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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Dias estranhos

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Os dias passam depressa, neste confinamento. Passam e sinto que fiz pouco, ainda que até possa ter feito muito. Às vezes, ao final de mais um dia, quando coço a cabeça a pensar que nada fiz (gosto sempre desta imagem de alguém a coçar a cabeça enquanto pensa), faço uma revisão mental e concluo que, afinal, fiz muita coisa, só que foram coisas que contam pouco para aquilo que me parece revelante na vida. Máquinas de roupa, aspirar, pôr miúdos a fazer coisas, dobrar meias e cuecas, apanhar merdas do chão, tentar escrever alguma coisa, arrumar, fazer comida. Chego ao fim do dia sempre cansada, como se tivesse feito muito, e até fiz, só que não parece. 

Achei que este podia ser um bom momento para me organizar. Não tenho sido lá muito bem sucedida. Entre não deixar que a roupa chegue ao tecto (suja ou já lavada), fazer 6 refeições quatro vezes por dia (não estou sozinha, o Ricardo é até geralmente quem se ocupa dos almoços e jantares), ir ao supermercado, lavar loiça, arrumar loiça, dar um jeito à casa para que a sujidade e a desarrumação também não atinjam limites catastróficos, e ainda ajudar a criançada a orientar-se com aulas em streaming e trabalhos e actividades, não sobra assim muito tempo.

Até agora, ataquei duas gavetas de uma cómoda e uma estrumeiroteca (uma biblioteca de livros infanto-juvenis que estava transformada em terra de ninguém para onde ia parar tudo o que não tinha destino próprio). A estumeiroteca ficou linda e até me deu um pouco mais de coragem para atacar a estante da sala que cobre uma parede inteira e mais um bocadinho de outra, com os livros dos crescidos. Será um trabalho hercúleo, e não me sinto ainda preparada para tanto, mas talvez consiga encher-me de brio e avançar um dia destes. Assim como para as gavetas sobrantes e armários onde devem morar coisas de cuja existência já esqueci. O Covid e respectivo confinamento também podem ter coisas boas.

Vizinhos à Janela

"Não lhe chamaria um projecto... começou como uma brincadeira. Quer dizer, brincadeira não porque o assunto era sério: queria que fizéssemos como em Espanha, em que todas as noites há aplausos às janelas, para agradecer a quem está na linha da frente", explica Iñigo Hurtado, um dos organizadores (por mera coincidência meu colega de turma na faculdade). "Por cá... não havia nada. E então, juntei-me a mais um ou outro vizinho e começámos a ir para as nossas janelas fazer barulho. Nunca pensei que o movimento crescesse da forma como cresceu." 

Cresceu e não foi pouco. E nem mesmo a distância entre os prédios (separados por um enorme parque de estacionamento) foi impedimento para que o movimento crescesse. O bairro Jardim dos Arcos, em Oeiras, e as suas "actuações" diárias tornou-se um exemplo de união e gratidão, perseverança e resistência, e mais recentemente também de solidariedade. Os organizadores criaram um grupo no Facebook a que chamaram "Vizinhos à Janela". No grupo de WhasApp já quase 200 vizinhos a participar, a dar ideias para novas performances, a comentar, a sugerir. Já apareceram na televisão portuguesa algumas vezes, na espanhola também, e também em artigos da imprensa e na rádio. 

Já houve de tudo: cânticos, concertos, o hino tocado e cantado, danças, palmas, tachos e panelas a bater. Há cantigas para os mais novos, há parabéns cantados a quem faz anos, e até já há sugestões de aulas de ginástica ou de ioga. Muita alegria e também lágrimas (que são de alegria e de catarse). Todos os dias, às 14h e às 21h, os vizinhos juntam-se, à distância, para conviver, para agradecer, para colorir os dias que ficaram cinzentos com a chegada de um novo vírus que interrompeu as vidas. Os bombeiros, a polícia e os funcionários da recolha do lixo já apareceram para agradecer os aplausos, e outras iniciativas de agradecimento, com a presença dos homenageados, estão já a ser estudadas pelos organizadores. "É uma loucura! Quem me dera que mais bairros aderissem, que isto fosse a regra e não a excepção! É importante, não só agradecer como manter a sanidade mental. Isto faz com que nos sintamos unidos, juntos, mais fortes."

