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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Sexta-feira há Clube de Leitura em Lisboa

E eu lá vos espero, com a alegria de sempre. Ainda não acabei de ler o livro do mês (como sabem, umas vezes há leitura única, outras vezes cada um lê o que quer e o que pode e a mais não é obrigado, e desta vez podíamos ler qualquer um dos dois livros traduzidos para português da Nobel da Literatura, Olga Tokarczuk. Eu estou a ler Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos e espero conseguir acabar até amanhã. Mas mesmo que não tenham conseguido ler todo, ou não o tenham lido sequer, mesmo que tenham lido outro ou outros, ou nenhum mas queiram ir ouvir falar de livros e contagiar-se para novas leituras... apareçam. Prometo que não se arrependem. Acho que passamos sempre bons tempos juntos. 

A partir das 19:30h, no Brown's Hotel. Rua da Assunção, 75 (na baixa lisboeta). 

Com o apoio (e o amor e carinho) da MultiOpticas.

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Entrevistas

Dei uma entrevista ao Paulo Farinha, para o DN Life. O Paulo Farinha foi meu editor quando colaborei com a Notícias Magazine. A entrevista foi logo ali em Setembro, tinha acabado de chegar de férias e entretanto a entrevista saiu e acho que ele contava que eu a divulgasse. É sempre esquisito isto de divulgarmos as entrevistas que nos fizeram mas não o fazer também é impedir que o trabalho de alguém chegue a mais gente, ou seja, também é foleiro para com um colega. De maneiras que... aqui fica (é clicar na imagem, se estiverem para ouvir):

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Assim sendo, e já que estamos na maré da partilha, aproveito para divulgar também a entrevista que dei à Cláudia Arsénio e ao Ricardo Santos, na TSF (mesmo sistema: clicar na imagem para ouvir):

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Obrigada aos três e desculpem lá este enorme delay... Love u, guys!

 

O Jardim

Adoro pessoas apaixonadas. Pela vida, por alguém, por um trabalho, por um projecto, seja pelo que for. A paixão e o amor pelas pessoas e pelas coisas tem uma energia própria que - acredito - pode mesmo mover o mundo. Um apaixonado vibra de entusiasmo e a sua alegria contagia-nos. É quase impossível ficar triste ou desanimado ao pé de alguém que esteja neste estado de entrega. E é por isso que hoje vos falo d'O Jardim. A Inês é irmã de uma colega minha da Primária. Não sei bem como, começámos a acompanhar-nos nas redes sociais, talvez porque ambas nos metemos em corridas e ela até fez um Half IronMan (e eu tentei já por duas vezes, e por duas vezes fiquei-me pelas estafetas, mas um dia a coisa vai!).Já tinha percebido que ela andava em obras e vai daí que, um  belo dia, vi uma publicação dela com fotografias lindas, lindas. A Inês tinha acabado de criar O Jardim. O Jardim é uma oficina de artes manuais para crianças dos 6 aos 11 anos.  

A Inês é uma admiradora da pureza e da imaginação inata das crianças. E quis dar-lhes um espaço onde pudessem sair da rigidez do dia-a-dia escolar e pudessem expandir ideias em arte e movimento, cultivando assim sementes que podem crescer e enriquecer a vida delas. A forma como a Inês criou o seu Jardim mostra que é uma apaixonada. E eu acredito nas pessoas apaixonadas. E tenho a certeza que ali vão nascer coisas bonitas e as crianças podem dar largas à sua criatividade (tantas vezes abafada por uma escola que é pouco dada a tudo o que é "fora da caixa").

Como não há nada como experimentar, podem já meter os miúdos este sábado, dia 30 de Novembro, numa das oficinas de artes para crianças dos 6 aos 11 anos, com o tema Natal. Com a ajuda da Inês, as crianças farão duas ou mais peças com materiais naturais como pinhas, bolotas, paus, também com lãs, tintas, materiais recicláveis e muito mais.
Assim:
🎨 Dia 30 de Novembro das 10h-13h ou das 15h-18h
🎨 Crianças dos 6 aos 11 anos.
🎨 Lanche caseiro incluído.
🎨 Todos os materiais incluídos.
🎨 Preço: 20€
🎨 Vagas limitadas a 10 crianças por horário e inscrição obrigatória AQUI

Também vai haver programa de Férias de Natal. Estejam atentos!

Entretanto, vejam as fotos d'O Jardim e digam lá se não apetece ir para lá "jardinar" também.

Captura de ecrã 2019-11-26, às 16.43.09.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.43.21.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.43.33.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.43.47.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.44.00.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.44.15.pngCaptura de ecrã 2019-11-26, às 16.44.26.pngjardim.jpg

O Jardim fica na Praça da República, Piso 1 - loja 16H - 2620-543 Ramada

 
 

Black Week do ClubeFashion

Por esta altura já é difícil escapar ao tema NATAL. Cá em casa já montámos a árvore, o que nunca tinha acontecido ainda em Novembro. Geralmente é sempre a 1 de Dezembro (quando não é mais tarde) mas este ano decidi deixar-me envolver pelo espírito natalício mais cedo, até porque vou passar boa parte do mês fora. É um lugar-comum falar no prazer de juntar a família e blablabla mas, que diabo!, os lugares-comuns levaram tempo a serem construídos e não devem, por isso, ser menosprezados. E a verdade é essa: adoro juntar a família, tanto que a junto muito mais vezes no ano do que só no Natal. Tenho 4 filhos e em cada um dos seus aniversários junto sempre a família, mesmo a mais alargada. Ou seja, são ao todo 5 reuniões familiares gigantes cá em casa, por ano. Uma espécie de cinco Natais. Felizmente, em 4 delas só tenho de pensar em presentes para os respectivos aniversariantes. Já no Natal... a coisa fia mais fino. Há sempre aquelas pessoas a quem gosto de dar um presente ou uma lembrança, por muito que até já tenhamos instituído o "amigo secreto" na nossa Consoada, para que não seja uma reunião tão marcada pelo consumismo desenfreado. Mas há sempre Aquelas pessoas, que gostamos sempre de destacar. E... assim como este ano decidi fazer a árvore de Natal mais cedo, também vou dedicar-me a tratar dos presentes mais cedo. Há anos que sou aquela pessoa que compra tudo no dia 23 e, muitas vezes, no dia 24. Apanho sempre tudo rapado, faço tudo à pressa porque entretanto há todos os afazeres da noite de Natal para tratar, e acabo a comprar coisas meio parvas ou estupidamente caras, só porque não planeei a coisa como devia.

