Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Clube de Leitura de Lisboa é hoje!

É hoje a partir das 19h30, o encontro do Clube de Leitura de Lisboa (By MultiOpticas). No Brown's Hotel, na Rua da Assunção 15. Hoje é dia de discutir o livro que escolhemos ler: Caim, de Saramago. Aposto que será mesmo muito interessante ouvir como caiu a ficção de Saramago em alguns espíritos mais sensíveis. 

brownshotel.jpg

No Porto... a nossa reunião está marcada para a semana, dia 6 (excepcionalmente uma quinta-feira), no Vila Galé Porto, às 19h. O livro em análise será o mesmo, pelo que a minha curiosidade se mantém elevada. Já houve, de resto, quem me tivesse enviado uma mensagem a pedir para convencer o padre Paulo Duarte a marcar presença nesta sessão, para ajudar a desconstruir este livro. :)

VGPorto.jpg

Ambos os encontros têm o apoio da MultiOpticas.

Mãe em atraso, mãe a falhar, mãe a tentar remediar

Não queria divulgar antes de ler. E Maio foi andando e eu... sem ler a quarta revista do meu filho. Uma mãe que é uma vergonha, diga-se. Anda um filho a produzir revistas, umas atrás das outras, uma por mês, todo certinho como se tivesse um director a morder-lhe os calcanhares, ou contratos publicitários para cumprir, ou ordenados para pagar... e uma mãe a deixar o tempo passar sem sequer se dignar passar os olhos por um trabalhinho todo pensado e executado por este rapaz que leva os seus compromissos muito a sério. Palavra de honra. Dá Deus nozes a quem não tem dentes, dirão alguns, e dirão muito bem, eu própria não diria melhor.

Já está lida (e devidamente apreciada). Já está vista (e apropriadamente prezada). Só faltava mesmo partilhar. Para que, quem gosta de futebol, possa também ajuizar. Eis a Mibster... de Maio. 

(Cliquem na imagem da capa para verem o resto. E o resto são 40 páginas de análise futebolística. Quarenta. Que o rapaz não brinca. Mesmo sem directores, contratos ou salários)

 

Captura de ecrã 2019-05-30, às 13.57.47.png

 

 

Brincaaaaaaar!

Durante o ano lectivo, todos os pais dos meninos da turma do Mati foram convidados a ir à escola fazer uma actividade qualquer com eles. Uns fizeram bolos, outros leram histórias, outros fizeram habilidades diversas. Nós fomos empurrando com a barriga porque já levamos 17 anos disto, três filhos e várias escolas antes deste filho e desta escola, e chega a uma altura em que começa a faltar imaginação e até - crucifiquem-nos - a vontade. Decidimos então fazer algo diferente. Comprámos bisnagas de água, pedimos para as educadoras avisarem os pais para mandarem uma muda de roupa, comprámos bolinhos e sumos e... lá fomos nós. Foi uma manhã mesmo, mesmo boa. Encheram-se alguidares e baldes com água e, no enorme recreio, dividimo-nos em dois grupos: um grupo com bisnagas e o grupo sem bisnagas. Uns correram atrás dos outros, molhando-os e depois, ao fim de um bom bocado, trocámos até ficarmos todos ensopados. As gargalhadas eram contagiantes, os gritinhos, as correrias para fugir a mais um banho... foi mesmo giro. E também foi curioso perceber como, no início, muitas crianças estavam verdadeiramente perturbadas com a questão de irem molhar as roupas, apesar de lhes ter sido dito que não havia qualquer problema, que os pais tinham enviado mais roupas para trocar e, assim sendo, tinham dado o seu aval àquele "disparate". Interessante pensar como lhes incutimos regras de forma tão profunda, como se fosse um ferro em brasa. "Não te sujes". "Não te molhes". "Olha só que grande asneira, agora estás todo molhado". Muitas crianças pareciam desconcertadas, no início, olhando as camisolas molhadas, as calças, as saias, os sapatos. Como se estivessem a cometer uma infracção, um deslize, um crime. Foi preciso repetir-lhes mil vezes que não fazia mal, que era divertido brincar assim, que estava calor, que tinham mais roupa, para começarem por fim a descontrair e a desfrutar do momento. E foi uma delícia vê-las brincar livremente, à solta, aos gritos, às gargalhadas. Foi bom vê-las molharem-se, já libertas das convenções, já sem a prisão do que está certo, do que "deve ser". É óbvio que nós, os pais, temos de lhes ensinar as diferenças entre o certo e o errado, mas a verdade é que às vezes o que temos diante dos olhos são mini-adultos já formatados, já programados, já pouco livres. E hoje isso foi tão claro como... a água. 

