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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Viagem de manas deste ano: Budapeste

No ano passado a minha irmã ofereceu-me uma viagem e informou-me que, a partir de agora, estava intimada a ir com ela todos os anos a um mercado de Natal. Foi, como imaginam, a melhor intimação que já recebi na vida. Adorei a ideia, adorei a viagem, adorei podermos estar só as duas, sem maridos, sem filhos, sem nada a não ser a companhia uma da outra. O ano passado fomos a Frankfurt e a Heildelberg.

Este ano, em Maio, ela enviou os bilhetes de avião. Destino: Budapeste. E se o ano passado já tinha sido bom, este ano foi absolutamente incrível. 

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Budapeste, capital da Hungria, é uma cidade dividida em duas. Com o Danúbio pelo meio, de um lado há Buda, do outro há Peste. O que mais me impressionou foi o facto de ser uma cidade onde tradição e modernidade coabitam, porque ela é História densa e presente frenético. Budapeste tem as marcas indeléveis do Império Austro-húngaro, da segunda Guerrra Mundial (e do nazismo), mas também do jugo da União Soviética e dos tempos da cortina de ferro, mas conseguiu reencontrar-se, qual Fénix, e de apresentar uma identidade onde tudo cabe harmoniosamente. 

Quando se chega ao aeroporto, o ideal é apanhar o autocarro 100E, que nos deixa mesmo no centro da cidade, demora cerca de meia-hora a chegar e custa menos de 2€ (convertido, porque a moeda não é o euro, é o Florim Húngaro).

Ficámos num hotel muito central (e barato), em Peste, chamado Atrium Fashion Hotel. O facto de ser central e de ter pequeno-almoço, aliado ao bom preço, ditou a escolha. Afinal, a seguir tinha viagem marcada com marido e filhos para Nova Iorque e a massa estava um bocado escassa. Nada a apontar. Nada de luxos mas ficámos lindamente, sobretudo ficámos muito perto daquele que viria a ser o nosso poiso mais frequente, um bar absolutamente imperdível (já lá vamos). Tínhamos levado uma lista de coisas a fazer e sítios a visitar feita pela minha Joana Jorge (produtora de quase todos os programas que tive na Antena 1 e que tem um especial prazer - e jeito - para fazer planeamentos de viagens).

Andámos sempre a pé, tirando o passe de um dia que comprámos para fazer o Hop On Hop Off, porque dá sempre para ficar com uma ideia geral das cidades e descansar um pouco as pernas quando o cansaço começa a ser grande. Talvez não o comprasse agora, se pudesse voltar atrás, porque na verdade acho que não usufruímos assim tanto, excepto quando foi para ir até Buda e até à Citadella (que ficava realmente distante do hotel e do centro).

O mercado de Natal propriamente dito era enorme. Na verdade eram muitos mercados de Natal por toda a cidade, com as habituais vendas de peças artesanais e não só, comida que nunca mais acabava, vinho quente e muitas músicas natalícias. A minha irmã não descansou enquanto não comeu um Kurtos Kalacs, que é um bolo húngaro assado na brasa (ela gostou, eu achei desenxabido), mas também provámos goulash, lángos (uma espécie de pizza frita onde colocam queijo mas também podem meter um ensopado por cima, como se o lángos fosse o prato)

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Diz que ver o nascer o sol na Citadella é muito bonito mas não sabemos porque quando lá chegámos o sol já tinha nascido há umas horinhas. A vista merece a subida (que nós fizemos de Hop On Hop Off). 

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Conta-me #14

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Vesti a blusa nova e o casaquinho que comprei naquela boutique de esquina que tem preços muito em conta. Uma camisa muito jeitosa, de tom pérola e com um botão junto ao pescoço que parece um diamante, muito bonito. Depois faz assim uma espécie de prega e disfarça-me as mamas, achei logo quando experimentei mas depois a menina da loja - um amor, nasceu para aquilo, toda ela disponível, trouxe mais tamanhos, mais cores, nunca se cansou - a menina da loja quando me viu com ela vestida foi logo o que disse: "disfarça-lhe muito o peito, fica mesmo elegante, parece que foi feita para si". O casaquinho encarnado só o trouxe porque o Natal pede encarnado mas não é cor que me assente muito bem. Ainda assim, o conjunto estava bonito e saí satisfeita, apesar de a menina ainda ter insistido para levar também uma saia, mas saias tenho algumas, felizmente, e então nem quis ver nada do que sugeria mostrar-me, que o mês de Dezembro já tem muitos custos e com os presentes que comprei e mais um bolo-rei já não me sobrava assim tanto para loucuras.

