Caros vizinhos:
Nao, não houve mortos cá em casa. Ninguém esteve a espancar o Martim, nem a torturá-lo.
Com o que ele guinchou, palavra de honra que esperei que me batessem à porta a pedir satisfações. Que exigissem vê-lo, para aferir da gravidade do seu estado. Não me admirava que chamassem até a polícia. O meu filho Martim tem uma intolerância à dor absolutamente espantosa. Por detrás daquele ar de rufia galaró está, no fundo, uma criatura muuuuuuuitomariquinhas sensível. Hoje, ao deitar, contou assim en passant que tinha espetado o bico de um lápis na mão e que tinha ido para a enfermaria da escola, para que lho tirassem com uma pinça. O pai pediu para ver. Ele disse que não era preciso mas o pai insistiu. Vimos ambos que a mão tinha uma coisa preta lá dentro. E foi então que começou o mais alucinante berreiro de que há memória nesta casa. Agulha, pinça e tantos gritos como na matança de um porco.
Foi assim que aconteceu, caros vizinhos. Não houve azar cá em casa. Mas compreenderíamos se tivessem chamado o corpo de intervenção.
Com o que ele guinchou, palavra de honra que esperei que me batessem à porta a pedir satisfações. Que exigissem vê-lo, para aferir da gravidade do seu estado. Não me admirava que chamassem até a polícia. O meu filho Martim tem uma intolerância à dor absolutamente espantosa. Por detrás daquele ar de rufia galaró está, no fundo, uma criatura muuuuuuuito
Foi assim que aconteceu, caros vizinhos. Não houve azar cá em casa. Mas compreenderíamos se tivessem chamado o corpo de intervenção.