adaptar o discurso para explicar mais essa.
P.S: Gostei da parte em que Cymerman lhe perguntou o que esperava encontrar depois de morrer. Pertinente. 70 virgens? A resposta foi surpreendente: Esperava ser uma das 70 virgens e poder servir o profeta. Sim senhor. Não querendo simplificar o assunto, parece-me que em ambos os casos, sejam os suicidas homens ou mulheres, o que lhes falta realmente é uma vida sexual satisfatória. Mas sobre isto só poderei falar mais tarde com o Manel
- O que é que a senhora está a dizer?
Eu e o pai ficamos um bocadito à rasca. Gosto sempre muito de o informar, de lhe ir dando noções do mundo, nunca invento macacadas idiotas, nunca disse "Olha que vem lá o bicho-papão" nem "Ou comes a chicha ou vem lá o polícia" e outras palermices do género. Mas desta vez fiquei aflita. Devia dizer: Olha, Manel, esta senhora está a contar que ia disfarçar-se de grávida e levar uma série de explosivos enrolados no corpo para se rebentar junto ao maior número de pessoas, matando toda a gente? Um bocadito puxado. Fiquei calada uns segundos. O pai, felizmente, tomou a iniciativa:
- Esta senhora está a contar que houve uma altura na vida dela em que acreditava que matar pessoas era bom. Depois percebeu que era mau. Reconheceu que se tinha enganado. E hoje não faz mal a uma mosca.
Pareceu-me bem. O Manel ficou com aquela cara de quem estuda o assunto, de quem processa a informação. Achei cedo falar-lhe de Israel e da Palestina. Mas, a avaliar pelo número de vezes que segue o Jornal da Noite, qualquer dia vamos ter de adaptar o discurso para explicar mais essa.
P.S: Gostei da parte em que Cymerman lhe perguntou o que esperava encontrar depois de morrer. Pertinente. 70 virgens? A resposta foi surpreendente: Esperava ser uma das 70 virgens e poder servir o profeta. Sim senhor. Não querendo simplificar o assunto, parece-me que em ambos os casos, sejam os suicidas homens ou mulheres, o que lhes falta realmente é uma vida sexual satisfatória. Mas sobre isto só poderei falar mais tarde com o Manel

sonia.morais.santos@gmail.com