Hoje
Hoje era o dia em que acabava a minha licença de maternidade.
Hoje era o dia em que voltava ao trabalho, à Time Out, para o meu posto de editora executiva.
Hoje devia estar com o estômago embrulhado, pelo regresso à rotina fora de casa, a oito, dez, doze horas longe de casa e dos meus filhos.
Hoje estaria com má cara, com maus fígados, com muita vontade de chorar por me afastar o dia inteiro da minha Madalena, tão bebé.
Mas...
Há dois meses fui conversar com os meus chefes e expliquei que queria mudar de vida. Que queria ser freelancer. Poder gerir o meu tempo, poder acumular trabalhos para vários sítios, poder ficar na minha casa a escrever, sair para fazer entrevistas e reportagens e depois regressar a casa.
O telefonema que ajudou a mudar a minha vida aconteceu há dois meses e tal, e foi quando o director de programas da Antena 1, Rui Pêgo, me ligou a dizer que um dos cinco programas de rádio que lhe propus ia mesmo para a frente. Foi esse telefonema que me ajudou a tomar a decisão de ser freelancer. A melhor decisão da minha vida.
Isto ainda pode tudo correr mal mas, até ver, está a correr maravilhosamente. Tenho encomendas de trabalho até mais não, proponho muita coisa e tenho tido bom feedback, e estou na minha casinha. Sempre que a Madalena está mais chata, a minha mãe vem buscá-la ou eu levo-a lá, que ela mora mesmo no prédio em frente. Tenho podido ir todas as semanas almoçar com os meus rapazes, uma semana um, outra semana outro, para lhes dar espaço enquanto indivíduos. Tenho-os ido buscar às 18.00 ou 18.30, e depois dedico-lhes tempo, coisa que há muito não acontecia.
Estar fechada tantas horas num sítio começava a ser-me difícil, doloroso. Sempre fui bicho com pouco pousio nas redacções, a minha matéria-prima está na rua, não dentro de uma assoalhada com jornalistas, telefones e computadores. Falta-me o ar.
Gosto muito da Time Out, vou continuar a ser colaboradora e a assinar a revista, deixei lá algumas pessoas de quem gosto muito. Mas, até ver (reparem que sou cautelosa e deixo sempre aberta a possibilidade de tudo correr mal) foi a melhor decisão da minha vida.
Anabela, minha querida: tinhas tanta, tanta razão. Obrigada pela insistência. Obrigada por não teres desistido de me convencer.
É tão raro dizer-se isto que até faz confusão. E dá medo (parece que quando estamos bem e o dizemos aos sete ventos, vem um raio e leva-nos tudo). Mas eu estou muito, mas mesmo muito feliz.
Hoje era o dia em que voltava ao trabalho, à Time Out, para o meu posto de editora executiva.
Hoje devia estar com o estômago embrulhado, pelo regresso à rotina fora de casa, a oito, dez, doze horas longe de casa e dos meus filhos.
Hoje estaria com má cara, com maus fígados, com muita vontade de chorar por me afastar o dia inteiro da minha Madalena, tão bebé.
Mas...
Há dois meses fui conversar com os meus chefes e expliquei que queria mudar de vida. Que queria ser freelancer. Poder gerir o meu tempo, poder acumular trabalhos para vários sítios, poder ficar na minha casa a escrever, sair para fazer entrevistas e reportagens e depois regressar a casa.
O telefonema que ajudou a mudar a minha vida aconteceu há dois meses e tal, e foi quando o director de programas da Antena 1, Rui Pêgo, me ligou a dizer que um dos cinco programas de rádio que lhe propus ia mesmo para a frente. Foi esse telefonema que me ajudou a tomar a decisão de ser freelancer. A melhor decisão da minha vida.
Isto ainda pode tudo correr mal mas, até ver, está a correr maravilhosamente. Tenho encomendas de trabalho até mais não, proponho muita coisa e tenho tido bom feedback, e estou na minha casinha. Sempre que a Madalena está mais chata, a minha mãe vem buscá-la ou eu levo-a lá, que ela mora mesmo no prédio em frente. Tenho podido ir todas as semanas almoçar com os meus rapazes, uma semana um, outra semana outro, para lhes dar espaço enquanto indivíduos. Tenho-os ido buscar às 18.00 ou 18.30, e depois dedico-lhes tempo, coisa que há muito não acontecia.
Estar fechada tantas horas num sítio começava a ser-me difícil, doloroso. Sempre fui bicho com pouco pousio nas redacções, a minha matéria-prima está na rua, não dentro de uma assoalhada com jornalistas, telefones e computadores. Falta-me o ar.
Gosto muito da Time Out, vou continuar a ser colaboradora e a assinar a revista, deixei lá algumas pessoas de quem gosto muito. Mas, até ver (reparem que sou cautelosa e deixo sempre aberta a possibilidade de tudo correr mal) foi a melhor decisão da minha vida.
Anabela, minha querida: tinhas tanta, tanta razão. Obrigada pela insistência. Obrigada por não teres desistido de me convencer.
É tão raro dizer-se isto que até faz confusão. E dá medo (parece que quando estamos bem e o dizemos aos sete ventos, vem um raio e leva-nos tudo). Mas eu estou muito, mas mesmo muito feliz.