A Mota
Quando me perguntam porque é que gosto tanto de andar de mota, a resposta sai-me numa torrente.
Porque me sinto livre.
Porque chego a todo o lado num instante.
Porque não há trânsito que me agaste (passo sempre por entre os carros e adoro fazê-lo - sempre com muito cuidado, claro).
Porque não há dramas de estacionamento. Qualquer buraquinho me serve (e há cada vez mais estacionamentos próprios para motas). E não se paga (nem mesmo nos parques subterrâneos - pelo menos na maior parte deles).
Porque, pelas razões anteriores, dou comigo a ir ter com amigos com quem, antes, não estava tantas vezes (sim, andar horas à procura de lugar para o carro pode ser um entrave maior do que o que imaginamos - às vezes deixamos de fazer coisas que nem tínhamos consciencializado).
Porque vivo a cidade de forma mais intensa. Vejo e oiço e interajo de forma totalmente diferente. Se há algo que me chama a atenção... é só estacionar logo aí e ir ver melhor (se estivesse num carro, o pensamento seria "hei-de cá vir um dia ver isto", e depois pufff... nunca mais).
Porque gosto do som da mota (se fosse mais potente então melhor ainda - gosto daquele rosnar) e porque gosto do cheiro do escape - há pessoas estranhas, eu sei.
Porque funciona como anti-stress. Se estou chateada com alguma coisa, o mais certo é ficar melhor depois de uma volta.
É claro que não esqueço os riscos. Já tive mota e a razão pela qual deixei de ter foi um acidente que me levou de ambulância para o hospital (sem consequências graves a não ser uma cicatriz feiosa numa perna).
É claro que ainda posso levar com um camião nos dentes e depois vão dizer "tanto elogio à mota e afinal acabou feita em puré, coitadita, Deus a tenha em descanso".
Mas estou a fazer tudo por tudo para me manter inteira. E felicíssima com a minha bichinha, que me leva para todo o lado (contam-se pelos dedos da mão as vezes que voltei a usar o carro).