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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Alô, baby M?

Não entrava num Centro de Saúde há anos. Tantos que mudei de casa há 8 anos e ainda não tinha pedido transferencia para o centro da zona. Foi desta. Como vou fazer a amniocentese no hospital, preciso do papel da isenção, que só se consegue através do Centro de Saúde. Pescadinha de rabo na boca. Pedi finalmente transferência, marcaram-me consulta para a Saúde Materna para hoje, e vim.
O primeiro embate com a médica não foi perfeito. Começou por me chamar "Sónia Machado" e eu não respondi porque, se é verdade que é um dos meus nomes, também é verdade que nunca, jamais, em tempo algum alguém me chamou pelo primeiro nome conjugado por outro lá do meio. Lá fui, à segunda chamada, ainda na dúvida se aquela seria mesmo eu. Quando entrei, atirou um simpático "Veio muito atrasada", ao que respondi um carinhoso "Não, cheguei pontualmente às 15h, fiquei foi 20 minutos à espera que me chamassem para a inscrição". Ela não se ficou: "Ah, mas tem de chegar sempre mais cedo, para a parte administrativa". Eu, que também sou pouco de me ficar, respondi que não sabia, que era a minha primeira vez ali, e que pensava que ser pontual bastava.
Bom começo, portanto.
Ainda houve mais dois ou três momentos em que tive de morder a parte de dentro da boca para aguentar calada, mas depois a coisa começou a correr melhor. Cada vez melhor. A enfermeira que se juntou era um amor e, daí a um bocado, estávamos as três a rir e a consulta a correr às mil maravilhas. Posso dizer que, no final, fiquei com vontade de vir todos os meses.
Bom, o pior foi mesmo quando decidiram pôr o foco, para tentarmos ouvir o coração do bebé. A minha querida Inês bem me tinha dito para não me meter nisso, que às 14 semanas nem sempre se ouve e que depois é uma ansiedade tramada, mas eu não ia perder a oportunidade de tentar ouvir aquele galopar gostoso. Deitei-me, esperei, esperei… e nada. Tentou uma, tentou a outra, aquela coisa bem espetada na barriga, e nada. Elas apressaram-se a dizer, muito queridas, que aquele foco é do século passado, que é muito frequente não se ouvir antes das 18 semanas… mas eu só conseguia dizer:
- Também se pode dar o caso de estar morto.
Deram ambas um salto para trás.
- Credo, agora morto! Há quanto tempo foi fazer a ecografia, com o seu médico?
- Há uma semana.
- Então… e estava vivo, não estava?
- Estava, mas eles podem morrer de repente! Agora estão vivos e no minuto seguinte já não estão.

E é isto.
Passaram-me uma credencial para ir fazer uma ecografia, para não ficar em sufoco até dia 16 de Junho. Que gravidez mais desassossegada, senhores. Agora está, agora não está, agora está, agora não está. Se estiver tudo bem acho que lhe chamo (e mantendo o "M") Manganão (ou Manganona). Se fosse mangar com a prima, masé!

(isto de ter feito reportagens sobre perda gestacional deu-me cabo da pouca sanidade mental que me restava)

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