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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Clube de Leitura do Porto by MultiOpticas: foi na sexta-feira e houve... espíritos à solta

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Desta vez a leitura era livre, por isso acumularam-se sugestões de novos livros que vieram somar-se às sugestões de Lisboa, numa bola de neve literária que promete continuar, para desespero daqueles que, como eu, gostavam de conseguir ler este mundo e o outro. 

A Marta apareceu pela primeira vez, confessando que os filhos e a falta de tempo a têm roubado aos livros mas pode ser que o clube a traga de novo para junto das leituras, que tanta falta lhe fazem. Sendo assim trouxe um livro que já leu há algum tempo mas de que gostou mesmo muito: "O Czar do Amor e do Tecno", de Anthony Marra. "Passa-se na Rússia de Estaline, em 1937, e vai até à guerra da Tchechénia, com o comunismo sempre muito presente." 

A Anabela trouxe "A Balada de Adam Henry", de Ian McEwan. "Adam é um rapaz com leucemia e tem de fazer um tratamento que, posteriormente, irá requerer a realização de transfusões de sangue. Só que os pais são Testemunhas de Jeová e não o permitem. O hospital pede intervenção judicial e é toda a história em redor deste dilema moral, ético e religioso, e é muito interessante."

A Raquel leu "As Regras da Cortesia", de Amor Towles. "Passa-se em Nova Iorque, no final dos anos 30. É a história de uma rapariga de origens modestas, que partilha um quarto com outra rapariga, numa residência para mulheres. Uma noite vão até um clube de jazz, conhecem um homem da alta finança com quem travam amizade e o livro conta a história da introdução das duas raparigas modestas numa esfera social que não é a sua mas que, na América daquele tempo, podia passar a ser. O velho sonho americano e a respectiva mobilidade social, com todas as suas facetas. Gostei. Às vezes parecia um pouco inverosímil mas, de facto, a américa tem  - ou tinha - muito disto."

O Diogo falou-nos de "Escrito na Água", de Paula Hawkins. "Não achei particularmente bem escrito. Acho que a construção das personagens podia ter sido feita de uma forma mais profunda e a história podia ter sido melhor trabalhada." Em seguida, contou sobre "O Homem dos Sussurros", de Alex North. "É um livro que condensa vários géneros: ele é thriller, mas também tem um pouco de terror. É policial mas também se pode dizer que é um romance. O tema da paternidade é muito bem trabalhado, no sentido de como um pai sozinho se sente a educar um filho, com todas as dúvidas e receios... gostei muito e recomendo!" Os últimos dois livros que leu e de que falou eram infanto-juvenis (porque o Diogo tem um blogue onde fala de livros e, por isso, toca todos os géneros e targets: No Conforto dos Livros): "Tiro Certeiro", de Robert Muchamore e "O Príncipe Caspian" (o segundo das Crónicas de Narnia), de C.S. Lewis.

A Conceição mais uma vez fez-nos rir. Disse que andou à procura na estante do livro mais fininho que encontrou, porque tem estado com os netos e com pouco tempo livre para ler. Então, encontrou "Olhos de Cão Azul", um livro de Gabriel Garcia Marquez que se lembrava de ter lido havia muitos, muitos anos, e de não ter gostado. Na etiqueta, o preço: 1.610 escudos! Foi, de facto, há muito tempo. Então e desta vez? Gostou? "Não! Não gostei nada na mesma. Mas pronto, cumpri: li e posso dizer-vos que, apesar de ter escrito livros fantásticos, este não é nada bom. Pelo menos para mim!"