Não posso dizer que goste do Natal. Não casei, não fui mãe, não tenho paciência para a algazarra dos miúdos, aquele barulho todo de quando abrem os presentes faz-me dores de cabeça, mas mesmo antes disso há sempre aquele encontro com pessoas que não me dizem nada, a não ser por serem família. O meu irmão Carlos, que está velho e gordo, casado e com dois filhos; a minha irmã Lucília, divorciada e com um filho; o meu irmão Tó, junto com uma serigaita de cabelo amarelo e que deve engravidar não tarda, está-se mesmo a ver. E depois os tios e os primos, também eles com filhos, uma gente de quem sei pouco e que pouco me interessa, que bebe demais ao jantar e começa com piadas ordinárias, a recordar coisas da família que ia jurar que nunca aconteceram, e sempre a perguntarem quando é que eu caso. Todos os anos acho que é tema que já não se põe mas agora começo a achar que hei-de ter 80 anos e ainda me vão andar com a mesma conversa.

Não casei porque não aconteceu. Adorava ter sido mãe mas no meu tempo não se falava desta coisa de se poder recorrer a bancos de esperma e mesmo que se falasse, sou franca, não creio que fosse coisa para mim. Não casei porque os homens nunca olharam para mim, nunca fui uma rapariga bonita, nunca tive namorados, quer dizer, tive um quando era novinha, tivemos relações atrás do prédio dele, uma coisa que recordo com repulsa, ele a enfiar-se em mim e eu a calar a dor, ele a sacudir-se rapidamente, a resfolegar como um animal e por fim a grunhir enquanto eu sentia um líquido deslizar por entre as minhas pernas. Vestimo-nos em silêncio, ele piscou-me o olho, e eu nunca mais o quis ver. Na verdade, ele não parece ter ficado muito sentido com isso. Ligou-me duas vezes e depois desistiu. Passado um mês vi-o com a Susete, todos contentes a entrar no eléctrico, de maneira que foi esta a minha única experiência. Não percebi, sequer, o interesse do sexo. Deve haver mais do que isso, já ouvi dizer que sim, que é suposto que haja uma espécie de entendimento, de carinho, de envolvência, e que no fim é suposto ser bom para os dois lados. Suponho que sim. Não faço ideia.

Sou a típica solteirona, como se costuma dizer. Tenho gatos, faço tricot, tartes e compotas, vejo novelas, leio romances que me fazem chorar, acho que tenho tudo o que se costuma apontar às encalhadas. Ainda houve quem me perguntasse se era fufa. Não sou. Nunca olhei para uma mulher com esse olhar, teria um nojo de morte de tocar numa mulher nua, só a ideia de mexer nas partes íntimas de uma mulher dá-me a volta ao estômago. Acho que não posso ser fufa. Não quero saber de nada disso, nem de ninguém. Gosto de viver sozinha, na minha casinha, pequena mas muito limpa, um t1 na Reboleira que comprei e até já está pago, e que gosto de manter asseado e bonito como se fosse receber visitas. Nunca recebo visitas mas podia porque está sempre tudo impecável.

Também não tenho muitos amigos e desconfio sempre de quem os tem. As pessoas enganam-se. Acham que têm muita gente que é amiga mas depois vai-se a ver e poucos são os que se ralam mesmo e os que fazem alguma coisa por nós. Tenho a Judite, do meu serviço, a Gorete, vizinha do 4º, e a Lurdes que trabalhava no meu centro de saúde, como administrativa, e acabámos amigas até hoje, apesar de ela já se ter reformado. E é isto. Sei que se precisar elas me ajudam, a Gorete de vez em quando até vem dar de comer aos gatos, se eu for a algum passeio da Junta, e eu também estou lá para elas, até já fui regar as plantas da Judite quando ela foi visitar o filho a França. O resto? O resto são conhecidos. Mesmo os meus irmãos, vejo-os no Natal e às vezes nos anos. O Tó ainda aparece de quando em vez, para jantar e para me pedir dinheiro porque está à rasca, mas os outros, chapéu, são irmãos porque nascemos dos mesmos pais, e mais nada.

