Da felicidade
Só sou feliz numa destas situações: ou de férias com a minha gente ou, se estiver a trabalhar, tenho de estar em reportagem para ser feliz. A conhecer pessoas que valem a pena. A comover-me com as histórias que contam. A sentir os ambientes. Os cheiros. As formas distintas de se falar a mesma língua. A conversar. A partilhar refeições caseiras, com vinho daquele que cheira mesmo a vinho e do qual não se pode beber mais do que um copo pequeno, se se quiser continuar a trabalhar durante a tarde. Quando estou muito tempo sem sair para o chamado país real perco a vontade, esqueço-me do quanto amo esta minha profissão, esmoreço. Hoje que voltei à estrada depois de algum tempo mais dedicada a trabalho de secretária, constato isto mesmo: só sou feliz pelos caminhos que me levam a quem interessa. E a mim interessa-me sobretudo quem tem pouco palco, quem poucos conhecem, mas quem todos deviam poder conhecer.