Avenida Q
Se não tivessem sido as excelentes críticas que li e ouvi por todo o lado era bem capaz de não ir ver um musical onde actores contracenam com bonecos. Aliás, a primeira vez que ouvi falar nesta peça ainda ela não estava em cena e foi a Júlia Pinheiro que me falou dela, num jantar. Ok, ela podia ser suspeita, por ser a mãe de um dos actores que entram na peça, mas tornou-se logo menos suspeita quando disse "odeio coisas que metam bonecos e fui ver por ser o Rui e sempre a achar 'como é que eu vou disfarçar, como é que lhe vou dizer que é giro??' mas depois fui e vou-vos dizer: é mesmo, mesmo, mesmo bom! Saí de lá rendida!" Depois disto, a peça estreou e só vi e ouvi elogios.
Fomos ontem, ficámos mesmo na fila da frente, e adorei. Tão divertido, tão divertido. Chorei a rir logo no início, mas assim a ponto de já terem passado duas cenas e eu continuar a rir daquela fala, sem conseguir parar (obrigada Rui Pêgo pelo momento de introdução à tua personagem 😂😂😂).
A peça (uma adaptação de um musical da Broadway), ao mesmo tempo que é de rir, também traz as nossas angústias: o desemprego, o preconceito, a homossexualidade escondida no armário, o amor que não chega, os sonhos que temos e não conseguimos realizar, as saudades de quando éramos só estudantes da faculdade e tínhamos o mundo todo para conquistar (mas não conquistámos). Muito bom quando uma peça consegue tocar nestes pontos sensíveis fazendo-nos escangalhar a rir ao mesmo tempo.
E agora parar de cantar o "Que merda que eu sou"?
Não sei se ainda há bilhetes (a peça está em cena até dia 2 de Abril) mas se houver não deixem de ir. Ah, claro, se forem pessoas capazes de aguentar vernáculo.
O Avenida Q está no Teatro da Trindade, em Lisboa.