De maneira que o Natal é assim. Jantamos juntos como se fosse normal jantarmos juntos, cada um leva as suas coisinhas para contribuir e não ser muita despesa só para uns, à meia-noite os gaiatos abrem as prendas, fica um chiqueiro por todo o lado que as mulheres se apressam a limpar, e depois despedimo-nos, sempre com a mesma conversa, "a ver se para o ano a gente se vê sem ser no Natal". Tá bem, claro, sim, sim. Nunca acontece. Vemo-nos no Natal e até podíamos não nos ver. Quer dizer, também era triste. O Natal é aquela época do ano que nos obriga a ter família, a não estarmos sozinhos. Eu gosto de estar sozinha, com os meus gatos, mas no Natal acho que ia ser triste. O ano novo já é diferente. Deito-me ainda mais cedo, que é para ver se nem oiço o fogo de artifício, que foi coisa que sempre me assustou. Tomo o comprimido para dormir lá pelas nove, e à meia-noite estou tão fundo que não escuto nada. E pronto, acordo e já passou, é um dia como outro qualquer. A diferença é que não trabalho, o que já é bem bom. Um dia destes vem a reforma e aí é que vai ser. Vou poder fazer muito mais passeios da Junta e aqueles que aquelas empresas organizam que têm almoço incluído e tudo. Depois lá pelo meio há umas vendas mas só compramos se quisermos e a Gorete já me disse que se encontram lá coisas muito jeitosas e por preços bem em conta. Gostava de conhecer o Luso, diz que há lá um hotel muito bonito e umas termas, e outros sítios de Portugal, como Manteigas, por exemplo, porque acho graça ao nome e fica lá para cima, onde às vezes neva. Chateia-me reformar-me porque é sinal que estou velha mas, por outro lado, acho que vai ser bom pelos passeios. 

Agora deixa-me lá ir que tenho de passar um pano nesta casa, que com isto do Natal já lá vão dois dias sem fazer limpeza. E isto, já se sabe, a porcaria para se acumular é um instante.

 

(Conta-me é uma rubrica do blogue com contos inéditos escritos pela autora)

Conta-me #13

Vejo-os na rua e não consigo evitar um sentimento de desprezo. Olho-os e alguns sorriem, com aqueles sorrisos com que a juventude julga presentear os velhos, sorrisos enternecidos, como se um velho fosse um cãozinho ou um gatinho ou um bebé. Impossível não adorar um velhinho, não é?, impossível não adoçar o olhar, semicerrando os olhos, entortando a cabeça, que é aquela forma de arredondar o corpo mostrando empatia, e de seguida atirar o tal sorriso bondoso, ainda que o velhinho tenha sido um crápula do pior durante toda a sua vida. Um filha da puta. Basta chegar a velho, lançar um sorriso reumático e pronto, está liberto e perdoado de todos os seus pecados. Torna-se adorável. Susceptível. Frágil. Impoluto. Balelas! Não fui um crápula mas não sou um cãozinho, um gatinho e seguramente não sou um bebé. A cada sorrisinho idiota que me lançam tenho vontade de responder com um murro em cheio na cara. "O que foi, pateta? Sorris com essa expressão condoída porquê? Porque estou perto de morrer? Porque já não presto para nada? Espera aí dois segundos que já calças as minhas pantufas!"