A Black Week do ClubeFashion é mesmo uma excelente oportunidade para escolher bons presentes a óptimos preços e, de uma penada, despachar logo imensos presentes. Na verdade, o ClubeFashion é bom todo o ano, com oportunidades em todas as áreas possíveis e imaginárias: Moda, Beleza, Casa, Tecnologia e Experiências/Escapadas. Comecem a explorar o site e depois digam lá se não é de perder a cabeça. Nesta altura da Black Friday (que já passou a week) é mesmo uma tentação. Hoje falo-vos em concreto de Vileda no ClubeFashion, a preços imbatíveis. Ah, sim, meus filhos, não pensem que me caem os parentes na lama por oferecer produtos de limpeza. E não pensem que ninguém vai querer receber cenas para limpar a casa, que só assim de repente lembro-me de várias pessoas que se pelavam por receber algumas das coisinhas de que vos falo aqui.

Por exemplo... EU! A mim, vou oferecer o Robot Aspirador da Vileda, o VR 201 Pet Pro, que é ideal para quem tem animais domésticos. O bicho é programável, aspira e carrega-se sozinho e tem um modo silencioso. Ou seja, anda lá na vida dele sem chatear ninguém . E eu tenho o cão, e os pêlos do cão, e vai ser divertido vê-lo a fugir a sete pés do robot. Está feito. Já tenho presente para mim

Para o meu primo que acabou de ter um bebé e está histérico com a limpeza (coitadinho, é dar-lhe tempo) também podia dar-lhe este robot mas depois o bebé começa a gatinhar e já o estou a imaginar neurótico com medo que o aspirador engula a criança (óbvio que é impossível mas pais de primeira viagem por vezes ficam sem capacidade de raciocínio) e, sendo assim, acho que vai corrido com a Mopa a Vapor Steam 2.0. Esta grande querida aquece em 15 segundos, limpa manchas, poeira ou restos de gordura sem o uso de químicos, apenas com vapor de água!  Pode ser usada em pavimentos duros, alcatifas e tapetes e,  mais importante ainda, para pais nervosos, ELIMINA 99,9% das bactérias (a Vileda diz lá no site e é o que tenciono dizer ao meu primo).

Para uma amiga que tem gatos que largam pêlo por todo o lado, não me ensaio nada em oferecer a Mopa Robot Virobi Slim. Esta pequena ajudante silenciosa recolhe os pelos e a sujidade nuns panos descartáveis e ajuda a manter a casa limpa fácil fácil.

Vá, e porque o preço está mesmo óptimo e o ando a namorar há imenso tempo… não vou resistir a oferecer a mim própria também o Balde Vileda Turbo, que oferece máxima limpeza sem esforço, graças ao seu sistema de centrifugação da esfregona rotativa ativado pelo pedal do balde. Juro que vejo o anúncio na televisão e fico sempre fascinada. É desta!

Ah!!!! Usem o PromoCode COCONOVEMBRO e podem ter 5€ de desconto em compras iguais ou superiores a 49€.

Isto é que vai ser uma limpeza, este Natal! Não só no despacho com que vou resolver problemas como... literalmente. Tudo limpinho e a brilhar. :)

#PUB 

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Clube de Leitura do Porto by MultiOpticas: fomos muitos e bons!

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Começaram a chegar e a rodinha de cadeiras que tinha feito não chegou. Tivemos de acrescentar mais uma e mais outra e outra e mais não sei quantas. A minha boa gente do Porto (e arredores) espalhou a palavra, trouxe amigos, filhos, e de repente éramos muitos, numa roda gigante à qual só faltava uma fogueira no meio, mas os senhores do Vila Galé eram capazes de não apreciar. Tivemos várias primeiras vezes, o que também é um sinal de vitalidade, e crianças, o que me dá sempre enorme alegria porque acredito que estas são sementes que só podem dar frutos.

A Liliana, por exemplo, levou os dois filhos, que ficaram deitados no chão a brincar e fizeram algum espalhafato típico das crianças. A mãe ficou quase o tempo todo a fazer "shhhhhhhhh", até sair de fininho. A mim não me incomodou nadinha, adoro crianças e adoro que estejam nestes ambientes desde cedo, acho que assim será mais fácil apanharem o bichinho da leitura (ou então não, já não percebo nada disto, os putos são imprevisíveis). O Matias, de 4 anos, filho da Liliana, levou o Rei Leão e tencionava contar a história mas acabrunhou-se e acabou por preferir ir brincar.

A Sofia confessou que anda a ler menos do que queria mas que falou de um livro que foi dos que mais gostou até aos dias de hoje (assim não admira que não tenha lido muito mais, depois de se tocar numa obra-prima todas as outras obras ficam meio sem graça, pelo menos até se fazer uma espécie de paragem de segurança). O livro de que a Sofia falou é: Diário da Guerra aos Porcos, de Adolfo Bioy Casares. "Passa-se em Buenos Aires na década de 30 e o tema implícito é a velhice. Muito bem escrito, com uma ironia e um sarcasmo extraordinários. Um dos livros de que mais gostei." O livro relata o ódio contra os velhos, que são perseguidos por jovens atléticos. Os velhos têm de aprender a mover-se pela cidade a horas tardias, como marginais perseguidos, vivendo numa guerra contra grupos rivais mas também contra um inimigo comum: a inevitável passagem do tempo.

A Raquel leu Eu Confesso, de Jaume Cabré, que conta a história de Adrià, cujo pai está determinado a transformá-lo num poliglota, e a mãe num violinista virtuoso. O rapaz procura satisfazer as ambições que depositam nele, até ao dia em a morte misteriosa do pai o leva a questionar a origem da fortuna familiar. A par e passo com a história familiar vai-se também desvelando a cruel história europeia: uma cadeia de eventos iniciada na Idade Média, com repercussões trágicas até à actualidade. A Raquel também leu Milkman, de Anna Burns, mas não gostou nadinha. Eis a sinopse do livro: "Nesta cidade sem nome, ser interessante é perigoso. A irmã do meio, protagonista deste romance, empenha-se em evitar que a sua mãe descubra a identidade do namorado e em não dar explicações sobre os encontros com o leiteiro. Mas quando o cunhado um descobre a situação e começa o rumor, a irmã do meio torna-se «interessante». A última coisa que queria ser. Porque, nesta cidade, ser interessante implica que te prestem atenção e isso é perigoso."