12b90ec0-a0e7-4640-b9fd-c99435d2cebb.JPG

 

Sonho de Uma Noite de Verão

DSC04867.jpg

Está quase a chegar ao fim a recriação d' O sonho de uma noite de Verão, de William Shakespeare, em cena no Tivoli BBVA. Este regresso da Lisbon Film Orchestra, dirigida pelo maestro Nuno Sá, à adaptação musical da divertida e uma das mais conhecidas peças de Shakespeare, é marcada pela interpretação de um elenco de luxo: José Raposo e Maria João Abreu são os principais protagonistas (e contracenam juntos e pela primeira vez com o filho Miguel Raposo). Mas a peça conta ainda com os grandes atores: António Machado, Pedro Luzindro, Teresa Macedo, David Ripado, Joana Brito Silva, Nuno Fonseca e 6 jovens talentos da Academia da Lisbon Film Orchestra, entre os 13 e os 22 anos: Bruno Soares Nogueira, Diogo Sargento, Francisca Loureiro, Joana Domingues, Matilde Romão e Margarida Martins.

Ao vivo e em palco, junto do elenco estarão 13 músicos da Lisbon Film Orchestra a interpretar os temas da autoria de Simon Frankel (letra) e maestro Nuno de Sá (compositor).

Esta recriação fantástica está em cena até 2 junho (de 5ª feira a sábado 21h30 e sábado e domingo às 16h30), no Tivoli BBVA, e no DIA 1 DE JUNHO (DIA DA CRIANÇA), CADA CRIANÇA ACOMPANHADA POR UM ADULTO NÃO PAGA! 

Ticketline: https://ticketline.sapo.pt/evento/sonho-de-uma-noite-de-verao-o-musical-40341

DSC04965.jpgpost_desconto_1920x1250px_3.jpg

Abstenção

Não. Não votar não é uma forma de dizer à classe política que está no mau caminho. Não votar é uma forma de desistência, demissão, desinteresse por tudo e por todos. Não votar é dizer "há coisas muito mais fixes para fazer do que exercer o meu direito, o meu dever". 

No meu entender, não há luta sem movimento. Alguma vez conheceram alguma forma de luta com o rabo alapado numa toalha de praia ou  à beira de uma piscina? Só se for a luta pelo bronze, meus caros. Lutar implica movimento, sempre. Ora, se querem lutar contra uma classe política que não vos diz nada (o que é perfeitamente legítimo e compreensível), então têm de ir às urnas e deixar o vosso voto em branco, desenhar pénis amorosos com olhinhos ou escrever mensagens iradas como: "sois todos a mesma cambada, ide roubar para a estrada". Se os 70% que não mexeram o cu para lutar (quando na verdade juram a pés juntos que esta foi a sua forma de luta, não, eles não foram para a praia porque estava sol, eles foram para a praia para mostrar a sua indignação), se os 70% que não mexeram o cu para lutar - repito - tivessem ido às urnas e desenhado pichas voadoras, falos entristecidos, mangalhos valentes... acreditem que hoje todos os meios de comunicação social estariam a falar de uma inequívoca mensagem dada pelos cidadãos a todos os políticos, um cartão vermelho, uma honorável lição. Em vez disso, estão todos a dizer que somos uns tristes, que mais uma vez mostrámos que preferimos ir lamber gelados à beira-mar do que fazer alguma coisa pela europa onde vivemos, em cujos fundos mamamos, por onde circulamos livremente, por onde estudamos saltitantes em Erasmus que são sempre "tão giros". Discordo muitas vezes do Miguel Sousa Tavares mas ontem concordei com ele a 100% (e não a 70%). Disse ele: "É incompreensível que os jovens não vão votar (...) Quem não vota nas europeias não devia poder ir em Erasmus, nem devia poder candidatar-se a subsídios e bolsas europeias". É isto, sem tirar nem pôr. E agora não se esqueçam de ir para o café dizer que isto é tudo uma cambada. Vale-nos de muito.