Estão tão iludidos, pobres diabos! Nos seus carros topo de gama, com as suas pressas, aos seus telemóveis, todos cheios de agendas e almoços e carreiras. Julgam-se imprescindíveis. Acreditam que fazem a diferença, que todos reparam na sua eficácia, nos seus fatos de marca, nas suas mulheres irrepreensíveis, nos seus filhos encantadores, nas suas vidas perfeitas. Ridículos. Ri-dí-cu-los. Quando me sorriem ou quando me perguntam se preciso de ajuda para atravessar a rua, nem sei como me aguento sem largar a rir, rir até ficar sem ar, daquelas risadas que nos fazem bater com as mãos nas pernas para ver se o ar volta aos pulmões, gargalhadas de quem sabe o que eles ainda nem sonham, hilaridade de adivinho. Porque eu sei. Eu sei o que os espera. Eles que me mostram o lado mais adocicado de si, que encontram maneira de contrariar a sua pressa bem sucedida para se dedicarem ao voluntarioso gesto de me ajudar a chegar ao outro lado da estrada, sentem em si a distância de mim, como se fôssemos dois filmes distintos. Realidades paralelas. Eu sou o velhinho, como se tivesse nascido velhinho, como se não tivesse tido urgências, filhos pequenos, agenda cheia, pernas rijas, carreira fulgurante. Sou aquele para quem se sorri, sem se saber se maltrato animais, se bato na minha mulher, se fui um cretino, se sou um psicopata. Eles são os agentes de mudança do mundo. Ah ah ah! Os agentes de mu... desculpem... não consigo parar de rir. Afinal, devia ser eu a sorrir-lhes com aquele olhar piedoso com que me brindam. Devia ser ao contrário. Porque eles é que não sabem, nem sonham.

Perdi quase todos os meus amigos. De todos - e eram tantos! - sobram três. Três. Uns morreram de cancro, outros de enfarte, de trombose, de pneumonias, de quedas, já nem consigo elencar todas as merdas que levaram os meus amigos. Ah, espera, não são três. São quatro, os que restam. Estava a esquecer-me do Pires. Mas também, foda-se, é fácil esquecer-me do Pires. Vou visitá-lo ao Lar duas vezes por ano, o máximo que aguento. Digo "então, Pires?" E ele atravessa-me com o olhar, de tal modo que fico sempre na dúvida se estaremos, afinal, ambos mortos a comportarmo-nos como os espíritos se comportam. Obviamente, já não tenho pais. A minha mulher já se foi há quase seis anos. Os meus filhos são esses gajos dos carros, dos fatos e das pressas. Vejo-os uma vez por mês, nos meses bons. Na verdade, nem sei se esses são os meses bons. As nossas conversas são uma espécie de carimbos que eles põem no livro dos filhos-bem-comportados. Alivia-lhes a consciência visitar o pai, mas não há verdadeiro prazer em estar comigo, o que também percebo, tornei-me uma pessoa com quem não é prazeroso estar. Eles, felizmente, não me sorriem como se eu fosse um cãozinho, mas falta-me a paciência para ouvir os relatos das suas vidas frenéticas, fico invariavelmente a ouvir um blablablablabla de fundo enquanto penso que devem estar quase a ir-se embora para me meter na cama. Olho-os e sinto pena do momento em que se transformem em mim. Nenhum pai quer isso para um filho e, no entanto, é o que nos sucede a todos. Tenho feito um esforço de memória para me lembrar do olhar do meu pai nos seus últimos anos. Será que também me mirava com o mesmo cinismo e pena e arrependimento? "O que é que eu fui fazer? O que te espera, puto..."

Olho para o meu corpo e é como se o tivessem acabado de implantar em mim. Um corpo estranho que alguém aqui pôs sem eu dar conta. Os pés cheios de veias que nem sabia que lá estavam, as unhas amarelecidas e grossas, as pernas que arquearam como se não suportassem mais o meu peso, como se não me suportassem mais a mim, e o meu rabo, em tempos elogiado pelas mulheres da minha vida, é agora uma espécie de derrocada, uma pintura que desbotou. Está deprimido, o meu cú. Como eu, de resto. Já para não falar do meu piço, encolhido, pendurado, a mijar às pingas, sem outro préstimo que não seja lacrimejar tristemente para uma sanita enegrecida. 