A Mariana leu "Só o Amor é Real", de Brian Weiss, um psiquiatra que passou a acreditar em reencarnação ao fazer hipnose aos seus pacientes. "Alguns doentes começaram a falar línguas que desconheciam, línguas antigas, que inclusivamente já tinham deixado de ser usadas, pelo que só podiam conhecer se tivessem vivido noutro tempo. Os relatos são impressionantes e fizeram-me pensar." Mariana também leu "O Jogo do Anjo", de Carlos Ruiz Zafon, que a cativou pelo brilhantismo da escrita. "É a história de um rapaz que tem uma infância difícil e cujo pai proibe de ler, para que não tenha ideias de prosseguir com os estudos, porque não há dinheiro para isso. Mas o rapaz lê às escondidas e, entretanto, com a morte do pai arranja um tutor que não só lhe permite ler como estudar. Torna-se escritor e faz livros por encomenda. Entretanto, há um homem que lhe faz uma encomenda muito interessante mas a história parece-lhe obscura e ele vai investigar... Gostei muito, não só da história como da escrita. Dava por mim a rir sozinha com a forma como ele descrevia as coisas." A Mariana, que é bastante eclética, leu também "A Casa de Charles Street", de Danielle Steel. 

Foi com o livro "Só o Amor é Real" e os relatos de vidas passadas que começaram as nossas conversas paralelas sobre espíritos. Uns acreditam, outros não, outros preferem manter-se na dúvida. Falámos do jogo do copo e de estranhas coincidências. E também da hipnose e do perigo de ser feita por quem não sabe muito do assunto (há relatos de pessoas que enlouqueceram e a Marta conhece muito bem um desses casos).

O Paulo e a Cristina vieram a convite da Cláudia e não trouxeram livros mas o Paulo aproveitou para falar do livro "A Horse Walks into a Bar", de David Grossman, um livro que o marcou muito. "O narrador recebe um convite para estar num determinado stand up e conta a história da sua vida. É - como muitos cómicos - uma pessoa amargurada e o livro é todo sobre esta euforia-disforia-espectáculo. Achei muito interessante toda essa montanha russa emocional e a reacção do público que está ali para rir." A Raquel também o leu e aproveitou para dizer que sentiu falta de um "grand finale" que o livro parecia prometer mas nunca chegou a cumprir.

A Cláudia leu "Uma Educação", de Tara Westover, um livro que é a biografia da autora, que nasceu e foi criada numa família mormon e que teve de romper com a família para poder ter aquilo que lhe faltava: educação (entre outras coisas, nomeadamente, acesso à Medicina, que os pais consideravam ser um dos instrumentos do diabo). O livro é impressionante e a caminhada da autora não deixa de surpreender quem lê (terminei agora de ler o meu e não podia concordar mais). Outro livro que leu foi "Ao Fechar a Porta", de B.A. Paris. Achou um thriller vibrante mas pareceu-lhe que as críticas prometiam mais do que o que o livro é. Por fim, relatou-nos como foi a leitura de "Só o Tempo Dirá", de Jeffrey Archer, o primeiro volume do sucesso mundial "As Crónicas de Clifton", a história de um jovem nos anos 20, que não conheceu o pai e a quem foi contada uma história sobre o pai que - vem a descobrir mais tarde - não corresponde à verdade". Cláudia gostou muito e recomenda.

A Sofia, que está de partida para uma acção de voluntariado na Índia, leu "A Fome", do jornalista Martin Caparrós. O livro analisa a origem da fome nas diferentes regiões do mundo, das mais pobres às mais ricas: Índia, Argentina, Sudão do Sul, Estados Unidos da América. "É um livro muito cru, em que não há paninhos quentes. Ele é directo, cru, violento, até. Não é um livro para ler, é um livro para ir lendo. E aprendendo muito."

A Lígia, que também foi uma estreante no Clube, leu imensos livros. "Jogos Cruéis", de Jodi Picoult. É a história de como uma paixoneta juvenil pode tramar a vida de um homem inocente, que se vê enredado numa série de mentiras que lhe custam a liberdade e a vida, pelo menos a vida tal como a conhecia. A Lígia também leu "A Avó que Percorreu o Mundo de Bicicleta", Gabri Ródenas, que é no fundo um livro de auto-ajuda, que procura dar algumas lições de ânimo, esperança e amor; "A Força do Amor", de Angela Hart (sobre famílias de acolhimento e a forma como crianças vítimas de abandono testam as novas famílias até ao limite do impossível, para se certificarem de que aquele amor é real); "Tu Sabes que Queres", de Kristen Roupenian, um livro de contos essencialmente sombrios.