Jantar de aniversário... sem aniversariante

A minha mãe tem todos os anos um jantar de aniversário de uma amiga que morreu há anos. Passo a explicar: antes de morrer, essa senhora pediu às filhas e aos amigos que todos os anos se juntassem, no dia do seu aniversário, e que tivessem na mesa um bolo com uma vela acesa. "Se eu puder, venho apagá-la". Achei genial. Olha que bela ideia de continuar a ser relembrado! Olha que bela ideia de manter-se viva, em festa! E, ainda por cima, com uma forma concreta de possível interacção (quem sabe!). De modo que, todos os anos, a tradição se cumpre: a minha mãe lá vai, e no dia seguinte eu pergunto sempre se a vela se apagou, para de seguida ela me dizer que lamentavelmente não, ficou acesa até derreter toda e se extinguir. Houve um ano em que ficou tudo em suspenso alguns segundos, com a vela a tremelicar, os corações acelerados, tu queres ver, tu queres ver, mas afinal não. Quem sabe um dia tudo muda?

Agora é a minha vez de ter uma tradição semelhante. Sem vela, porém com o encontro de amigos do aniversariante. Não terá sido um pedido dele (que eu saiba, mas até podia ser), porém foi uma belíssima ideia. Quando fez um ano que morreu reuniu-se um grupo para almoçar (e foi tão bom), e agora no dia do seu aniversário recebi uma mensagem a perguntar se me juntava para jantar. Claro que sim! Acho a ideia linda e - fica já aqui escrito - quero muito que façam o mesmo quando eu me for. 

O Pedro tinha alguns amigos. Uns faziam parte de uma grupeta, outros eram amigos "avulso" como, de resto, creio que acontece com a maioria de nós. Eu era uma dessas amigas "avulso". Não fazia parte das jantaradas e das saídas (apesar de ir acompanhado através dos seus relatos). Quando estava com ele era a dois, nunca em grupo (tirando nos seus 50 anos). Conhecia esses amigos apenas por o ouvir falar deles. Não nos encontrávamos, na maioria dos casos só lhes conhecia os nomes, noutros casos conhecia-as por serem figuras mais ou menos públicas.

Agora, dou por mim a conviver com essas pessoas que fizeram parte da vida do meu amigo e a gostar muito delas. O que não deixa de ser bonito e estranho ao mesmo tempo. Na verdade, se o Pedro nos tivesse juntado talvez não tivesse resultado tão bem como resulta agora, que ele não está. Não por ele não estar (que era um belíssimo elo de união), mas porque o que creio que nos une agora é a falta que ele nos faz a todos. Acho mesmo que se ele nos tivesse juntado não seria, pelo menos, tão incrivelmente fácil como é agora. Não sei. Talvez fosse. O que sei é que há uma empatia surpreendente (e até comovente) entre nós. Não há aquele constrangimento que até seria compreensível porque eles eram um grupo e eu era uma das "avulso". Nada. Quando estamos é fácil, é divertido, é natural. E se ele puder ver vai sentir de certeza uma alegria por nos ver assim, juntos por ele, tão facilmente unidos por ele. 

O último jantar, no dia 16 de Maio, foi de novo uma festa. Para ser perfeito só faltou mesmo ele estar presente (e o filho António, claro).

IMG_7429.jpg

Mati, o carinhoso

Num destes dias em que fomos levar a Mada à escola, o Mateus chamou-a quando ela estava mesmo já a entrar no portão. Correu para ela e deu-lhe um grande abraço, daqueles apertados, com a cabecinha encostada à barriga dela, e olhos fechados. Ela só não derreteu logo ali porque tem um esqueleto que a manteve de pé. Eu idem. Olhei para a cena e fiz um "ooooh" embevecido. Nisto, ele olhou para mim, largou-a, correu na minha direcção e deu-me um abraço idêntico. 

- És tão querido, Mati - disse eu.

De seguida, ele rodeou-se com os seus próprios braços e exclamou:

- Agora... um abraço a mim próprio.

Morri. 

😍​

IMG_6778.jpg

 

 