Odeio que me tirem fotografias. Quando me mostram o resultado, contentes com o bom aspecto com que ficaram ao meu lado, demoro sempre algum tempo a reconhecer aquele velho com duas bolsas pendentes por baixo dos olhos, dentes encardidos, sulcos pela cara que parecem ter sido feitos por arados. Quem é este? Quem sou eu? Em que pessoa me tornei? Lembro-me de andar na rua e sentir os olhos postos em mim, tive todas as mulheres que quis e até algumas que dispensava, e agora nem sequer consigo vislumbrar uma sombra desse fulano, nada, zero, só ruínas, só cacos, só uma escorrência do homem que fui. E ainda me sorriem? Com aquela ternura que dedicamos aos desvalidos? Puta que os pariu. 

Resta-me o consolo de que chegará a sua vez. A vez de todos. Os apressadinhos, os bem sucedidinhos, os que ainda não sabem mas vão ser devidamente emprateleiradinhos, obrigada, leve lá esta caneta com banho de ouro pela dedicação à empresa mas. Mas? Isso, mas. Vejo os pais a empurrar carrinhos de bebés, gugu-dadá, gugu-dadá, e abano a cabeça. Uma vez por mês, nos meses bons. É essa a tua paga pelos gugus-dadás. Olho para essa gente cheia de afazeres e felicidade na rua e sorrio. Ah, sim! É a minha vez de sorrir. Porque sei o que eles não sabem. Nem sonham! Pobres diabos! 

 

(a rubrica conta-me é uma série de ficção criada pela a autora deste blogue. Podem ler os outros clicando num ícone com o mesmo nome, no topo da página)

Mercado de Natal da Cruz Vermelha Portuguesa

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Nos dias 7, 8 e 9 de Dezembro, das 11h às 21h,  o Time Out Market vai ser palco do Mercado de Natal da Cruz Vermelha Portuguesa. Encontro marcado por criadores e produtores das mais variadas áreas; moda, cerâmica, gourmet, joalharia, decoração e  brinquedos. Produtos 100% originais. Os melhores presentes de Natal!

Este Evento tem uma componente solidária e visa a angariação de fundos para as atividades do Centro Humanitário de Lisboa da Cruz Vermelha.

O bilhete de entrada no XMas Time Markert, tem o valor de 2€, e tem uma senha de desconto de 1€ dedutível em qualquer compra de valor igual ou superior a 10€.

Malta que anda ainda a leste, deixem-me dizer-vos que o Natal é já ali ao virar da esquina. Se pestanejarem duas vezes... é Natal. E onde estão os presentes para a mãe, para os filhos, para aquela tia que pica quando dá beijinhos, para o avô rabujento, para aquela sobrinha que é um doce, para a prima que se enfrasca sempre e diz as verdades todas, hum? Vamos embora. Compram e ajudam, que é o melhor dois-em-um que existe. Começa já no sábado!

Eu, chorona, me confesso

Sou a pessoa mais emocional que conheço. Emocional é se quisermos ser meigos. Se quisermos dizer a coisa à bruta, e talvez com verdade, podemos avançar com "maricas", "piegas", "dramática" e até "ridícula" que eu conheço. Com a idade, estou a ficar cada vez pior. Tudo me comove, tudo me faz ficar de lagriminha no olho, tudo. Mas a idade, reforço, só piorou. Lembro-me de ser criança e de chorar nas despedidas dos carros, quando a minha mãe os vendia para comprar outros. Lembro-me de lhes pedir desculpa e de chorar a sério, por sentir que devia ser tão duro ser substituído. Poder-se-ia pensar que esta sensibilidade infantil, esta tendência para personificar, dando vida e sentimentos a objectos, iria passar com o crescimento. Pois. Só que não. Quando perdemos o Kikonico do Mateus, no Brasil, chorei como se, de algum modo, tivéssemos deixado um de nós para trás. Continuo a chorar quando trocamos de carro. E hoje, quando a máquina de lavar velha e falecida saiu pela porta, levada pelos homens que vieram instalar a nova, só não chorei porque o pudor ainda vai levando a melhor. Brinquedos dos meus filhos, então, é um vê-se te avias. Lembro-me do dia em que me desfiz de um urso gigante que uns amigos levaram à maternidade quando o Manel nasceu. Meus amigos... deixei-o num cesto para entregar a outras crianças, saí, voltei atrás e foi preciso a minha irmã perguntar se queria que o fosse lá resgatar para eu cair em mim e seguir em frente. Sou ou não um caso perdido?