O Pedro leu 84 páginas do livro "Nome de Guerra", de Almada Negreiros. "É a história de um miúdo da província que é mandado para a cidade para se fazer homem e que, no processo, conhece Judite, que é bem capaz de cumprir os propósitos de quem enviou o rapaz para a cidade." Pedro falou também de uma série (possivelmente responsável por não ter terminado o livro, este mês): Bonus Family. Uma série sueca que é uma espécie de novela mas... em muito, muito bom. 

A Joana trouxe-nos "O Tatuador de Auschwitz", de Heather Morris, o relato verdadeiro de Lale Sokolov, incumbido da tarefa de tatuar os prisioneiros em Auschwitz. Um dia, na fila para ser tatuada, Sokolov vê Gita e... foi amor à primeira vista. O livro conta então a determinação do tatuador em sobreviver, bem como em fazer sobreviver o amor da sua vida. Este romance é baseado em entrevistas que o autor fez ao longo de diveresos anos à Sokolov, vítima do Holocausto e tatuador em Auschwitz-Birkenau.

"A Paciente Silenciosa", de Alex Michaelides foi a leitura da Verónica. "De todos os thrillers que li até hoje, este foi sem dúvida o mais surpreendente de todos. Alicia é uma pintora famosa e o livro começa quando ela está numa instituição psiquiátrica onde só estão pessoas que cometeram crimes horríveis. Ela está nessa casa porque foi encontrada ao lado do marido morto com vários tiros e, portanto, é a principal suspeita. Ela nunca fala, nem sequer para se defender. Até que entra em cena um psicoterapeuta criminal que acredita ir conseguir fazê-la desvendar o mistério. Fui, ao longo do livro, imaginando desfechos mas o final é absolutamente surpreendente." Verónica também leu "Persuasão", o último romance de Jane Austen, e gostou muito. Por fim, leu "Entre as Mentiras", de Michelle Adams, que não lhe encheu as medidas: "Talvez por ter grandes expectativas não fiquei tão agradada quanto esperava. É a história de uma mulher que tem um acidente e perde a memória. Não se lembra de nada nem de ninguém mas sente que lhe escondem coisas."

A Sara leu "Crónica de Uma Morte Anunciada", de Gabriel Garcia Marquez: "Há um assassinato e do que mais gostei foi de perceber como cada pessoa da aldeia tem uma percepção totalmente distinta da mesma realidade. Porque é mesmo assim: a memória é aquilo que cada um é, aquilo que cada um quer que seja, aquilo que cada um traz. Achei muito curioso."

Eu li "29 Segundos", de T.M. Logan e é a história de uma mulher que é assediada pelo chefe, que é um porcalhão. Um dia ela tem a oportunidade de ver desaparecer uma pessoa de quem não goste. Basta-lhe fazer um telefonema, que dura apenas... 29 segundos. Li depressa, nos voos para as Maldivas, mas achei as críticas e as frases estrategicamente colocadas na badana da contra-capa do livro manifestamente exageradas ("Incrível! A sensação de impotência torna-se quase insuportável. Prepare-se para ranger os dentes e roer as unhas quase até ao amargo desenlace"). O outro livro que li foi "Os Homens que Odeiam as Mulheres", de Stieg Larsson. Como tendo a escapar às grandes modas, escapei desta saga durante muito tempo. Mas agora que comecei a trilogia de Larsson (entretanto transformada numa pentalogia, porque foi continuada por outro autor, uma vez que Stieg Larsson morreu subitamente, não tendo conhecido o retumbante sucesso que a sua obra teve em todo o mundo) vejo que devia ter começado mais cedo. Adorei este livro. É um thriller mas muito bem construído. As personagens são solidamente construídas, a teia de acontecimentos muito bem pensada, com todo um esquema de corrupção económica que exigiu investigação e conhecimento. Mesmo, mesmo bom.

 

Obrigada à MultiOpticas pelo extraordinário apoio. Batem forte cá dentro!

Obrigada ao Vila Galé Porto por nos acolher sempre tão bem!

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