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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Habemus óculos

Foi difícil.
Ele experimentou dezenas.
Pretos.
Castanhos.
Azuis. Claros e escuros.
Encarnados.
Com laivos de verde.
Com aros de massa.
Com aros em metal.
Sem aros, só as lentes.
Baratinhos.
Mais caros.
Caríssimos.
Por muito tempo só ouvi:
«Não gosto».
«Totó».
«Ridículo».
«Marrão».
«Parvinho».
«Detesto».
«Não».
«Próximo».
Até que, às tantas - já eu começava a rogar (ainda mais) pragas às dioptrias - gostou de uns.
E depois gostou de outros.
Ambos caros.
«Ó mãe, são tão caros...»
Paciência. São para ver. Escolhe.
E ficou ali, põe uns, tira, põe outros, tira, põe-tira-põe-tira-põe-tira.
E acabou por se decidir.
Eu também gostei dos dois de que ele gostou.
Trouxe uns azuis e que, por dentro, têm encarnado e branco (são de uma marca que tem essas cores como assinatura).
Já estávamos a pagar quando a mensagem para o pai, com a fotografia com os óculos escolhidos, seguiu.
Resposta do pai: «Detesto».
Mostrei-lhe. Encolheu os ombros: «Paciência. Eu gosto.»
E eu gosto que ele seja assim: decidido e inabalável.
A verdade é que eu acho que a fotografia não o favorecia. Fica melhor ao vivo.
E também é verdade que eu avisei o pai que seria melhor vir connosco.
Agora... deitar e pôr ao fumeiro.
Está escolhido.
O meu menino vai ter óculos.
E, não vindo daí mal nenhum (que eu também sou uma pequena toupeira), fico cheia de pena dele.

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