E anúncios? Bons anúncios? Anúncios de Natal, daqueles que deixam as pessoas maravilhadas e a mim podem deixar a chorar um rio. A Vodafone faz-me sempre esta gracinha. Mas este ano superou-se. Chorei tanto, tanto que o meu filho mais velho pensou que tinha recebido (mais) alguma má notícia. É só absolutamente maravilhoso. Não ganho um chavo com isto, não sou cliente Vodafone, por isso podem ver à vontade sem achar que estou a tentar influenciar-vos ao que quer que seja. 

Lentes progressivas? Moi? Oh yeah, baby

Andava já há algum tempo a achar que não via bem, mesmo com as lentes postas. Mas, sabem como é, um dia passa, o outro segue, há dias em que até parece que não passou de uma impressão, talvez um cisco, talvez o desfoque fosse, afinal, do vinho do jantar. Mas depois punha os óculos (naqueles dias em que não apetece pôr lentes ou temos os olhos cansados e achamos por bem dar descanso à retina) e a sensação permanecia, com a agravante de estarem todos riscados. Entretanto, o Manel partiu uma haste dos seus óculos, colou-a, depois partiu a outra, colou-a também, até chegar ao ridículo de levar os óculos sem hastes, só mesmo a parte frontal que pousava no nariz, e foi então que achei que talvez fosse altura de os substituir. 

Fomos então tratar do assunto. Passámos mais de uma hora a experimentar óculos. Gosto de me ver com óculos e foi o cabo dos trabalhos para me decidir. É verdade que não são para usar todos os dias, mas já que vamos investir, que seja nuns mesmo giros. Fiquei ali indecisa entre dois, mas lá acabei por escolher. O Manel experimentou dezenas e dezenas, optou pelos mais feios da loja (possivelmente os únicos feios da loja), uns Gucci que o faziam parecer uma de 3 hipóteses: um velho dos anos 70, um mafioso dos anos 70, um actor porno dos anos 70. A namorada, ao ver a fotografia, rogou para que não fizesse uma coisa dessas, alguns amigos disseram que eram o máximo, outros perguntaram se estava doido. Eu abstive-me de comentar até ao momento em que percebi que ia mesmo trazê-los. Esquece. É que é mesmo um rotundo não. Sou muito pouco de fazer este tipo de tomada de decisão, acho que os filhos têm o direito de ter os seus gostos, mesmo que sejam horríveis, e já comprei coisas que me revolveram as entranhas. Mas... vá. Há limites para a parvoeira. E estava mesmo a ver passar-lhe a excentricidade em 28 minutos e depois lá ficavam os óculos esquecidos algures numa gaveta. Nah. À vontade não é à vontadinha. Com óculos tão giros à escolha? Tenha juízo.

Quando já estávamos todos frescos, com as escolhas feitas, para dizer que queríamos então mandar pôr lentes de ver nos óculos, a optometrista que nos atendeu torceu o nariz: "Já não fazem uma consulta há quanto tempo? Vão manter as mesmas dioptrias sem ter a certeza se não houve evolução?" Cerrei os dentes. Eeeeerr... pois. Como eu tinha lentes de contacto postas não deu para fazer a consulta mas o Manel seguiu logo para o gabinete. Cheio de sorte, manteve tudo igual. 

Já eu... voltei no dia seguinte. E foi então que ouvi a dolorosa: o olho direito, que era mais espertinho, passou de 1,75 para 2,50. E o olho esquerdo, que já tinha 2 dioptrias passou para 2,50. Ficaram gémeos na miopia, que queridos. E depois, mais uma punhalada: "Então e ao perto? Sente alguma diferença?" Se aquilo fosse um filme, a imagem passaria para todas as vezes em que esta que vos escreve pegou em qualquer coisa que estava na mão e esticou o braço para conseguir ler: o telemóvel, quando um dos filhos chega e diz "olha só isto!" (enfiando o telefone mesmo na minha cara); a ementa no restaurante; a bula de um medicamento; e até, mais recentemente, o próprio do computador (tenho empurrado o ecrã cada vez para mais longe, até estar já quase na outra extremidade da mesa). Nisto, a imagem voltaria até mim que, depois desta recordação de todas as vezes que estiquei o braço para conseguir enxergar, respondi: "Talvez uma ligeira diferença... de vez em quando afasto as coisas para ler. Mas não é sempre!!!"