19 anos

Há 19 anos casei convicta de que aquele era o homem da minha vida. Da minha vida... considerando o que já tinha vivido até então. Porque a verdade é que nunca acreditei muito nessa coisa do amor para a vida toda (não posso dizer esta frase sem me apetecer trautear a cantiga da Deslandes). O Ricardo sabe perfeitamente que eu era uma céptica. Não lhe menti. Tivemos inúmeras conversas pré-casamento em que eu lhe confessava a minha incredulidade no amor para sempre. Ele ficava com aquela expressão preocupada, creio que pensava "ai, caraças, no que é que eu me estou a meter!", ia sempre tentando mostrar-me exemplos de relações felizes por muitos anos, mas sem grande sucesso. Achei sempre que as pessoas se amam numa fase da vida, o que não quer dizer que se amem nas demais (e, se tudo correr bem, a vida é longa e passa mesmo por muitas e muitas fases). A vida dá muitas voltas, as pessoas dão outras tantas, e acreditar que a vida e as pessoas dão as voltas em simultâneo de modo a ficarem juntas apesar de tudo... era coisinha para me fazer pensar em contos de fadas com o cinismo de quem já sabe que elas não passam disso mesmo: contos de fadas. Por isso, sim, casei com o homem da minha vida naquela fase da vida. Claro que esperava que durasse muito e que fôssemos felizes, mas para sempre... alto lá com as expectativas.

A verdade é que fizemos ontem 19 anos de casados. E se já tivemos os nossos momentos de crise, o que retendo destas quase duas décadas é tão incrivelmente positivo que não podia estar mais grata. Dezanove anos passados ele ainda é o homem da minha vida (e se a vida já deu voltas!) e não me imagino a viver sem ser com ele ao meu lado. 

Ontem estivemos a rever os álbuns do casamento de novo (sim, as fotografias ainda eram impressas e não digitais). Foi um bocadinho impressionante constatar aquilo que dizia há pouco sobre as voltas que a vida dá. Muitos amigos que foram juntos ao casamento já não estão juntos, algumas pessoas já nem sequer estão cá (nomeadamente o meu querido padrinho de casamento), outras envelheceram muito, perderam o cabelo, engordaram, entristeceram, outras envelheceram bem e continuam felizes. Mas as diferenças são gigantes. Prova de que sobreviver ao tanto que as coisas mudam é coisa para celebrar. É o que nós fazemos, com alguma frequência. Celebramos. O facto de estarmos juntos e felizes e, em primeiro lugar, o facto de ainda estarmos por cá, com saúde.

Collage_Fotor.jpgCollage_Fotor2.jpg

IMG_7671.jpg

O momento em que tocaram à campainha da casa da mãe e era um ramo de flores enviado pelo meu marido que se despedia com um "até já"

IMG_7676.jpg

Claramente houve excesso de arroz, com as respectivas consequências 😂

(antes que me perguntem - pela milionésima vez - por que razão casei na Igreja não sendo crente, explicar que o meu marido queria casar na igreja, os meus sogros teriam um desgosto se assim não fosse, e como para mim não é uma questão que me ofenda ou incomode, pelo contrário, estou sempre a dizer que adorava ser crente, não me custou nada casar pela Igreja e fazer felizes os que amo)

f692b961-8bf0-4d84-ae27-038900fd6da4.jpgIMG_7687.jpgIMG_7678.jpgIMG_7679.jpg

O primeiro encontro do Clube de Leitura no Porto, by MultiOpticas

Fui para norte logo cedo. Queria parar em Aveiro para almoçar com a minha mana e assim foi. Todos os bocadinhos são poucos para estarmos juntas. Parecendo que não Aveiro é longe de Lisboa. E as nossas vidas são corridas, como todas as vidas, e há compromissos que todos temos, eu, ela, os nossos maridos. Todos temos famílias de origem (eu, ela, o Ricardo, o Filipe), amigos de cada um, amigos do casal, filhos, agendas dos filhos, amigos dos filhos. Por uma ou outra razão vai sendo adiado o próximo encontro e, por isso, cada possibilidade de estarmos juntas é de aproveitar. Almoçámos, pusemos a conversa em dia (em versão resumida, vá) e depois segui para o Porto.

IMG_7226.jpg

Cheguei ao Vila Galé Porto cedo e à hora combinada lá fui para a sala que o hotel disponibilizou para o encontro. 

Não éramos 70, nem pouco mais ou menos, apesar dos 70 inscritos. Sendo 100% sincera, claro que se tivessem ido 70 pessoas falar e ouvir falar de livros a um Clube de Leitura que criei, sentiria uma felicidade inimaginável. Como não? Seria mesmo bom e bonito e comovente. Acho que só de se terem inscrito 70 já senti um bocadinho isso. Mas, por outro lado, estava um pouco tensa e a pensar como conseguiria gerir tanta gente, e a pensar como sairíam dali tantas pessoas frustradas por não terem conseguido falar (possivelmente teríamos que fazer um sorteio para decidir quem iria falar e quem teria de ficar apenas a ouvir). Mesmo sendo 30 terminámos perto das 23h, quanto mais se fôssemos 70! 