Aproveitando o facto de serem tantos, decidiram estender a ação do grupo à vertente solidária (e não apenas "artístico-emocional"). Assim, reuniram mais de 300 produtos alimentares para famílias carenciadas e chamaram a Presidente da União de Freguesias de Caxias, Oeiras e Paço de Arcos, para os receber. Madalena Castro emocionou-se com a entrega e com a festa nas janelas e agradeceu a generosidade para com os mais vulneráveis. Iñigo Hurtado, por sua vez, comove-se todos os dias com os seus vizinhos e com todo o espírito de união, fraternidade e até amor que ali se revela. E deixa o desabafo: "Era tão bom que fosse assim em todos os bairros. Não querem juntar-se a nós?"

www.facebook.com/groups/vizinhosajanela

Instagram: @vizinhosajanela

Casas Comigo #6

Uma moradia num empreendimento lindo e tranquilo, mesmo perto da Quinta da Marinha, em Cascais. O condomínio fechado, com segurança 24 horas, chama-se "Casas da Areia" e esta casa em concreto é uma pequena maravilha.

(Gravámos este vídeo no início de Fevereiro. Passaram dois meses, fiz uma cirurgia reconstrutiva da minha barriga pós-4 cesarianas a que chamava "medusa", estou de dieta, perdi quase 10kg. Nota-se uma diferença tamanha em mim que até me custa olhar. O que vale é que a casa é linda e concentro-me apenas nisso.)

AMORE: ajudar quem tanto ajuda

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A Amore é o projecto do Ricardo Oliveira, que nos ajudou a criar o Mojito, numa base de confiança e respeito. Ele não é um "treinador" de cães. Ele é um encantador de animais. Tem por eles um respeito, um amor, um carinho, uma consideração que raras vezes conheci. Preocupa-se, dedica-lhes a sua vida, abdica de tudo por eles. E quando digo que abdica de tudo, não minto nem sequer exagero. O Ricardo não tem fins-de-semana, não tem férias, não tem dias de folga. Vive na casa ao lado do santuário que criou, onde recupera animais abandonados, maltratados, animais que ninguém quis, animais que ficam à espera que alguém queira adoptar, e também animais que vão para lá uns tempos, seja porque os donos foram de férias, seja porque foram em viagem de trabalho, seja por que precisam de ser "apaziguados" por ele, seja por que razão for. 

O Ricardo está aflito. Como muitos de nós, é certo. Porque a crise está a bater à porta de todos, porque a alguns já bateu, a outros irá bater, e no caso dele, são dezenas e dezenas de animais que é preciso alimentar e dar cuidados veterinários. 

O que ele pede, a cada um de nós, é 1€. Um euro apenas por mês. Se todos aderirmos a isto, de 1 euro em 1 euro, o Ricardo vai conseguir fazer face às muitas despesas que tem com os animais. 

Se quiserem aderir, se já conhecerem o Ricardo (sei que muitos que me seguem já lá deixaram os seus companheiros e ficaram muito satisfeitos com ele), se não conhecem mas acreditam no que vos digo (e é daquelas pessoas por quem ponho as mãozinhas no fogo)... então juntem-se a esta corrente de "Amore". Ele dá tudo pelos animais, pelos "nossos" e pelos de ninguém. Está na hora de podermos dar-lhe uma mão a ele também.

https://www.teaming.net/amorempatia-associacao - Para doarem 1€ por mês à Amore.

Caso queiram efetuar um donativo superior a 1€, poderão usar MBWay ou Transferência Bancária.

MBWay
929029251

IBAN
PT50 0010 0000 5739 6730 0011 2

 

Fui (finalmente) à faca - Parte III

Faz hoje dois meses que fiz algo que já queria fazer há muito tempo. Uma lipoabdominoplastia, com correcção da diástase (4 centímetros de afastamento dos músculos abdominais), e redução mamária. Quem não leu a Parte I e a Parte II, pode seguir agora estes dois links que contam tudo. Ainda estou inchada na barriga e nos flancos, ainda tenho dormência, e algumas dores quando me viro na cama, mas sempre que vou à casa de banho, seja de noite ou de dia, levanto a camisola e fico sempre com o mesmo espanto e alegria: a minha medusa não está lá, agarrada a mim como um parasita odioso, e eu sinto sempre a mesma comoção. Mesmo quando treinei para maratonas (e da primeira vez, pelo menos, treinei de uma forma mesmo alucinada e rigorosa) e estava muito mais magra, a medusa nunca me abandonou, o que me deixava sempre desanimada e triste: "se emagreço isto tudo e não perco esta prega que tanto me incomoda... então para que é que emagreço?"