A optometrista Ivone Rocha, da MultiOpticas da Avenida da República, olhou-me com bonomia. Sorriu, complacente, e disse: "Vamos só ver, então". Como quem diz "não há-de ser nada mas é óbvio que estás uma toupeirinha". Quando me meteu o papel com as letrinhas minúsculas diante do nariz pigarreei. "São letras?" Eram. Não via nada. Zero. As lentes foram aumentando, aumentando, aumentando... até que se fez luz. Ou letras, no caso. Conclusão: vesga. Preciso de... tcharan! Lentes progressivas. Foi o mesmo que ter recebido um carimbo na testa: BELHAAAAA! 😂

A Ivone disse então que não dava para escapar aos óculos com as lentes progressivas. E ofereceu-me logo umas lentes de contacto progressivas para experimentar durante um mês. Pensei que ia ser um desatino: como raio sabem as lentes quando preciso de ver ao longe e quando tenho de ver ao perto? É que nos óculos percebo: a parte de cima é para ver ao longe, a parte de baixo é para ver ao perto (e deve ser uma confusão do catano até a pessoa se habituar). Mas nas lentes??? Aquilo anda para aqui às voltas dentro dos olhos! Bom, certo é que... foi incrível. Saí do gabinete e parecia que tinham lavado o mundo. Tudo definido, brilhante, bonito! Caraças, uma pessoa pode até deprimir por ver o mundo desfocado! É que a diferença foi mesmo gigantesca. E o espectáculo que é, não fazer aquela figurinha de esticar o braço para ler uma mensagem no telemóvel? Realmente, há coisas que são tão simples de resolver e fazem uma diferença tão grande. 

Obrigada à Ivone, que foi uma simpatia, mesmo na hora de dar "más" notícias. Quanto a mim, já decidi que lentes progressivas significam PROGRESSO. É isso. São lentes de pessoas que progridem, que não estagnam, que querem sempre evoluir! É só isso que significa, está bom? (mentira, significa que estes olhinhos já viram muita coisa, e já viram e isso, meus amigos, é uma bênção!)

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Pode ser pub, mas é possivelmente a pub mais rendida de sempre

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Às vezes andamos preocupados com a poluição na rua, com o ar que os nossos filhos respiram (e nós, já agora) e nem fazemos ideia do estado em que está o ar que respiramos na nossa própria casa. Sabiam, faziam sequer ideia, que o ar dentro das nossas casas pode ser MAIS poluído do que o ar externo? Pois. Eu também não sonhava. Mas os dados não são meus, não são inventados por mim. Atentem nisto: segundo a United States Environmental Protection Agency (EPA), a poluição dentro de casa pode ser até 100 vezes maior do que fora de casa. SAY WHAT????? Juro que nem queria acreditar e até fiz uma pesquisa no Google para ver se havia mais informação sobre isto e... adivinhem? Sim, confirma-se. No ar circulam microorganismos como mofo, ácaros, bactérias, vírus, pollen, alérgenos de animais, entre outros, que são causadores de asma, rinite e outras alergias respiratórias. 

Foi justamente para mudar este panorama que nasceu o purificador de ar Airfree. É um produto 100% português e com design compacto (e bonito, assim todo aerodinâmico), e que elimina de forma natural, silenciosa e sem manutenção, até 99,99% dos microrganismos presentes no ar. 

Quando recebi o Airfree pus-me a ler as instruções e achei estranhíssimo não ter de fazer rigorosamente nada. Nem meter água, nem coisíssima nenhuma. É ligar à tomada e... já está. Também pensei que fosse fazer algum barulho ou algum calor mas não. Nada. Nem calor nem qualquer tipo de ruído. A única coisa que tem é uma luz azul que os meus filhos agradeceram bastante, porque faz de luz de presença. 

