Delhi: último dia
No último dia fomos conhecer a Jama Masjid, a maior mesquita da Índia, situada em Old Delhi. No seu pátio cabem 25 mil devotos. Foi outra das construções extravagantes do imperador Mogol Shah Jahan (o mesmo que mandou construir o Taj Mahal ou o Forte Vermelho). Esta mesquita tem 4 torre e 2 minaretes com 40 metros de altura. Para entrar, tivemos de nos descalçar (passei esta viagem a tirar os sapatos e, em alguns casos, também as meias) e eu, por ser mulher, tive de vestir uma espécie de robe largueirão.
Visão que se tem da mesquita, para Old Delhi
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As ruas de Old Delhi têm intrincadas teias de cabos eléctricos - é como se cada prédio tivesse o seu próprio polvo gigantesco na fachada.
Seguiu-se a visita ao templo hindu Birla Mandir. Carregadinho de deuses hindus, a quem os devotos levam oferendas.
Ridículaaaa
Quando me preparava para fotografar o homem com a mesquita por detrás apareceu, como que por magia, uma menina que se pôs ao lado dele. E ali ficou, com o sorriso paralisado para a foto. Percebi imediatamente que ela ia pedir dinheiro pela foto mas não lhe resisti.
Se New Delhi tem prédios altos, centros de escritório, mulheres de calças ou saias curtas, avenidas largas e imensos jardins… Old Delhi volta a parecer-se com Jaipur ou Agra - uma espécie de Idade Média com carros e motas. Paupérrima, caótica, suja. Mas magnética e delirante.
Joalheiros VIP IN (nunca a palavra VIP teve um significado tão… diferente, vá)
Uma banca de comida colada a… um urinol. Mas atenção! Não é um urinol qualquer!
É um urinol "waterless & odourless". Ah! Assim está bem.
De Old Delhi fomos ver o monumento a Mahatma Gandhi, a Porta da Índia e o palácio do Presidente.
Depois… fomos a dois templos. Um deles, Gurdwara Bangla Sahib, é o principal templo sikh de Delhi. Tem uma cúpula dourada e começou por ser um palácio, conhecido como Jaisinghpura, que era propriedade do marajá Jai Singh (séc. XVII). Nesse século, houve uma grande epidemia de cólera na cidade e o gurú Har Krishan ajudou os doentes, oferecendo ajuda e água fresca do lago da casa. A água desse lago é hoje considerada curativa e sagrada. Siks de todo o mundo vêm de todo o mundo para beberem e se molharem com esta água e até para a levarem para casa. O Gurdwara converteu-se num centro de peregrinação, não só para os sikhs como também para os hindus.
Para não variar, tivemos de nos descalçar. Meias incluídas. E tivemos que pôr um lenço cor de laranja na cabeça.
Bom… eu que até acho que sou descontraída e pouco enojadinha, tenho de confessar que foi um pequeno tormento ir até ao interior do templo descalça. Havia centenas de pessoas, todas descalças, e tínhamos de passar por um pequeno lava-pés aí com um dedo de uma água… turva. Se me tivessem filmado, estaria com uma careta de horror. Fui em bicos de pés e arrepios na espinha.
Lá dentro, um sikh estava a fazer a oração. Todos de sentados nos tapetes, alguns completamente deitados e com a cara no chão, e o homem naquela ladainha que mais parecia uma zanga. O Ricardo, sentado ao meu lado, só disse "queres que te faça tradução simultânea?" e eu arregalei-lhe os olhos, respondi um categórico "não" e tive mesmo de me controlar para não rir - a graça destas "traduções simultâneas" que ele faz é encontrar palavras em português com terminações parecidas à língua original. A ladainha do homem - disse-nos o nosso guia - pode durar horas. Quando ele para, vem logo outro substituí-lo e assim ficam, todo um dia se for preciso.
No interior do templo não se podia fotografar mas ninguém disse nada sobre gravar a oração. Eis um pedacinho.
Seguiu-se a visita ao templo hindu Birla Mandir. Carregadinho de deuses hindus, a quem os devotos levam oferendas.