A Mariana, de 12 anos, fez uma impressionante descrição d'O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne e d'A Rapariga de Casaco Azul, de Monica Hesse. "Gosto muito de livros sobre a época do nazismo. Este último é um livro pesado mas, ao contrário do anterior, acaba bem. Acho muito interessante saber como foi viver nesta altura, como foi possível tudo o que se passou." 

A Marisa falou-nos do livro Senta-te Quietinho Como uma Rã, de Eline Snel. Explicou a Marisa que uma amiga lhe ofereceu o livro, que diz na capa ser para "crianças dos 5 aos 12 anos (e para os seus pais). A Marisa pensou que a amiga estava tola. Afinal, a Marisa ficou surpreendida porque "é um livro que ensina a desligar (tem técnicas de Mindfullness) e é muito bom mesmo". Também leu Raparigas Como Nós, de Helena Magalhães. A história? Festivais de Verão, tardes na praia, experiências com drogas, traições e festas misturam-se com amores improváveis e velhas amizades. Um romance que se passa em Lisboa, Cascais e Madrid, e que mostra tudo o que pode esconder-se atrás da vida aparentemente normal de uma rapariga como qualquer outra. Outro livro: O Regresso, de Hisham Matar. "Um dos melhores livros que li até agora" Uepaaaa! Já vão dois livros com esta nomeação no mesmo clube de leitura, atenção! O Regresso é a história verdadeira do que aconteceu ao autor. Hisham Matar tinha dezanove anos e estudava em Inglaterra quando o pai foi raptado e feito prisioneiro na Líbia. Nunca mais voltariam a ver-se, mas Hisham nunca perdeu a esperança de vir a reencontrar o pai com vida. Vinte e dois anos mais tarde, graças à queda de Kadhafi, o autor regressou ao seu país natal em busca da verdade. Um comovente livro de memórias. Por fim, Marisa ainda nos falou de Desistir Não É Opção, de Paulo Sousa Costa, a história verdadeira de um pai que reaprende a (sobre)viver depois da morte súbita do filho, e de como o livro e o autor a tocaram para sempre.

A Verónica leu Um Pequeno Favor, de Darcey Bell. Duas melhores amigas, uma pede à outra que lhe apanhe o filho na escola. Só que... a amiga não regressa. Não atende o telefone nem responde. Quando começa a busca, surgem notícias terríveis. Mas serão verdadeiras? Acabamos a descobrir que nada nem ninguém é o que parece.

O Segredo Mais Bem Guardado, de Jeffrey Archer foi o livro que a Cláudia leu, além do Pequenos Fogos em Todo o Lado, de Celeste Ng (que foi também o que eu li). O primeiro é, na verdade, o terceiro volume da série The Clifton Chronicles, que tem cativado milhares de leitores em todo o mundo. Depois de Só o Tempo Dirá e Os Pecados do Pai, este livro continua a contar a história dos Clifton, com uma nova geração da família. Quanto aos Pequenos Fogos em Todo o Lado... a Cláudia gostou bem mais do que eu. É a história de uma cidade em que tudo é certinho, tudo foi pensado a régua e esquadro Eu achei uma história banal, achei que parecia um daqueles filmes de domingo para ver com uma manta nas pernas, tipicamente americano, em que só faltou terminar com a bandeira americana desfraldada numa porta de uma moradia (se fizessem um filme do livro era bem capaz de ser esse o plano final). Desculpa, Beatriz Mendes (um dos membros do clube de leitura de Lisboa, que recomenda sempre livros óptimos mas que, com este, não me convenceu). Gosto de ti na mesma! 

A Francisca, que tem 11 anos, leu A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares, de Ransom Riggs. Disse que achou o livro assustadoramente grande, quando lhe pegou, mas que no final ficou com pena que tivesse acabado tão cedo. Uma lição: nem sempre um livro grande é um tormento. Por vezes passa mais depressa pelos nossos olhos do que um livro que achamos que se lê num instante. Gostei muito de ouvir a Francisca, ainda mais nova que a Mariana e ambas a fazerem apresentações tão boas. Bem-vindas ao clube, meninas! 

O Beco da Liberdade, de Álvaro Laborinho Lúcio, foi o livro que a Conceição, bem como O Chão Que Ela Pisa, de Salman Rushdie. O primeiro conta a história de um crime ocorrido numa aldeia do norte do país, e um jornalista que fez a cobertura do acontecimento. Passados 50 anos, o juiz do crime e o jornalista voltam a encontrar-se, só que desta vez é o juiz que se senta no banco dos réus. A partir destas duas personagens, Laborinho Lúcio reflecte e leva-nos a reflectir sobre o jornalismo e o seu imediatismo, sobre a justiça, sobre o tempo, sobre o bem e sobre o mal. O segundo é uma história de amor, morte e rock'n'roll, um encontro entre o Oriente e o Ocidente.

A Isabel, que foi pela primeira vez, falou-nos num livro interessante chamado Como Não Morrer de Fome em Portugal, de Lucy Pepper. O périplo de uma inglesa pela gastronomia portuguesa. "Achei imensa graça quando ela escreveu que a primeira vez que viu o nosso Cozido à Portuguesa lhe pareceu um campo de batalha. Depois, foi-se deixando cativar pelas nossas particularidades e compreendendo a riqueza da nossa gastronomia." O livro é um retrato cómico de Portugal a partir daquilo que comemos. Achei a ideia uma maravilha.

O Paulo contou-nos como o livro Heart of Darkness, de Joseph Conrad o marcou. O romance conta a história de Charles Marlow, um inglês que consegue trabalho a bordo de um barco a vapor num rio africano, com o objectivo de transportar marfim. Porém, a sua tarefa mais urgente é devolver Kurtz, um famoso comerciante de marfim, à civilização. A narrativa simbólica dentro da narrativa, a história dentro da história, faz com que não seja um livro propriamente fácil. O livro inspirou o filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, apesar de retratar tempos muito mais remotos. Além deste livro, o Paulo leu-nos um poema de Alice Vieira, referindo que a autora é sempre conotada com o público infantil, mas que tem uma obra poética que importa conhecer.

