É assim a vidinha, Mateus
Nestas férias, o Mateus aprendeu muito.
Aprendeu que as férias são uma coisa boa (para lá de boa, diria), que lhe oferece o pai, a mãe e os irmãos, sem interrupções ou limitações de qualquer espécie.
Apaixonou-se pelo comboio para a Praia do Barril, que baptizou de Béu.
Mas também vibrou com a Praia Verde, cujo passadiço de madeira quis sempre fazer a pé, ao seu ritmo beeeeeem vagaroso, empancando todo o trânsito normal de veraneantes (e assim aprendeu que não há cá stress nas férias).
Adorou dar mergulhos no mar. Para ele, o mar não é mar. É sempre "picina". Mesmo quando tem ondas grandes.
Andou de colo em colo, aprendendo assim o valor inestimável da amizade.
Provou petiscos novos e saborosos e disse muitas vezes a palavra "quenqui" (quente).
Compreendeu o valor de uma Bola de Berlim.
Correu, saltou e adormeceu ao som das ondas, conversas, gritos, gargalhadas e do cantar do vendedor da bolacha americana.
O Mateus está confuso. Não percebe por que raio acabou o que era tão bom. Por que raio a mãe voltou para o computador (ainda que, esta semana, só de vez em quando), por que diabo o pai desapareceu dos seus dias, para só regressar à noite, e por alma de quem é que não está a brincar na areia. De vez em quando vamos dar com ele a falar sozinho e, entre a algaraviada que é o seu linguajar, percebemos claramente as palavras praia, béu, piscina.
O Mateus não tem dois anos mas já percebeu a gigantesca diferença entre os dias livres e os outros.