Depois da cirurgia, vim para casa com três drenos: dois que saíam da zona pélvica e um que saía da zona das costas. O das costas era muito incómodo porque, como só conseguia dormir de barriga para cima, aquele tubo ali nas costas dava um incómodo suplementar (além do incómodo que já representa dormir de barriga para cima por si só). Também dormi com umas meias de compressão que vesti antes mesmo de entrar para o bloco e estive com elas dois ou três dias, já não me lembro. De quando em vez tinha de despejar os drenos, quando enchiam, e tinha de escrever a que horas tinha sido o despejo e qual a quantidade de sangue que tinha saído. Dormir só com comprimido para o efeito, caso contrário não conseguia. Imaginem alguém que só dorme de barriga para baixo ou de lado, a ter de dormir de barriga para cima e sem se mexer porque parecia a mulher-bomba, cheia de tubos e bolsas de plástico a fazer lembrar granadas. Bendito comprimido receitado pelo Dr. Tiago Baptista Fernandes, que me apagava com doçura, e me permitia ter uma noite descansada, que é um dos elementos-chave em qualquer recuperação. Comecei por tomar 1, depois passei para meio, de finalmente para 1/4 (mas este desmame fui eu que decidi, porque percebi que estava muito agarrada àquilo para dormir e compreendi que ou fazia o desamame ou não ia conseguir largar a droga assim tão facilmente).

Estou a escrever dois meses depois de ser operada e há coisas que já se esvaneceram da minha memória (que é muito selectiva). Sei que o primeiro dreno a sair foi o das costas (felizmente), e que depois saiu outro, e o terceiro demorou mais do que todos desejávamos. Não me doeu a tirar os drenos, nada de relevante. Foi um enorme alívio quando saiu o último. Ah, que liberdade!

Acho que esta cirurgia, de resto, permite dar um grande valor à liberdade, o que não deixa de ser irónico, se pensarmos na etapa que se seguiu (e que nos tocou a todos). Mas a verdade é que vimos para casa com uma série de contrangimentos, de coisas que nos tolhem os movimentos, e de cada vez que nos libertamos de uma... é uma alegria. Depois dos drenos e das meias de compressão, foi a medicação. Primeiro terminou um medicamento, depois o outro, e mais outro, até já só terem sobrado as injecções de heparina (para evitar a formação de coágulos e consequentes trombos). Fiz doze injecções (acho eu) e era eu que as dava a mim própria - fiquei com as pernas todas negras mas... que se lixasse. Toda eu era uma nódoa negra uniforme, de maneira que mais uma menos uma... indiferente.

O meu marido foi o maior. Nada que não esperasse mas é sempre uma maravilha quando constato que não podia ter outra pessoa ao meu lado. Tratou-me muito bem, sempre muito cuidadoso, sempre a bombar para que nada faltasse e para que eu nada fizesse. Ali nos primeiros dias, foi essencial, esse apoio. Porque estava mesmo muito negra, muito dorida, e com algumas dificuldades.

Nunca tive dores fortes, nunca pensei: "que raio fui eu fazer à minha vida?" Nunca. Houve muito mais uma sensação de incómodo do que de dor propriamente dita. E piorou, em vez de melhorar. Ou seja: quando cheguei a casa, depois da cirurgia, estava no pico da excitação: tinha finalmente tomado coragem, dado o passo, não tinha morrido na cirurgia, sentia-me bem (dentro do género), estava na minha casinha, com a minha família, não sentia dores... ah! Que bom! Depois... os dias e as semanas foram passando, e houve momentos em que me senti saturada. A cinta apertava-me até ao desespero (cheguei a tirá-la com uma tal fúria que, se não fosse resistente, podia tê-la rasgado), dormir era difícil, estava inchada e ainda sem conseguir vislumbrar os resultados com que sonhava, tinha dores que pareciam maiores do que no início (mas eram, na verdade, amplificadas pelo facto de estar farta de não me sentir totalmente bem, livre de movimentos). 