A Ana, que também foi uma estreia, impressionou toda a gente (acho que posso dizê-lo sem exagerar) com a sumptuosa descrição dos seus livros. Trouxe um mais recente e um mais antigo. "Estava à procura de um livro para ler e vi um livro com um título curioso: Kafka à Beira-Mar. Pensei, um gajo que escreve este título deve valer a pena. Mas depois pensei melhor: eu nunca li Kafka... se calhar é melhor escolher outro, do mesmo autor, para começar. E então trouxe este: A Sul da Fronteira, A Oeste do Sol, de Haruki Murakami. O que achei do livro é que é simplesmente belo e belamente simples. Nunca tinha lido um autor japonês. Acompanhamos a personagem desde os seus 12 anos até aos quarenta e tais. A escrita é muito bonita e entra na nossa pele. Hajime, a personagem principal, conta-nos quem é, com as suas qualidades e defeitos. Quando era um menino, faz amizade com Shimamoto, e os dois tornam-se unha com carne. Mas o destino faz com que os dois companheiros de escola sejam obrigados a separar-se. Os anos passam, Hajime segue a sua vida. A lembrança de Shimamoto, porém, permanece viva, tanto como aquilo que poderia ter sido como aquilo que não foi. De um dia para o outro, vinte anos mais tarde, Shimamoto reaparece certa noite na vida de Hajime. Para além de ser uma mulher de grande beleza e rara intensidade, a sua simples presença encontra-se envolta em mistério. Da noite para o dia, Hajime vê-se catapultado para o passado, colocando tudo o que tem, todo o seu presente em risco. Desgraçadamente, a Ana contou-nos o final, que não conto aqui, mas a forma intensa como contou o livro faz com que a desculpemos por esse momentos spoiler. :)

Além deste livro de Murakami, Ana falou-nos com verdadeira paixão daquela que é, para ela, das suas obras preferidas: Os Miseráveis, de Victor Hugo. "É o relato da condição humana mas também é uma história de redenção. Até os agentes de maldição se tornam agentes de redenção. É um livro absolutamente extraordinário."

O Ministério da Felicidade Suprema, de Arundhati Roy foi o livro de que a Marta falou (ainda não tinha lido todo, mas ia a meio). Depois de ter considerado O Deus das Pequenas Coisas, da mesma autora, o seu livro preferido, foi com alguma desilusão que leu este (e por isso nem o tinha terminado ainda). O livro é uma viagem íntima pelo subcontinente indiano, desde os bairros superlotados de Deli às montanhas e vales de Caxemira. É uma história de amor e uma provocação. As suas personagens são almas que o mundo quebrou e que o amor curou. 

A Marta aproveitou para dizer ao Paulo, que o Heart of Darkness foi um livro que lhe deu a pior nota da faculdade (e Paulo riu-se dizendo que foi a sua melhor nota). "Odiei o livro e tenho um verdadeiro trauma. Nem posso ouvir falar dele." Ainda nos rimos com as diferenças que podem existir e com o que aquilo que para uns é excelente, para outros pode ser terrível.

A Inês leu As Inseparáveis, de Kristin Hannah. A história de duas amigas, inseparáveis. Quando uma delas morre, a outra tenta cumprir a promessa que lhe fez, de apoiar os seus filhos. Mas a amiga que sobrevive desconhece o que é ser mãe, ter uma família e preocupar-se com os outros.A sua própria mãe abandonou-a várias vezes e agora reaparece, desesperada por uma oportunidade de ser boa mãe. No fundo, uma história de mulheres perdidas, desorientadas, e com vontade de mudar as coisas e de fazerem a sua redenção.

Outro livro que a Inês leu foi A Imperfeição É Uma Virtude, de Brené Brown. Todos os dias nos dizem como devemos ser. Fazem-nos acreditar que se tivermos uma aparência impecável e uma vida perfeita não iremos sentir-nos desadequados. E assim a maioria das pessoas atua diariamente, fingindo-se feliz e perfeita. Brené Brown entra na nossa mente e explica como podemos encontramo-nos connosco. 

E, ainda a Inês, leu O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher. Um daqueles livros com a capacidade de provocar mudanças profundas na nossa vida. É uma história do percurso de um cavaleiro a caminho da verdade e da vida. No fundo, o caminho do cavaleiro poderá ser o nosso caminho, de modo a libertarmo-nos das barreiras que nos impedem de nos conhecermos a nós mesmos. A Inês adorou.

A Maria João, que aproveitou para dizer ao Paulo que também ela odiou o Heart of Darkness (caramba, 2-1, Paulo...), leu o livro Pensar, Depressa e Devagar, de Daniel Kahneman. O autor, que não é economista mas sim psicólogo, ganhou o Prémio Nobel da Economia em 2002 pelo seu trabalho fundamental em psicologia que questionou o modelo racional de tomada de decisões e de formulação de juízos. Pensar, Depressa e Devagar transformará a maneira como pensamos acerca de tudo. E a Maria João, que se define como muitíssimo racional, deu por si a duvidar das suas decisões. Afinal, serão elas assim tão racionais?

A Isabel foi pela primeira vez ao clube e leu um livro que, por ser verdadeiro e por ser tão assustador, não recomenda: A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert. Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por cinco extinções em massa, nas quais a diversidade da vida no planeta se reduziu drástica e subitamente. Desta vez, a extinção é provocada por uma única espécie: o Homem. 40% dos anfíbios, um terço dos corais e dos tubarões, um quinto dos répteis e um sexto das aves estão em vias de extinção. O resto das espécies podem seguir-se e muito mais depressa do que se espera. A Sexta Extinção é uma leitura recomendada por personalidades como Yuval Noah Harari, Al Gore, Bill Gates ou Barack Obama. 

Também falou sobre os Contos, de Tchékov, de que não gostou assim tanto por serem assim meio "sobre nada" e sobre os Jogos da Noite, de Stig Dagerman. "Um livro extraordinário com uma linguagem que corta como uma faca. Um livro sobre a solidão, a falta de amor, os vícios, a angústia, a dificuldade de comunicarmos uns com os outros e o medo." (a não ser lido por quem esteja deprimido).

A Maria João (outra Maria João), leu A Gorda, de Isabela Figueiredo, e gostou muito. E a Ana leu Eliete, de Dulce Maria Cardoso, e ao contrário de quase todas nós, que já lemos e aguardamos pela sequela, não gostou. "É uma mulher com uma grande pancada, a Eliete, muito problemática. E o final parece caído do céu aos trambolhões."

O Diogo trouxe-nos Inesquecível, de Alexandra Bracken. Uma distopia, tal como o Diogo gosta. Basicamente, há uma doença que se espalha e os sobreviventes são adolescentes. Não me pareceu que tivesse achado fascinante. 