Foi um encontro muito bom. Eu pelo menos gostei muito. Gostei de ouvir toda a gente - a Cláudia, que imprimiu um forte entusiasmo à descrição dos livros que leu, nomeadamente A Carne, de Rosa Montero, que fala de envelhecimento e as novas vidas que a vida oferece; a Beatriz (que fui buscar a casa) e que merece ser ouvida pela cultura que tem, pelo tanto que leu, pelo facto de estar a atravessar um novo - e desafiante - período da sua vida; o Paulo Duarte, meu amigo Paulo-padre 😊​ que gostei tanto de receber (é sempre tão bom ter também os amigos connosco) e escutar o que tinha a dizer sobre O Lado Escuro do Amor, e o fortíssimo The Neuroscientist Who Lost Her Mind, sobre uma neurocientista com cancro no cérebro (de que se safou) e que teve de passar por tantos fenómenos que ela própria diagnosticou e acompanhou em doentes seus; as crianças (Rodrigo, Carolina e Madalena) que se aguentaram horas valentes, com um comportamento exemplar (e que tão bem falaram dos seus livros); a Sofia, que estava com uma enxaqueca do demónio mas que trouxe o livro Woman Code sobre o qual soubemos pouco porque teve de sair antes que a cabeça lhe explodisse ali (as melhoras, sei bem o que isso é); o Pedro, tão interessante, que terá tanto para nos ensinar sobre livros de guerra e mais documentais; a Raquel, à espera - como tantos de nós - dos próximos livros depois de Eliete, de Dulce Maria Cardoso; a Sara, que tentou por duas vezes, há uns anos, ler o livro O Velho e o Mar e não conseguiu acabar e que agora gostou tanto (ela atribuiu o facto à tradução, eu interroguei-me se não terá sido a maturidade- ficámos de chegar a conclusões quando ela comparar as duas traduções diferentes, para saber se foi de uma coisa ou da outra); a Marília, que não gostou nada d'O Velho e o Mar e que o leu há coisa de um mês (o que a leva a considerar que talvez a culpa não seja da maturidade mas do facto de o livro de Hemingway ser chato) mas que leu Como Ser Uma e Outra, de Ali Smith, que apreciou por ninguém ser o que parece; a Conceição, tão divertida (o que eu me ri com ela!) e a achar que todos verbalizavam muito bem o que tinham pensado sobre os seus livros, ela que também é das que aguarda a sequela da Eliete; a Sofia, que sugeriu o livro Os Loucos da Rua Mazur ao Pedro, fã de livros de guerra, e que nos descreveu o livro da Mariana Correia Pinto sobre o Porto Oriental, um Porto genuíno cada vez mais raro; a Maria João que trouxe um livro que não a conquistou (O Coração das Trevas, de Joseph Conrad), por ser muito difícil e denso, mas que o Pedro também leu e gostou muito, apesar de confirmar que é difícil e denso (e é nestas divergências que há tanto a retirar); a Teresa que trouxe A Sul de Nenhum Norte, de Charles Bukowski, e que definiu como um livro de contos duros, em que bêbedos, escritores falhados, prostitutas, ladrões retratam uma américa onde o sonho americano não se concretizou; a Ana, que ia jurar que conheço de algum lado, que leu Um Capricho da Natureza, da Nobel da Literatura Nadine Gordimer (que conta a história de Hillela, uma branca sul-africana que acaba a lutar contra o apartheid); a Catarina, que não é uma leitora assídua mas gostava de ser e que disse, com um ar embaraçado, que tinha lido Nicholas Sparks, como se houvesse mal nisso (nada como começar, depois logo se pode - ou não - experimentar outros géneros); o Diogo, um jovem que tem um blogue literário (No Conforto dos Livros) e que nos confessou a sua paixão por distopias e, como tal, o interesse que lhe suscitou o livro Os Imperfeitos, de Cecelia Ahern; a Mariana, que já participou num clube em Lisboa, com a tia, e que leu O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que a comoveu, e o Nada Menos que um Milagre, que comprou por ser do mesmo autor de A Rapariga que Roubava Livros (Marcus Zusak) mas de que acabou por gostar (como tinha gostado do anterior) por ser a história de cinco irmãos cuja mãe morre e o pai os abandona, que vivem no caos que se imagina, e depois o pai vem para convidar um deles a ir com ele construir uma ponte, metáfora para a ponte que se cria entre eles e a salvação da família; a Maria João, que não tem lido nada mas quer que o Clube lhe sirva de arranque ao encontro da leitora que já foi, e que nos trouxe o livro Jogos de Raiva, de Rodrigo Guedes de Carvalho, que a apaixonou tanto, tanto, tanto (que fiquei - de novo - cheia de vontade de o ler); a Joana, que anda há meses às voltas com o Codex 632 do José Rodrigues dos Santos sem conseguir acabá-lo de tão aborrecido que o acha (apesar de já ter lido outros do mesmo autor e não ter sentido esta dificuldade); a Anabela, que não consegue adormecer sem ler (e é interrompida pela Liliana que diz, com muita graça: "Já eu não consigo ler à noite sem adormecer") e se encantou com a Eliete por pensar coisas que ela também pensa (apesar de terem vidas distintas); a Liliana que leu A Queda dos Gigantes, de Ken Follet e adorou (mais um que fiquei mesmo com vontade de ler); a Verónica, que leu O Homem de Giz, de C. J. Tudor, um thriller em que todas as personagens têm segredos; e a Ana, a última a falar, que nos contou a história de vida de Maya Angelou (pseudónimo de Marguerite Ann Johnson), uma escritora e activista americana que tem uma mensagem de força e optimismo no livro Cartas à Minha Filha.

