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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Malditas enxaquecas

Calhou que na distribuição genética tenha puxado mais ao pai em quase tudo, mas também... à madrasta. Brincadeira, bem sei que não posso sacar genética da madrasta (é melhor esclarecer isto, com a fama que as bloggers têm ainda supunham que eu acreditava verdadeiramente nesta possibilidade), mas gosto de o dizer porque, de facto, nem mãe nem pai, nem avós, a verdade é que parece não haver registo familiar de enxaquecas. A única pessoa que conheci que sofria horrores desse mal era, efectivamente, a minha madrasta. Recordo dias e dias dela deitada na cama, sem poder ouvir um alfinete cair ao chão, toda envolta em penumbra, com um lenço amarrado à testa, tão amarrado que quando o tirava tinha impressas na pele e na carne as marcas da pressão do tecido. Lembro-me de lhe fazer massagens, lembro-me como ia a correr para a casa de banho vomitar, e como isto acontecia ora sem explicação ora por culpa de um queijo, de um vinho, de um excesso qualquer, quase como um castigo certeiro para uma culpa assumida.

Nunca tive dores de cabeça até há uns anos. Não consigo recordar se coincidiu com alguma coisa má ou especialmente stressante na minha vida (deve ter coincidido), mas lembro-me de ir a um neurologista porque - claro - achei que tinha um tumor. Fiz ressonância ou TAC, não me lembro, e não. Não tinha. Na altura o médico falou em enxaquecas, receitou-me o Maxalt, que era eficaz mas proporcionava uma moca deveras atroz, começava por sentir um frio nas omoplatas que se espalhava para a zona das meninges e depois toda eu ficava geladinha e dormente mas sem dor.

Entretanto a coisa passou e... há 3 anos as malditas dores de cabeça voltaram. Voltei a acreditar que poderia ser um tumor e acabei num médico de Medicina Interna que olhou para mim, conversou um bocado, e perante a história que lhe contei (tinha acabado de morrer um grande amigo e outro tinha acabado de ser diagnosticado com a mesmíssima doença do primeiro), progonosticou: "Isso são dores de cabeça de tensão, quase de certeza. Mas, vá, vamos descartar o tumor." Descartámos. E a verdade é que as minhas dores apanham os ombros, o pescoço, a zona das omoplatas e é um sofrimento do catano que se intensifica sempre que alguém próximo adoece ou morre ou o c... 

Hoje é o quarto dia. Os dois primeiros dias foram beras, comigo a engolir o Zilpen, que é o meu salvador (nada mais que Tramadol, pumba!), sem dó nem piedade. Hoje sinto que a maldita está cá, sinto-a ainda que não tenha dor. Não é fácil explicar mas sinto que não estou inteiramente eu, há aqui uma latência nos ombros, no pescoço e na tola, que é como se a bandida dissesse "Não penses que me fui, estou aquiiiiiii". 

Hoje há Clube de Leitura e não vou poder beber vinho a acompanhar as leituras, o que é uma tristeza. Felizmente não é tumor, é nisso que penso sempre que amarro o cinto do robe à cabeça. Nisso e em como é esquisito sair à madrasta.

 

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