A Mariana leu Pequenos Fogos em Todo o Lado, de Celeste Ng. Não gostou nem desgostou, leu rápido e serviu de entretenimento.  Leu também A Menina Perdida e Achada, de Brooke Davis. A história de Millie, uma menina de 7 anos que começa um Livro de Coisas Mortas, no qual regista todas as coisas que lhe tocaram o coração e desapareceram. A Coisa Morta nº28 é o seu pai. Pouco tempo depois, a mãe abandona-a num centro comercial e não volta. A vida de Millie acaba a cruzar-se com as vidas de Karl, de 87 anosm e Agatha, de 82, que partem juntos em busca da mãe de Millie e, pelo caminho, vão descobrir que as crianças podem ser sábias e que a velhice não equivale à morte. A Mariana leu ainda Secrets Of The Millionaire Mind, de T. Harv Eker, que mostra a razão pela qual uns têm habilidade de ganhar dinheiro e outros nem tanto, e como a infância, as experiências familiares e a mentalidade mais profunda moldam a nossa visão do dinheiro. E ainda... (raça da rapariga!) A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. Li este livro há uma vida e tenho imensa pena de não me lembrar de nada, mas sei que o adorei. 

A Ana (tanta Ana que há neste grupo, caneco, tenho de saber os apelidos para começar a distingui-las) foi pela primeira vez, desafiada pela Maria João (uma das Maria Joões) e tem a intenção de ler mais, uma vez que passa a vida a ver números. Está a ler 12 Regras Para a Vida, de Jordan B. Peterson, um livro em que o autor, um dos mais polémicos pensadores contemporâneos, nos diz que vivemos num mundo caracterizado ou pela ausência de valores ou pela entrega a crenças totalitárias. Ora, quando não há valores, falta-nos um sentido para a existência; mas se aderimos cegamente a uma crença, colocamo-nos em confronto com as restantes. A alternativa é assumir as nossas responsabilidades individualmente. Dizem as críticas que, no fim do livro, nunca mais olharemos para uma lagosta da mesma maneira (tudo porque nos é explicado que as lagostas povoam a terra há 350 milhões de anos e há 350 milhões de anos que o fazem obedecendo a uma rígida estrutura hierárquica: as mais fortes têm direito ao melhor território, à melhor comida, às melhores fêmeas. As mais fracas vergam-se à autoridade - a ponto de caírem em depressão. A organização social das lagostas é o ponto de partida da primeira regra deste livro: Levante a Cabeça e Endireite as Costas.)

A Balada de Adam Henry, de Ian McEwan, foi o livro lido pela Catarina, que também teve a sua estreia no nosso clube. A Anabela (que não vai há umas sessões) já tinha trazido este livro: a história de um menor que é Jeová e que tem uma doença que obriga a uma transfusão de sangue. A família não permite e a juíza encarregue do caso decide que ele deve receber a transfusão de sangue para ser salvo. O desfecho levou a Catarina a pensar que, por muitos caminhos distintos que se nos apresentem, o que tem de acontecer acontece. Isto gerou alguma discussão sobre o determinismo versus o livre arbítrio, o que é sempre frutuoso. 

Por fim, o Alfredo, natural do Uruguai, mas que viveu no Rio de Janeiro, em Cambridge, em Princeton, em Washington, em mais não sei quantos sítios e por fim em São Paulo e há um ano veio para Portugal, mais concretamente, para o Porto, com a mulher Luli, Venezuelana. O Alfredo lançou ele mesmo um livro, Teresa Voa (Alfredo Behrens). A história de uma vaca que decide procurar pastos verdes noutras pastagens, já que lá onde ela mora está tudo seco. Tudo porque um pardal a aconselha a aprender a voar, para ir com ele ver os pastos mais verdes. As aventuras dessa vaca voadora até pousar em Washington são uma verdadeira delícia e fazem-nos pensar que não há impossíveis. :)

Obrigada, malta do Porto. Vocês foram incríveis, maravilhosos, estupendos, fabulosos! Eu sei que querem muito que este clube dure a vida toda. Vamos ver se o fazemos durar! 

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O PRÓXIMO ENCONTRO NO PORTO É NO DIA 5 DE DEZEMBRO, A PARTIR DAS 19H, NO VILA GALÉ PORTO (EM LISBOA É JÁ NO DIA 29 DE NOVEMBRO).

Obrigada à MultiOpticas pelo apoio que dá à leitura e ao cuidado dos nossos olhinhos.

Obrigada ao Vila Galé por nos receber tão bem.

Conhecer a história da família

Há umas semanas recebi uma oferta preciosa. Inesperada e verdadeiramente mágica. Um amigo, historiador e genealogista, convidou-me para almoçar e, de repente, estendeu-me um envelope. Lá dentro, isto:

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Aqui está, então, uma investigação feita pela LMT (Abreu Loureiro, Correia de Matos e Galvão Teles), sobre a ascendência dos nossos filhos. A investigação foi feita tendo como ponto de partida os pais deles (nós) e chegou até aos tetravós, de ambos os lados da família, e refere datas e locais de nascimento, datas e locais de casamento, profissões, datas de morte (mas pode ir tão longe quanto haja registos). O estudo familiar tem vários documentos anexos, das conservatórias, alguns ainda manuscritos, e para quem, como eu, adora memórias isto foi mesmo assim um bombom que recebi e que me deu um enorme prazer folhear. A memória descritiva dos antepassados vem acompanhada de um esquema genealógico que forma a respectiva "árvore de costados", que permite assim uma melhor compreensão de tudo o que está escrito. O estudo traz ainda fotos das igrejas onde houve casamentos e baptismos familiares, brasões de terras da família, fotografias antigas de vistas de cidades familiares. 

E, assim, de repente, dei por mim comovida a ver nomes de bisavós, que não conhecia, demos por nós a imaginar a vida daqueles que, lá tão para trás no tempo, nos deram vida a nós, surpreendemo-nos a ouvir o Lourenço dizer como é raríssimo um apelido composto como o que os nossos filhos têm durar tantas gerações e nós a constatarmos que foi por pura sorte que o mantivemos no nome deles. Ficámos com vontade de lhe pedir que escavasse mais, até porque o Lourenço acha que o Ricardo ainda será da família do médico e escritor Jaime Cortesão, e era giro confirmar isso. 

Estes estudos genealógicos são caros e percebe-se. Há aqui um trabalho intenso, de sapa, de andar nas Conservatórias à procura dos fios desta meada familiar e, claro, quanto mais para trás se anda, mais difícil fica (e mais caro também). O Lourenço contou-nos então algumas curiosidades interessantes que já descobriu, na sua vida profissional, nomeadamente de pessoas absolutamente "normais" (leia-se sem quaisquer vestígios de aristocracia na família mais próxima) que ele descobriu serem descendentes de reis, por exemplo, ou de grandes figuras históricas, e vice-versa: gente com muita mania de nobreza e com antepassados bem plebeus (ops...). Aliás, como ele mesmo me disse, "todos os dias se descobrem coisas engraçadas". Ainda ontem, quando o Lourenço procurava o casamento de uns bisavós de um amigo, a pedido dele, descobriu que o padrinho desse casamento foi, nem mais nem menos, o seu próprio bisavô. Imaginem só a quantidade de coincidências que se podem descobrir. 