Durante as primeiras semanas, fui à Upclinic três vezes por semana, para fazer drenagem linfática com a fisioterapeuta Alexandra Fernandes (um amor e super boa profissional). Além dela, era sempre vista também por uma enfermeira, para tirar drenos, pontos, linhas perdidas, fazer pensos, etc. Todas umas queridas, mesmo quando houve coisas chatas (tipo tirar pontos que começaram a aparecer por debaixo da minha pele e foi preciso sacá-los lá de dentro) elas foram sempre hiper-cuidadosas e quase nunca doeu (ou, pelo menos, nunca doeu muito). Depois, passei para drenagem duas vezes por semana, a seguir para uma vez por semana. O Dr. Tiago Baptista Fernandes passava sempre por lá (ou quase sempre) para ver como estava tudo a correr, para se certificar de que estava tudo bem encaminhado.

Quando foi declarado o Estado de Emergência (ou talvez até antes), passaram a dar uma máscara à entrada e só podíamos lá estar de máscara. Tudo era desinfectado a toda a hora, e todos cumpriam as regras de segurança. Antes mesmo de ser decretado o Estado de Emergência, a clínica reuniu e decidiu cancelar todas as cirurgias marcadas, por uma questão de segurança de todos: pacientes e profissionais de saúde. Mesmo quando ainda havia quem as fizesse, por esse país fora. Não me surpreendeu: aquilo a que tenho assistido é a um conjunto de profissionais que trabalha com muita responsabilidade e rigor. Imagino que tenha sido duro para quem estava em vias de cumprir um sonho, ver a sua cirurgia desmarcada (é muito difícil ganhar coragem, e quando a ganhamos finalmente, e decidimos, cada dia que passa sem avançarmos é penoso). Mas esta pandemia veio mesmo virar a nossa vida do avesso e só agradeço a sorte que tive de ter marcado a cirurgia para dia 18 de Fevereiro, e não para mais tarde. 

Alguns amigos e leitores têm brincado (e até eu própria) com o facto de, em calhando, não podermos ir à praia e, por isso, não ir poder mostrar o resultado da minha aventura e da obra do Dr. Tiago ao mundo. Esqueçam lá isso. Eu não fiz isto para mostrar, fi-lo porque não aguentava ver aquela coisa ali. Fi-lo porque não me sentia bem comigo, como se aquela parte não me pertencesse e, não me pertencendo, diminuía-me e embaraçava-me. Era o meu elefante na sala. Não havia nada que eu fizesse que não me pusesse a pensar que aquela coisa estava ali, demasiado presente. E agora acabou-se. Agora foi-se. E eu não podia estar mais contente, mais agradecida, mais certa de que foi a decisão certa, na hora certa. Além disso, estou em dieta rigorosa (para que o resto do corpo fique em conformidade com a minha nova barriga) e se não for para a praia este ano... irei para o próximo e então logo poderei ter umas férias sossegada, sem estar sempre encolhida ou embrulhada numa toalha. Isto não é para estragar. 

Um mês e duas semanas depois da cirurgia, comecei a fazer exercício. Com cuidado, movimentos pensados para o meu caso pelo meu mister Pedro Almeida, do Treino em Casa (a UpClinic também tem PT mas o Pedro é mais do que um PT, é já um amigo, e continuei com ele). E a seguir corri. 5km de cada vez, três vezes por semana. E tenciono continuar, aumentar a carga com tino, e dar fibra a estes músculos que há muito não se movem por estarem lassos e ao abandono. 

Quero agradecer à UpClinic e a toda a equipa, em particular ao Dr. Tiago Baptista Fernandes, que fez aqui um trabalho mesmo incrível. Vai ser duro pôr o resto do corpinho à altura desta barriga tão lisa, mas vou tratar disso. Afinal, era até um desrespeito para com o escultor, estar a negligenciar o espaço em redor da sua obra. 😂​ Não vou evangelizar ninguém para fazer o mesmo, até porque é um passo muito difícil, dá medo, é um processo muito invasivo, com os seus riscos, leva tempo a sarar, há pessoas que descrevem dores terríveis (não eu, mas isto varia de corpo para corpo). Mas que foi realmente uma das melhores decisões da minha vida... lá isso foi.