Então e como é que funciona o bicho?

No interior do aparelho há um núcleo cerâmico com 32 mini dutos. Dentro destes mini dutos, o ar contaminado é aquecido a 200ºC por tempo de exposição suficiente para ser esterilizado pelo calor. Após a passagem pelo núcleo cerâmico, o ar atravessa a placa de resfriamento antes de retornar ao ambiente. Depois de ser esterilizado e resfriado, o ar levemente aquecido sobe, criando uma pressão negativa que força a entrada de ar contaminado pela base do aparelho, gerando um ciclo silencioso e contínuo de purificação.

Não é espertíssimo? E é português!!! Está a ser um sucesso tão grande que actualmente os produtos Airfree são exportados para mais de 60 países distribuídos pelos cinco continentes, melhorando a qualidade do ar em casas, lares, hospitais, escolas, hotéis e museus, entre outros. 

O que é que vos posso dizer? Que fiquei ali num dilema sobre onde colocar o Airfree (isto porque é preciso escolher uma assoalhada, uma vez que o aparelho deve ficar SEMPRE ligado, e de cada vez que se desligar volta o ciclo de bichezas) e decidi colocá-lo no quarto do Mateus e da Mada, porque a Mada anda com uma tosse que me parece alérgica. E... já lá vão duas semanas e querem acreditar que a tosse desapareceu? É totalmente perceptível a diferença no ar que se respira! Totalmente! Tenho de confessar uma coisa (a marca é capaz de não gostar, porque é suposto que o Airfree permaneça na mesma assoalhada para não perder o efeito, mas tenho de o contar por ser verdade e por ajudar a perceber como o produto é realmente bom): entretanto tirei o Airfree do quarto dos mais novos e levei-o para o quarto dos mais velhos, onde dorme o cão. E se já estava rendida, fiquei esmagada: quando se entrava naquele quarto, de manhã, havia uma sensação de rarefação do ar. São 3 almas que ali dormem: dois adolescentes e um cão. Havia cheiro a cão, a gente, era mesmo pesado, denso, quase palpável. E, juro por tudo o que me é mais sagrado, isso A-CA-BOU! Repira-se! E o Martim, que espirrava 3 mil vezes por dia, até anda a espirrar menos. A verdade é que esta casa tem muita gente, tem muita roupa e pó (apesar da nossa santa Emília lutar contra ele, acho que somos mais fortes que ela), e ainda temos um cão! É muita bicheza neste ar, de certeza absoluta.Olhem, tenho a dizer que estou muito satisfeita com o bichinho, que é recomendado, de resto, pela Associação Portuguesa de Asmáticos (APA).

Agora lixaram-me porque vou ter de comprar um para o quarto dos mais velhos e outro para o nosso quarto. Só me arranjam é despesas. Mas não vale ter dois filhos a respirar ar bom e negligenciar os outros (e os pais). Vamos a isso! 

#PUB

Contos... que contam!

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A Disney e a Leya, com o apoio da Missão Continente, lançaram a campanha "Contos Solidários", com o objectivo principal de contribuir para a associação Operação Nariz Vermelho (ONV), que desenvolve o seu trabalho junto dos serviços pediátricos dos hospitais portugueses, devolvendo sorrisos a crianças que, muitas vezes, têm poucas razões para sorrir.

Os contos clássicos da Disney estão disponíveis a 2,99€ cada um, sendo que por cada livro vendido, 0,50€ são doados à ONV. Os livros estão à venda em exclusivo nas lojas Continente, Continente Modelo e Continente Bom Dia e, desta colecção, fazem parte:

- Frozen

- Aladdin

- A Pequena Sereia

- O Livro da Selva

- Carros

- Pinóquio

- Bambi

- O Rei Leão

- Branca de Neve e os Sete Anões

- A Bela e o Monstro

De maneiras que é isto. Comprem os contos, que são sempre uma aposta ganha, ou não fossem eles clássicos com a assinatura da Disney, e apoiem os Doutores Palhaços, que fazem tanto pelos miúdos internados.