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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Como se fosse um milagre de Natal

Almoço com o meu pai. No Lagarto. Às vezes, enquanto conversamos, tenho uma daquelas experiências extra-corpóreas, daquelas que habitualmente são descritas em casos de quase-morte. Não me sinto quase-morta, pelo contrário. Sinto-me mesmo muito viva. Mas o meu corpo como que sai de si, para nos ver, aos dois à mesma mesa, a almoçar, a conversar, a rir. E lembro-me, tão bem, dos anos em que estivemos apartados, em que um almoço como este seria uma total impossibilidade. Levo-lhe a bolsinha dos amigos secretos para o Natal, que a Cristina arranjou, e não deixo de me espantar ao vê-lo tirar o papelinho e a perguntar quem é a amiga que lhe tocou em sorte. É um recém-chegado a uma família unida, cuja maravilhosa particularidade é abrir sempre os braços para mais um. Ainda que seja um que devesse lá ter estado sempre. Mas a vida nem sempre é absolutamente linear e lógica. Nem sempre faz sentido. Este ano, em princípio, ele estará presente. E a minha boadrasta. E a avó Mariazinha. Só falta mesmo a minha irfilha, o meu querido cunhado e o meu sobrineto querido. Para o ano, se tudo correr bem, estaremos todos. Cá em casa. E eu, que não acredito em nada, começo a acreditar que há um sentido nisto tudo. Uma lógica, por mais ilógica que pareça. Uma ordem, por mais desordenada que seja. E dou por mim a sorrir, mesmo que não seja exactamente da piada que acabou de ser dita. Sorrio porque o meu corpo está assim, a pairar sobre o momento, bêbado de espanto, bêbado de encanto. A vida é mesmo incrível.

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