(um dia destes mostro uma espécie de antes e de depois, mas não esperem imagens demasiado explícitas que não tenho coragem para tanto)

Hoje, às 22h, no Instagram

Vou conversar com o psicoterapeuta António Maia, sobre o impacto e as repercussões psicológicas desta pandemia nas nossas vidas. A ideia é "normalizar" alguns dos sentimentos que exteriorizamos (e outros tantos que escondemos de toda a gente), perceber qual é a fronteira do que é expectável sentir e o que já pode ser considerado um padrão patológico que deve ser analisado por um especialista, que ferramentas podemos utilizar no sentido de minorar a ansiedade, a angústia e algum sentimento de perda relativamente às vidas que tínhamos e, subitamente, deixámos de ter. Podem entrar, podem fazer perguntas, podem colocar as vossas dúvidas. Tentaremos dar-vos voz. E, sobretudo, tudo faremos para que muitos se sintam retratados, com tudo o que isso tem de tranquilizador. Afinal de contas... estamos todos no mesmo mar (e mais logo saberão por que razão não concordo com a expressão "estamos todos no mesmo barco").

O projecto mais giro desta quarentena

Já o disse no Instagram, já o repeti, e não me importo de continuar a bater na mesma tecla até que o maior número de pessoas o conheça. O projecto da Inês Correia de Matos, da AfterClick, é só maravilhoso. Ela começou-o como uma brincadeira, um desafio que pôs a si mesma para se entreter e registar a sua quarentena, mas agora tornou-se um bálsamo para milhares de pessoas, que já não passam sem ele. As fotos da Inês são belas, são poéticas, são serenas. Fazem com que nos sintamos numa paz que não tem grande explicação, no meio do caos que se instalou nas nossas vidas. Fotografei algumas das suas imagens, faltam imensas (e estão mínimas, não dá para se perceber a beleza e poesia de cada uma), mas são todas uma delícia, e só provam como ela é talentosa, harmoniosa, equilibrada. É minha amiga, uma daquelas que sinto que chegou tarde mas que vai ficar até sempre mas, se não fosse, sentiria isto exactamente da mesma maneira. Só que, sendo, acresce a tudo isto um orgulho do caraças. Parabéns, minha Inês. Obrigada por seres tão incrivelmente talentosa e humilde (às vezes irritantemente humilde, mas numa altura em todos se acham geniais... é refrescante encontrar alguém que, sendo, não se acha). 

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Podem continuar a encomendar lentes de contacto, e elas vêm ter a casa

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Neste período que vivemos, fechados dentro das nossas casas, a visão continua a ser um sentido fundamental e quem tem necessidade de correcção precisa de continuar a ter acesso aos seus produtos habituais. A MultiOpticas garante o acesso às lentes de contacto por quem as usa, com entrega gratuita em casa, e ainda com 20% de desconto.  

Para quem não saiba, há diferentes tipos de lentes de contacto: mensais ou diárias. As diárias, além de serem um pouco mais higiénicas (se bem que o produto onde as mensais ficam mergulhadas durante a noite faz essa higienização), têm a vantagem de poderem ser usadas por quem não quer andar com lentes 365 dias por ano - há quem use sobretudo óculos, no dia-a-dia, mas goste de usar lentes de contacto em ocasiões especiais, por exemplo. Bem sei que estamos numa situação em que as ocasiões especiais escasseiam, mas... sei lá: podem sempre organizar um jantar romântico a dois (se tiverem crianças podem fazer um jantar tardio, quando eles já estiverem a dormir), vestir uma roupa jeitosona, e usar as lentes nessa altura, quem sabe? Ou então quando forem estender a roupa à janela... 😂

Mas há também lentes de contacto para quem passa horas em frente a ecrãs, sabiam? Pois, eu só soube há muito pouco tempo. E há também lentes específicas para olhos secos e sensíveis para que a visão seja protegida, seja qual for o tipo de olho e o tipo de vida.

Bom, mas basicamente, o que importa agora dizer, nesta fase de #ficaremcasa é que as lentes e os líquidos podem ser comprados online! Não nos podemos esquecer que há pessoas que não vêem um palmo à frente do nariz - quem tem 8 dioptrias acorda e não vê nadinha, por isso, só quando estão a acabar é que pensamos nas lentes de contacto como o bem essencial que são.

