Eu, chorona, me confesso
Sou a pessoa mais emocional que conheço. Emocional é se quisermos ser meigos. Se quisermos dizer a coisa à bruta, e talvez com verdade, podemos avançar com "maricas", "piegas", "dramática" e até "ridícula" que eu conheço. Com a idade, estou a ficar cada vez pior. Tudo me comove, tudo me faz ficar de lagriminha no olho, tudo. Mas a idade, reforço, só piorou. Lembro-me de ser criança e de chorar nas despedidas dos carros, quando a minha mãe os vendia para comprar outros. Lembro-me de lhes pedir desculpa e de chorar a sério, por sentir que devia ser tão duro ser substituído. Poder-se-ia pensar que esta sensibilidade infantil, esta tendência para personificar, dando vida e sentimentos a objectos, iria passar com o crescimento. Pois. Só que não. Quando perdemos o Kikonico do Mateus, no Brasil, chorei como se, de algum modo, tivéssemos deixado um de nós para trás. Continuo a chorar quando trocamos de carro. E hoje, quando a máquina de lavar velha e falecida saiu pela porta, levada pelos homens que vieram instalar a nova, só não chorei porque o pudor ainda vai levando a melhor. Brinquedos dos meus filhos, então, é um vê-se te avias. Lembro-me do dia em que me desfiz de um urso gigante que uns amigos levaram à maternidade quando o Manel nasceu. Meus amigos... deixei-o num cesto para entregar a outras crianças, saí, voltei atrás e foi preciso a minha irmã perguntar se queria que o fosse lá resgatar para eu cair em mim e seguir em frente. Sou ou não um caso perdido?
E anúncios? Bons anúncios? Anúncios de Natal, daqueles que deixam as pessoas maravilhadas e a mim podem deixar a chorar um rio. A Vodafone faz-me sempre esta gracinha. Mas este ano superou-se. Chorei tanto, tanto que o meu filho mais velho pensou que tinha recebido (mais) alguma má notícia. É só absolutamente maravilhoso. Não ganho um chavo com isto, não sou cliente Vodafone, por isso podem ver à vontade sem achar que estou a tentar influenciar-vos ao que quer que seja.