Dois mundos que não se cruzam
Ontem, Dia do Pai, o pai foi convidado a ir à escola do Mateus.
O Mateus, ao vê-lo chegar, correu para o seu colo. E ali ficou, abraçadinho, provavelmente sem conseguir acreditar que era ele que estava a ir buscá-lo à escola, tão cedo, tão bom.
Só que... a seguir era suposto cantar e desenhar e fazer um lanche.
O Mateus não gostou. "Caja". "Vamos pa caja".
"Não... espera... vamos ficar aqui um bocadinho", dizia o pai.
O Mateus fechou a cara, carregou o sobrolho.
E não cantou, não respondeu a perguntas, não interagiu mais.
Já não é a primeira vez que isto acontece. O Mateus adora a escola e adora a casa. Misturar as duas coisas é que não. Ter a mãe ou o pai misturados com as educadoras e com os amiguinhos? Nah! Mas que salganhada vem a ser esta? Que promiscuidade vem a ser esta?
Para ele há uma linha que separa dois mundos distintos. Dois mundos que não se cruzam. E quando se cruzam, o miúdo entra em curto circuito.