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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Que Sítio é este, afinal?

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Tenho recebido muitas mensagens a perguntar coisas várias sobre o meu novo escritório: onde é, como funciona, se há outros para arrendar, se há mais pequenos, maiores, se há espaços de cowork, etc, etc, etc.

Não sei tudo, tudo. Mas já andei a conhecer os Sítios lisboetas (e a informar-me sobre os Sítios portuenses) e já há algumas coisas que posso esclarecer. O Sítio é uma empresa dentro de outra empresa. São, ao todo, dez Sítios, em Lisboa:

Alvalade, Areeiro, Bairro Azul, Marquês, António Augusto Aguiar, Praça da Alegria (Fintech House), Sete Rios, Lumiar, Visconde Santarém (Saldanha) e Alto de São João.

O meu fica no Alto de São João e é, para mim, o centro mais giro de todos. É como vos digo: não há quem cá não chegue e não fique de queixo caído pela pinta que tudo tem, pelo ar industrial e disruptivo, pelo terraço que parece estar pronto para os Santos Populares todo o ano (lindo e tão apetecível e onde se pode ir trabalhar ao sol no Verão, e onde se almoça divinamente a marmita que trazemos de casa), pelos escritórios enormes, todos eles em loft, pelo espaço comum onde se podem organizar exposições, conferências, aulas, workshops, jantares, eu sei lá, o céu é o limite. E até tem balneários! No outro dia a minha amiga Inês veio trabalhar para o meu escritório, convidei-a para ir treinar comigo à hora do almoço, voltámos, tomámos um duche, e continuámos a trabalhar. Não é perfeito?

No do Alto de São João, além dos escritórios, é possível comprar um pack de dias para se ir para lá trabalhar, ou mesmo só umas horas. Imaginem: trabalham em casa, têm um trabalho mesmo difícil para fazer e a vossa casa é um entra-e-sai, não estão a conseguir acabá-lo... pumba. Alugam o espaço, estão na santa paz do Senhor, e depois vão à vossa vida, sem mais encargos mensais que podem não querer nem precisar ter nas vossas vidas.

Há escritórios com um ar mais composto (o do Bairro Azul, por exemplo), há outros que também são assim bem doidões, tipo o de Alvalade (com cadeiras penduradas no tecto, a decorar), há um dos Sítios que parece um palácio, cheio de frescos nas paredes e no tecto, há um dos Sítios que não tem (ainda) o ar moderno e refrescante dos outros (o de Sete Rios ainda vai levar um "banho" de coolness mas tem imenso potencial, muito bem localizado e com escritórios óptimos).

Há várias modalidades, como explicava há pouco: podem trabalhar numa secretária um dia e adeus, gostei muito deste bocadinho. Podem trabalhar sempre na mesma secretária, que passa a ser vossa, por um preço definido (e onde guardam num módulo de gavetas as vossas coisas) e partilham a mesma sala com outras pessoas, mas aquela mesinha é só vossa (eles chamam-lhe Mesa Dedicada). Podem ter uma mesa dedicada sem estarem ao lado de outras pessoas (por exemplo, em Alvalade, há um corredor cheio de pequenos cubículos onde só cabe a secretária, a cadeira, o trabalhador e pouco mais, mas é bom para aquelas pessoas que preferem não estar numa sala aberta, à sua mesa, mas a olhar para outras pessoas (podem não gostar de pessoas - acontece-me muito, ou podem distrair-se com os outros, ou podem preferir aquela pequena privacidade de estarem resguardados de olhares alheios). Podem ter um escritório só para vocês, inteirinho, onde até festas podem dar (com segurança Covid, claro está). Enfim, há de tudo, pela cidade inteira.

Vantangens extra que o Sítio oferece: uma comunidade de "sitiados", como gosto de lhes chamar, que podem encontrar sinergias e dinâmicas e ideias e, de repente, estão todos a trabalhar num projecto comum, porque muitas cabeças trabalham melhor do que uma. 

Por outro lado, é bom ter um lugar para receber correspondência, ter uma morada fiscal da empresa e acesso a salas de reuniões e auditórios. Caramba, agora que penso nisso, há de tudo no Sítio. Há internet, há copa onde se pode aquecer comida, lavar loiça, guardar coisas em frigoríficos partilhados... é tão fixe!

Também há eventos a que podemos ir - por pertencermos ao Sítio -, descontos que temos por sermos membros, e até a possibilidade de trabalharmos em vários dos escritórios pela cidade: imaginem que tenho um cliente que me pede para reunirmos pela zona do Marquês, que é mesmo o que lhe dá mais jeito. Muito bem: marco reunião no Sítio do Marquês e... feito! Ou seja: há uma grande mobilidade entre os "sitiados", que é coisa que me agrada imenso.

