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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Das heranças que não gostávamos de lhes deixar

No último jogo do Sporting, a Mada foi com o pai ao estádio. A certa altura, olhou para o ecrã gigante e perguntou ao pai de o número do Diaby era o 27. O pai arregalou os olhos. "Vinte e sete??? Não... é o 23! espera lá..." E começou a fazer-lhe alguns testes. Quando chegaram a casa o Ricardo declarou: "A Mada não vê um caracol."

Marquei oftalmologista e fomos ontem. Assim que o quadro com letras começou a minguar, ainda que ligeiramente, ela principiou a franzir os olhos. E depois vieram os enganos: um D era um O, um C era um O, um R era um O... quando as letras no quadro reduziram mais ela já não acertava quase nada. Confirmou-se: astigmatismo miópico. Lá terá de usar óculos, se não sempre pelo menos para ver ao longe. Para não baralhar camisolas de jogadores, letras e vida em geral.

Tal como quando foi o Manel a receber o diagnóstico de pitosga, não consegui deixar de sentir uma certa culpa (idiota, eu sei) porque a míope sou eu e, por isso, a herança é minha. É parvo porque não tinha como evitar a passagem de testemunho míope mas abracei-me a ela e pedi desculpa, tal como tinha feito anos antes com o Manel. Não tem qualquer importância porque uns simples óculos resolvem o problema que, assim sendo, nem chega a ser um problema. Imagino que quando sejam doenças graves a dor dos pais que as passam, através dos genes que não controlam, seja - aí sim - difícil de gerir. A culpa é uma cobra, uma hidra que é preciso ir matando mas cujas cabeças parecem voltar a nascer. 

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