Acho isto um presente giríssimo. Comovente, mesmo. Se for complicado para uma pessoa só oferecer, podem sempre juntar-se vários primos ou vários amigos para oferecer a alguém. Mesmo quem diz que não se interessa pelas suas origens acaba a ficar rendido. Acho mesmo praticamente impossível não se ficar enternecido. É como se fosse um bocadinho a explicação de nós que ali está. Muito do que somos, quem sabe até um bichinho profissional qualquer que se descobre vir de trás, quem sabe até um sangue azul que se descobre (pode não servir de grande coisa mas fica sempre bem dizer, num jantar, "sabes que descendo de Vasco da Gama?"). 

Obrigada, Lourenço. Adorei.

Em breve vou fazer um passatempo no Instagram onde podem habilitar-se a ganhar um voucher para um estudo como este. Entretanto, podem conhecer a página de Facebook deles AQUI e a de Instagram AQUI.

Há verdades que são para se dizer

Ponto prévio: este post não é publicidade. Nunca tive, nem num passado remoto, nem num passado recente, nem no presente, qualquer tipo de relação comercial com a marca. Dito isto, passo a referir o seguinte: creio que não há no mercado marca de roupa infantil com tanta qualidade como a Metro Kids. Bom, vamos aqui parar só para fazer uma ressalva. Não compro nada da marca há anos, porque passei a ter 4 filhos e deixei de comprar roupas caras e, por isso, a qualidade pode já não ser a mesma de quando comprava tudo lá, ou seja, quando só tinha o Manel e eu era rica (mas, vá, pobre comparando com a grande riqueza de agora ter uma família grande, deixa-me cá fazer a ressalva antes que venha alguém fazê-la). O meu pequeno príncipe tinha camisas, polos, t-shirts, camisolas, calças, sapatos... tudo da Metro Kids. Acho que nem sequer considerava outras marcas - era tudo de lá. Quando o Martim nasceu, também lá comprei muita coisa, mas já menos porque, claro, ia "herdar" do irmão. Pronto, depois nasceu a Mada e se lá comprei 5 peças foi muito. Já o Mateus nunca recebeu uma única peça da Metro Kids comprada por mim. Mas, a verdade é que TODAS as camisolas, camisas, polos da marca que vou recorrentemente buscar à arrecadação estão absolutamente impecáveis. Como novas. E este post nasce justamente porque ontem fui à arrecadação procurar as gavetas com as roupas para a idade do Mateus e voltei a ficar surpreendida com camisolas de lã sem um único borboto, polos que já foram lavados até à náusea (de tanta volta que já deram na máquina) e mantêm as mesmas cores vivas e nada desbotadas. É mesmo, mesmo impressionante, e o que é verdade é para se dizer, ainda que nunca aquelas benditas almas se tenham lembrado aqui da Cocó para uns bonitos posts patrocinados. Espero que, com o passar do tempo, a qualidade não se tenha perdido. Quanto ao Mateus, pode bem agradecer ao primogénito por uma incrível colecção de roupa irrepreensível. Se não fosse isso, coitado, era bem capaz de andar sempre de fato de treino. 

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Festa de arromba: check!

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E pronto. Estão concluídas as festividades do Manel. Depois de termos ido sair só os três, depois da festa com 18 familiares cá em casa, foi a vez de se juntar com os amigos numa casa na Verdizela que arrendámos para o efeito (First In). Na verdade, foram eles que arrendaram: juntaram-se, organizaram-se em termos de massas, fizeram contas, disseram quanto tocava a cada um e lá foram. Nós, os pais, levámos miúdos de carro, outros foram lá ter, e ajudámos a levar sistema de som, bebidas, comidas. O meu único papel foi mesmo o de ter encontrado a casa (ou a casa ter-me encontrado a mim, o que para o caso é indiferente).

A Joana, proprietária da casa, foi espectacular. Explicou tudo (a casa bem carece de explicação porque é gigante), recebeu a malta com imensa simpatia e fez com que todos se sentissem... em casa.

A moradia tem seis quartos, se bem que como dois são em duplex, acabam por ser, na verdade, oito quartos. Ao todo, dormem 21 pessoas. Mas podem dormir mais, se levarem colchões. São mais de 500m2 de área construída, com um pé direito absurdo. Para terem uma ideia, quando a proprietária comprou a casa e quis pintar as paredes da sala... teve de ser com recurso a andaimes! A Joana comprou justamente para rentabilizar: arrenda para fins-de-semana, férias, e até para jantares de Natal. Tem uma sala de estar enorme, com mesa de snooker e um piano de cauda. A sala de jantar tem uma mesa enorme, a cozinha também é gigante e está equipada com tudo e mais alguma coisa. Tem mesa de matraquilhos, ginásio, um jardim enorme, piscina, forno a lenha. Arquitectonicamente não faz o meu género mas isso interessa pouco porque tem tudo o que é preciso para um festão (ou fim-de-semana ou férias com amigos). 

Confesso que estava em pânico. O Manel até costuma ser certinho e tal mas não tenho ilusões, até porque, ao contrário daquilo que parece acontecer com muitos pais, eu já tive a idade dele (e lembro-me!). E uma coisa é o que somos de dia, perto dos nossos pais, outra coisa é o que somos à noite, perto dos nossos amigos. Digamos que por vezes há uma transformação como da água para o vinho (indeed). Ou, usando outra expressão bem conhecida: à noite todos os gatos são pardos (leia-se bêbados). De maneira que eu só conseguia imaginar um ou outro conviva menos tolerante ao álcool a vomitar para dentro do piano de causa ou para cima da mesa de snooker. Também temi que algum se armasse em passarinho, voando do andar de cima para o andar de baixo e aterrando em plena sala. Ou que decidissem ir para a piscina, trêbados. Enfim, toda a sorte de misérias me passou pela cabeça mas o que vale é que é tudo gente como deve ser e correu tudo às mil maravilhas. Como a casa está longe de outras casas puderam pôr música aos berros e dançar até às 6h da manhã. Com a vantagem de poderem dormir até quererem, no dia seguinte, porque... estavam em casa. Foi isso, de resto, o que a Joana e o Pedro nos fizeram sentir: que a casa era nossa (ou melhor, deles, do aniversariante e dos seus convidados). Adorei, adorámos, e estamos clientes. Tenho para mim que ainda vamos celebrar muita festa nesta casa. 😊

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Racing Varius: uma empresa para esquecer

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Vocês sabem que é raro usar este espaço para dizer mal. Nem sei se alguma vez aconteceu, assim expressamente vir aqui contar uma situação que correu mal e alertar a malta para não cair na esparrela. Por um lado porque tenho tido sorte, não acontece assim tantas vezes sentir-me tão enganada como desta vez, por outro porque tento sempre a via do diálogo, e porque prefiro de longe dar palco ao bom do que ao mau. Mas desta vez não podia mesmo deixar passar isto em claro. Até porque acho importante avisar a navegação de que o melhor é não fazerem o que eu fiz, sob pena de vos correr mal a vidinha.