No Porto, há já 3 Sítios: no Campo Alegre, no Bom Sucesso e Costa Cabral. E é lá, num deles, que farei um dos próximos Clubes de Leitura do Porto (o de Lisboa do mês passado já fiz em Lisboa, no terraço, e foi uma delícia).

E é isto. Não há dia em que não agradeça por este encontro. Juro. Sempre que aqui entro (escrevo esta prosa na minha mesa, montada por mim, olhando para tudo o que aqui está, que eu pintei, lixei, montei) sinto que cheguei ao meu espaço, ao meu oásis, ao lugar onde consigo ouvir os meus pensamentos e pôr as minhas ideias em prática. Sinto-me em casa, cada dia mais. E isso é mesmo bom.

Preços: há de tudo, mas consegue-se uma secretária desde 130€ por mês.

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www.sitio.pt

Uma semana a dois

Desde que temos filhos que fazemos uma semana de férias sem eles. É ponto assente, e ponto final. Há quem não possa, há quem não queira, há quem sinta calafrios só de imaginar uns dias de diversão sem as suas bonitas crias, há quem simplesmente não consiga por não ter com quem os deixar, por não ter dinheiro para ir para parte alguma, por ter filhos com problemas de saúde e não confiar em ninguém que fique com eles (algo que mexe comigo por dentro mas, sobre isso creio vir a ter notícias em breve), por não ter amigos que os levem para que, simplesmente, se barriquem nas suas próprias casas, sozinhos, a ver séries, a beber vinho e a fazer o amor. Há de tudo nesta vida, já o sabemos, e ninguém tem de chatear ninguém: nem os que podem e querem têm de evangelizar os outros, nem os outros têm de censurar os demais. 

A única excepção a esta regra que temos foi quando a pandemia nos trocou as voltas. Isso e a doença da minha mãe. No ano passado fizemos 20 anos de casamento, data que pedia festejo de arromba (leia-se viagem longínqua), mas a minha mãe estava em tratamentos, e acabou a ser internada no dia seguinte ao do nosso aniversário, pelo que o mais longe que fomos foi ali ao Alentejo para regressar e levar com a bomba atómica de a ter por um fio. Mas safou-se, que é rija, e a equipa de Santa Maria trabalhou que foi uma beleza.

Este ano tínhamos pensado em ir para longe, também. Mas depois há Covids por todo o lado, parece que a gente os vê aos saltos, e regras, e restrições, e aquele receio de que nos fechem as fronteiras e fiquemos ad eternum a viver num local paradisíaco mas infestado de bichezas, sem cuidados hospitalares de primeiro mundo, e longe dos nossos filhos. Ainda pensámos em Itália (queríamos alugar uma mota e fazer a costa Amalfitana), mas até à data em que marcámos tudo ainda estava em vigor a regra de confinamento de 5 dias obrigatório para turistas, mesmo que brandissem o teste negativo diante dos olhos das autoridades. E, sendo assim, chapéu. Começámos então a escrutinar o nosso país, tão bonito também, Douro? Alentejo? Gerês? Zona Centro? Açores? Madeira? Ganhou a Madeira.

Já tínhamos ido à Madeira algumas vezes, sozinhos, com miúdos, mas desta vez foi absolutamente perfeito. Não sei bem explicar se foi por estarmos tão sequiosos de estarmos a sós (os confinamentos engoliram-nos um bocado o namoro), não sei se foi por termos alugado uma mota (o que permitiu uma dose de diversão extra - as motas são um perigo mas oferecem uma sensação de liberdade e alegria diferentes), não sei se foi por termos escolhido tão bem o hotel (um mamarracho enorme mas por dentro com muita pinta e com uma piscina linda e totalmente em cima do mar), não sei se foi por termos vivido várias aventuras (desde um frio de rachar na subida ao Pico do Areeiro que nos fez gastar 90 brocas na loja do senhor Juvenal - uma loja de souvenirs mesmo lá em cima - só em dois pares de calças de fato de treino, um casaco de malha grossa, umas luvas e um corta-vento; sem esquecer a excelentíssima bebedeira na Taberna da Poncha; entre outras peripécias), se foi por aqueles mergulhos no mar frio, se foi pelas garagalhadas a fazer fotos, se foi pelo deslumbrante passeio pela Levada do Caldeirão Verde e pela Levada do Caldeirão do Inferno. Não sei. Sei que foi perfeito, que viemos de lá renovados, que reencontrei o meu namorado (de quem perco tantas vezes o rasto, de tão assoberbado que anda com um trabalho que roça, por vezes, a insanidade) e isso é, sem dúvida, um privilégio. Quanto à Madeira... fiquei cheia de vontade de voltar. Que ilha abençoada. 

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