Foi bom, foi mesmo bom. Porque não é só de livros que falamos quando nos reunimos. É de vida. Há sempre paralelismos, identificações, projecções que fazemos com as nossas próprias vidas. Há uma espécie de partilha comum, uma espécie de comunhão que vai crescendo com a confiança que vamos ganhando, uma espécie de catarse. É terapêutico. No final, a Cláudia surpreendeu-me com uma Fogaça de Santa Maria da Feira (que desapareceu no fim-de-semana e nem deu tempo para fotografar - tão boa, senhores, tão boa) e a Sofia Martins espantou-me com a oferta de duas peças de joalharia feitas por ela, duas Keepies. "As Keepies são umas meninas que voam e têm muita personalidade: Zoe, a criativa. Pihu, a curiosa. Lily, a BFF. Luna, a sonhadora." Recebi uma Luna e a Mada recebeu uma Pihu. Adorei. ❤️​

IMG_7306.jpg

Eis os livros que lemos, que são os atrás descritos e mais alguns:

A Carne, Rosa Mantero

O Poço e a Estrada, Isabel Rio Novo

Mange, Prie, Aime, Elizabeth Gilbert

Histórias da Terra e do Mar, Sophia de Mello Breyner Andresen

O Lado Escuro do Amor, Jane G. Goldberg

The Neuroscientist Who Lost her Mind, Barbara K. Lipska

Princesa das Flores, Janie Jones

Diário de Uma Totó, Rachel Renée Russell

Woman Code, Alisa Vitti

Eliete, Dulce Maria Cardoso

Se Esta Rua Falasse, James Baldwin

Mais Um Dia de Vida, Ryszard Kapuscinsk

O Velho e o Mar, Ernest Hemingway  

Como Ser Uma e Outra, Ali Smith

Mr. Fox, Helen Oyeyemi 

Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho

Porto Última Estação, Mariana Correia Pinto

Oceano das Trevas, Joseph Conrad

A Sul de Nenhum Norte, Charles Bukowski

Um Capricho da Natureza, Nadine Gordimer

Cada Suspiro Teu, Nicholas Sparks

Os Imperfeitos, Cecilia Ahern

O Ódii que Semeias, Angie Thomas

O Meu Pé de Laranja de Lima, José Mauro de Vasconcelos

Nada Menos Que um Milagre, Markus Zusak

Jogos de Raiva, Rodrigo Guedes de Carvalho

Codex 632, José Rodrigues dos Santos

A Queda dos Gigantes, Ken Follet

O Homem de Giz, C. J. Tudor

Cartas à Minha filha, Maya Angelou 

IMG_7235.jpg

 

Obrigada ao Vila Galé Porto, que nos acolheu.

E obrigada à MultiOpticas, que apoia esta iniciativa!

O próximo encontro no Porto vai ser excepcionalmente numa quinta-feira (que na sexta não posso). Será dia 6 de Junho, às 19h, no Vila Galé Porto. E vai ter um livro único para debate: Caim, de José Saramago

CJS-CAIM_04985_10_cp.jpg

Inscrevam-se aqui:

 

 

logo vert neg.jpg

 

Pág. 1/2