No ano passado a minha irmã e eu oferecemos ao nosso pai, pelo aniversário, um voucher para ir conduzir uma grande máquina ao autódromo do Estoril. Ele sempre gostou de carros XPTO e de velocidade, já não tem assim muitas coisas que gostasse propriamente de ter, e então achámos que podia ser boa ideia oferecer um shot de adrenalina ao homem. Trocámos mensagens e marcámos. 

Durante o ano, a empresa Racing Varius marcou 4 eventos no seu Facebook (24 Novembro; 17 Fevereiro; 28 Abril, 14 Julho). Quem comprava o voucher tinha de ficar atento para ver quando era lançado novo evento (leia-se: possibilidade de conduzir a máquina escolhida no Autódromo) e tentar encaixar-se. Não havia envio de informação a ninguém. Era preciso estar atento ao FB da marca e ver quando se conseguia encaixar a data deles na nossa vida. A minha irmã marcou tudo para vir ao quarto evento porque nos outros três nunca deu - fosse por mim, pelo pai, ou por ela. Estava então tudo marcado quando ela, por descargo de consciência, decidiu ir à página de Facebook na véspera do dia marcado. Tinha sido cancelado. Com esse cancelamento (que não é comunicado a não ser na página de FB, ou seja:vês vês, não vês visses), ela perdeu a marcação de hotel que tinha feito. Ficou danada mas, pronto, é a vida, azares sucedem. Até que marcou para o quinto evento do ano: dia 10 de Novembro. Não dava propriamente muito jeito, porque era o aniversário do Mateus, mas tentámos ver o copo meio cheio: assim dava para vir dar um beijinho ao sobrinho e irmos com o pai, lá pelo meio do dia, fazer a experiência ao autódromo. E assim foi. 

No dia 10, de manhã, o Mati reuniu cá em casa os 10 amiguinhos e foi uma animação. A seguir a sair o último, saí eu. Os rapazes e a rapariga ficaram a arrumar a casa e eu fui buscar o pai e a Nana. Seguimos juntos para o autódromo. No caminho, a minha irmã diz que ele tem de assinar um termo de responsabilidade. Sim, senhora. É então que começa a lê-lo. E é então que eu começo a suar do buço. "O Declarante reconhece, aceita e admite para si próprio e/ou os seus herdeiros/herdeiras, conforme aplicável, no sentido mais lato possível em termos legais que: 1. Assume a total responsabilidade pelos prejuízos que a referida viatura possa sofrer de danos próprios ou provocar a terceiros , nos casos que sejam por culpa do declarante. Os danos em qualquer das viaturas serão reparados em oficinas oficiais e liquidados pelo Declarante à sociedade Racing Varius S.A."

Ia tendo um colapso nervoso, a imaginar o meu pai a esbardalhar o carro e a ficar a pagá-lo durante toda a vida (e possivelmente nós, as filhas, a continuarmos o pagamento, depois de ele quinar). Claro que devíamos ter lido isto antes de comprarmos o presente (ÓBVIO) mas confesso que nunca me passou pela cabeça que uma empresa destas não tivesse um seguro que cobrisse este tipo de situação. Nisto, já tínhamos chegado ao autódromo e demos por nós a implorar ao pai que não fosse muito depressa, a ver se a experiência não lhe dava cabo da vida (e da nossa, já agora).

Quando chegámos, tivemos de pagar 5€ à entrada porque cada condutor só pode levar um acompanhante (que não vai com ele no carro, fica mesmo só a ver). Por cada acompanhante extra paga-se 5€ (foi por isso que fomos só as duas e não levámos a família toda em peso - e ainda bem que não levámos, como já vão ver). Entrámos no recinto e demos com uma fila gigante, que terminava numa espécie de boxe (ou talvez seja mesmo uma boxe, não me peçam precisão automobilística, que pedem demais). Ali ficámos, bem mais de uma hora, em pé, em fila, ao frio e alguns choviscos. Até que nos fomos aproximando da boxe. Quando estávamos mesmo quase a entrar (portanto a aproximar-nos da nossa vez, estando a fila comprida ainda atrás de nós), ouvimos uma voz gritar:

- Vamos ter de ficar por aqui! Como puderam perceber veio muita gente e portanto agora já não podemos proporcionar mais experiências a ninguém. Porém, podem manter-se na fila e preencher uma ficha porque no próximo sábado vamos repetir o evento e poderão então fazer o que hoje não puderam. 

Claro que houve uma pequena sublevação, que foi crescendo de tom perante a arrogância dos responsáveis.

No nosso caso, explicámos que queríamos o dinheiro de volta porque já era a segunda vez que havia uma desmarcação, esta com a agravante de termos estado ali que tempos na fila, e com a maior agravante ainda de a minha irmã ter vindo de Aveiro para nada (e ainda com o facto de ter deixado o meu filho de 5 anos no dia do seu aniversário para... nada). Queríamos o dinheiro de volta porque como seria fácil de imaginar, a minha irmã não viria no próximo sábado de novo de Aveiro, onde tem a família, para esta brincadeira. Foi então que nos responderam, com sobranceria e desprezo, que não só não devolviam dinheiro do voucher como não devolviam SEQUER os 5€ da entrada do acompanhante. Tentámos chamá-los à razão: "Não houve evento nenhum, o valor do acompanhante era para assistir ao condutor a CONDUZIR, o que não aconteceu, pelo que OBVIAMENTE, queremos esse dinheiro (e o outro, by the way) de volta." A resposta foi hilariante: "Não devolvemos porque tiveram a oportunidade de ver os carros." De ver os carros??? VER OS CARROS? 

