Plantou-se-me uma enxaqueca brutal, com direito a vómitos, foto-sensibilidade e tudo, e lá tomei o meu comprimido SOS de nome Maxalt. Fiquei tão drogada que nem conseguia andar direita. O Ricardo não conseguiu evitar o riso perante o meu ar apoucado, boca aberta, olhos parados num ponto inexistente. Fico com o pescoço dormente e com cara de parva mas o que é certo é que a dor passado uma hora já se foi, como que por milagre. Antes "endrógada" do que em sofrimento, podia ser o meu lema. O Maxalt é, de há uns tempos a esta parte, um dos meus melhores amigos.
Cheguei ao médico pontualmente. Estou à espera há uma hora. A consulta está marcada há quase um mês. E a pergunta que deixo é: será que ele vai pedir desculpa? Aceitam-se apostas.
É oficial. Estou em pânico. Primeiro foi a minha barriga, a inchar e a avermelhar, transformando-se numa coisa monstruosa, incapaz de caber em quaisquer calças disponíveis no meu armário. Culpou-se um rissol de camarão que, coitado, não tinha culpa nenhuma. Depois da barriga e dos dois pés imensos, foram as pernas. Uma noite sentada numa cadeira de um tecido tipo carpete e foi o suficiente para ficar com bolhas entre o encarnado e o branco nas duas coxas. A seguir foram os dedos dos pés. Um fim-de-semana no Algarve, umas havaianas nos pés e foi o que bastou para os meus dedos, aqueles dois que seguram o fio de borracha, ficarem três vezes maiores. As dores, sempre que incho, são consideráveis. Depois dos dedos dos pés, foi a anca esquerda. Uma cueca um nadinha mais apertada de lado e... eis-me a aumentar. Fiquei com uma bolha tumefacta. E a comichão? Indescritível. Esta semana, já depois de ter ido à médica de família (que ficou com uma cara aterrada perante as minhas fotografias e relatos), inchou-me a cabeça de um dedo da mão. Só a pontinha. Anteontem foi o calcanhar do pé esquerdo. Encarnado, dorido, enorme. Ontem foi a planta do pé direito. Hoje não consigo pousar o pé no chão. Calçar uns sapatos é mentira. Nem as barcas maiores que tenho recebem a minha pata de elefante. Não posso ir para o trabalho. Estou cheia de medo e conto os dias para ver o resultado das análises. O que é que eu tenho? Irei quinar? O que inchará a seguir? Não podem mandar-me o Dr. House cá a casa, se faz favor? Agora vou dormir. Quem gosta de drogas podia bem ficar-se por um anti-histamínico. A pedrada que isto dá, canário!