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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Alexandra

Eu não queria ter visto o que ontem vi, no Jornal da Noite da SIC. Não queria. Não sei se viram. Mas a televisão russa fez um documentário sobre a Alexandra, a menina que esteve toda a vida confiada a uma família de acolhimento portuguesa e que agora, aos 6 anos, foi arrancada da família e levada para a Rússia, para a guarda de uma mãe que tudo indica ser alcoolica, prostituta e desequilibrada. A menina não fala uma palavra de russo e chorou como uma desesperada no dia em que a retiraram da família que, não sendo biologicamente sua, era a sua. A única que conhecia.
Ontem eu não queria ter visto no documentário a mãe a açoitar violentamente a criança, apenas porque ela disse que queria ir ter com a irmã Valéria (de Portugal), desejo mais que compreensível e que permanecerá seguramente por muito tempo.
A Alexandra está há uma semana na Rússia e já apanha tareias. A Alexandra ainda está a aprender que aquela é a sua nova mãe e já é castigada como se as duas tivessem uma relação inquebrável. E o pior: tudo isto se deu à frente de uma câmara de televisão, de jornalistas que faziam o documentário. A pergunta é: o que fará aquela família quando não houver câmaras por perto?
Não pensei que, tão pouco tempo depois da Esmeralda, houvesse outra história em que o "superior interesse da criança" viesse assim partir-me o coração.

Correcção: A Valéria é, afinal, a irmã russa. Um anónimo feroz instou-me a ser mais correcta com a informação. E eu, cheia de medo e obediente, aqui estou. Mas tenho a dizer o seguinte: se a mamã lhe dá pancada porque a menina pede para ir ter com a irmã russa (também sua filha), o que lhe fará quando a criança lhe pedir para ver ou falar com a família portuguesa? Nem é bom imaginar.

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