Em multiopticas.pt/lentes-de-contacto podem ser compradas para entrega em casa. Já viram que bom? Estarem no sofá, no vosso tablet, encontrarem as vossas lentes (é só pesquisar, e o site é muito intuitivo), preencher a graduação e receber em casa, pagando com referência Multibanco, MBWay ou cartão. E... para facilitar ainda mais a vida às pessoas, nesta fase tão inusitada e complexa, as lentes de contacto estão com 20% de desconto!

Obrigada, MultiOpticas! É sempre bom ter quem olhe por nós.

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Estar chateado como um peru não é crime

Já estamos fechados em casa há duas semanas e três dias. 

Tenho de confessar que estive óptima durante duas semanas. Tão óptima que nem o dizia a ninguém, nem mesmo cá em casa, como se fosse uma vergonha (e até era) sentir-me tão bem perante um cenário tão catastrófico. Mas, em minha defesa, explico: adoro ter a casa cheia (ou não a tivesse enchido de filhos) e, de repente, estar aqui onde sempre estou (porque desde que o senhorio do escritório que eu e as minhas amigas arrendámos decidiu quase triplicar o valor tivemos de desistir do The Woffice e voltar cada uma à sua casinha) com toda a minha gente à volta era divertido, animado, um desafio (e adoro desafios). Ainda por cima, esteve quase sempre bom tempo, o que permitiu almoços prolongados no terraço (sorte a nossa, eu sei), conversas, pôr séries em dia, ajudar alegremente na realização de trabalhos da escola, etc. Tudo na maior. 

De repente, nem sei bem precisar como foi, baixou em mim a negra nuvem que tinha visto espalhar-se por muitas das pessoas que conheço. Houve um dia em que não me apeteceu levantar da cama, arrastei os pés até à cozinha, passei o dia a suspirar e a olhar pela janela. Acho que foi no fim-de-semana, porque constatei que ser fim-de-semana, ao fim de 15 dias de reclusão forçada, era igual a ser outro dia qualquer. E que aquela alegria costumeira de ser sábado era só parva porque ser sábado, ser domingo, ser feriado ou ser quarta-feira... era a mesmíssima merda. 

Sim, talvez tenha sido isso. Isso e o tempo ter mudado. Começou a chover. Recolhemos ao interior da casa, fechámos as janelas, o ruído passou a ser mais difícil de suportar, as ideias de entretenimento começaram a deixar de ser assim tão boas, a arrumação da casa deixou de ser feita ao som de canções e passou a ser realizada ao compasso de palavrões, começaram uns a discutir com os outros. O trabalho reduziu, e com isso veio aquela sensação de que... caraças, isto vai doer e vai doer a sério. 

Agora, tenho tentado descobrir o meu contentamento inicial, sem grande sucesso. Combato o pó, a roupa que se acumula (suja, lavada, por passar, e passada mas por arrumar), a loiça, a desarrumação. O Ricardo também está irritável, qualquer coisa faz com que a tampa lhe salte, a desarrumação põe-o maluco, também ele combate papeis, brinquedos espalhados, tralha. O Manel, que viveu dois meses em plena liberdade (um mês na Ilha do Príncipe e um mês em Nova Iorque) vê-se agora aqui fechado, sem ver a namorada, os amigos, ninguém. Claro que isto se aguenta, claro que aguenta, claro que há quem esteja bem pior. Uma pessoa até se sente mal por dizer que está desanimada, mas a verdade é que também se sente mal por dizer que está animada, hoje tudo tem o potencial de ser mal visto.

Posto isto, acho mesmo que devemos ir deixando sair a pressão da panela, para ver se ela não rebenta. Ir esperneando de vez em quando, chorando se for preciso, admitindo que se está triste, que há um certo desalento, que começamos a usar pijama mais vezes do que gostaríamos. Claro que é importante ir também contrariando, encontrando estratégias para reencontrar a felicidade em pequenos nadas, mas estar triste, revoltado, frustrado, chateado como um peru na véspera de Natal não é crime! Hoje parece ser, mas não é. E não só não é crime como é importante, é normal, é humano!