Enfim. Seguiu-se uma fila para o Livro de Reclamações, onde alguns de nós (pena não terem sido todos) escrevemos o sucedido. Houve exaltações, indignações, houve quem tivesse ligado para a GNR e para a CMTV. Nós, depois de termos escrito a reclamação no livro, só quisemos vir embora dali. O caso seguirá para as devidas instâncias. Mas digo-vos uma coisa: depois de ter lido aquele termo de responsabilidade, houve um lado meu que acabou um bocado aliviado. O outro está furioso pela perda da massa, que ainda foi considerável. Mas o alívio de saber que o meu pai não vai ter de vender órgãos para poder pagar os eventuais estragos num carro, tudo por culpa de um presente que as filhas lhe deram... esse é indesmentível.

De todo o modo, fica o alerta. Racing Varius... é capaz de não ser boa ideia. 

É oficial: tenho um filho adulto

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O Manel fez ontem 18 anos. Dezoito. Já pode votar, conduzir, dar sangue, trabalhar, fazer voluntariado, viajar de avião para fora do país sem o consentimento dos pais, ir ao Casino, beber em locais públicos e ser preso (diz que ser preso já podia desde os 16 mas acho sempre que a partir dos 18 poderá ser preso assim mesmo à bruta, sem contemplações). Na véspera à noite levámo-lo ao Puzzle Room (uma daquelas experiências de ficar fechado numa sala e ter enigmas para resolver de modo a conseguir sair dela). Achámos que era a metáfora perfeita: agora que vai ser pessoa crescida, é bom que se acostume a puxar pela cabeça para sair de situações chatas, complexas, difíceis. Ser adulto é muito sobre ter jogo de cintura e ver além do óbvio. Foi isso que ali fomos fazer. Tínhamos 60 minutos para encontrar um mapa do tesouro e sair da sala onde ficámos fechados. Descobrimos algumas pistas sozinhos mas em muitas outras ocasiões fomos ajudados (há um ecrã dentro da sala e, depois de um gong, aparecem frases que vão orientando os mais burrinhos... como nós). Não tenho jeitinho nenhum para aquilo, começo entusiasmada mas depressa começo a desistir de puxar pela cabeça, acho tudo muitíssimo vago e rebuscado, e se dependessem de mim para salvar a pele numa cena de enigmas... estavam bem lixados. O Manel, apesar de ter algumas parecenças com o Scofield também não conseguiria escapar de nenhuma prisão e, por isso, é melhor que tente não ir parar a nenhuma. A verdade é que nos divertimos muito e saímos de lá com vontade de voltar para a outra sala ou para a missão na rua (nós fizemos "O Assalto" e há "A Ilha Perdida" e a "Lágrima Mortífera", além de versões para os mais novos).

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Saímos dali para o Seen, no rooftop do Tivoli Avenida. Demos as boas-vindas aos 18 num espaço lindo, super animado, com comida deliciosa e música boa. E aquela vista? O Olivier fez questão de dar um abraço ao aniversariante pouco depois da meia-noite (conhecemo-nos quando eu ainda nem era casada, de modo que isto também acaba por ser uma porra para quem está à volta, não é só para os pais...).

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Um agradecimento especial à Joana, namorada do Manel, que ficou em nossa casa a fazer babysitting aos irmãos do aniversariante, para podermos ir sair com ele. :) E fê-lo sem nos deixar pagar, o que ainda é mais incrível. Más línguas poderiam dizer que ela está a comprar a simpatia da "sogra", o que é totalmente falso. A sogra já se dá lindamente com ela, por isso é mesmo só ser querida. Inchem, sogras ruins e noras manhosas desta vida. Ponham os olhos nisto e sejam amigas, vá!

Bom... no dia seguinte (ontem), o dia de aniversário propriamente dito, acordei a medo. Afinal, é inevitável sentir o peso da idade quando um filho chega a este patamar. Pode levar-se na boa, cantando e rindo, pode ficar-se meio nostálgico ou pode mesmo ficar-se de cama. Julguei que fosse ficar de cama, por acaso, assim enroscadinha no escuro e em posição fetal, mas não. Acordei bem disposta e foi preciso o meu marido ser querido comigo para dar cabo da minha compostura. Imaginem só o grande sacaninha. Estava no seu trabalho e, perto da hora do almoço, disse para que o avisasse quando pudesse chamar-me um Uber. Avisei-o, o Uber apareceu e lá fomos, sendo que eu não sabia o destino mas achava que íamos para o Pão de Canela, onde ele tinha dito que almoçaríamos. Eis senão quando dou por mim em frente ao edifício que já foi o Hospital Particular, onde o Manel nasceu. E lá estava ele (o Ricardo, não o Manel) à minha espera. Ri-me e ainda pensei resistir à tentação de me desmanchar ali a chorar, mas quê?! Como é possível uma piegas como eu sair incólome a este golpe baixo? O meu marido é muito querido mas suspeito que tenha um fetiche qualquer em ver-me lavadinha em lágrimas. Estivemos para ali abraçados em frente a um prédio em obras não sei quanto tempo, quem nos visse pensaria que o prédio já teria sido nosso e o tínhamos perdido por um qualquer desaire financeiro. 

Dali fomos então para o Pão de Canela, que era assim a nossa espécie de cantina quando morávamos ali na Praça das Flores. O Manel deu os primeiros passos no parque infantil em frente, de mim para a Sónia (a então gerente do café/restaurante) e da Sónia para mim, e era o sítio certo para continuar nesta tarefa de esmigalhar o coração. Não sou nada aquele género de pessoa que evita a emoção (como já devem ter reparado). Gosto de sentir as coisas, mesmo que me façam chorar, ficar nostálgica, irritada, furiosa ou mesmo triste. De maneira que o Pão de Canela, depois do Hospital Particular, era mesmo o spot certo. Só faltava mesmo irmos à casa onde vivemos para fazermos o pleno emocional.

IMG_5141.jpgNão se deixem enganar pela foto sorridente. Muuuuuita lágrima já havia sido vertida por estas glândulas lacrimais

 

E pronto, à noite reunimos 18 almas à mesa, para celebrar a maioridade deste grande querido, o Manel, que tem sido um óptimo filho, nem podia imaginar melhor. No sábado que se aproxima será a festa dos amigos, numa moradia enorme e incrível que arrendámos para o efeito, e agora só quero que passe depressa e sem incidentes, que isto a pessoa tende a lembrar-se da sua própria juventude e teme o pior. Parabéns, meu puto adulto!

 

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