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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

O fecho de um ciclo: quando a história se repete, mas ao contrário

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Quando era pequeno, o Manel era gordinho e tinha dificuldade em subir umas escadaria que havia perto de casa da minha mãe, que tomava conta dele. Quando o ajudava a subir, de braço dado, a minha mãe dizia:

- Força nas canetas, senhor gordinho!

E assim foi. Vários anos de "Força nas canetas, senhor gordinho", a dar ânimo às suas perninhas rechonchudas.

Na semana passada levámos a minha mãe ao estádio, para ver a Selecção. Ela estava a ver-se um bocado grega para subir as escadas do estádio e é então que o Manel lhe dá o braço e diz:

- Força nas canetas, senhora gordinha!

A minha mãe emocionou-se. E eu também.

As cartas

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Quando o António - que está a viver no Reino Unido - me pediu a morada, para me escrever uma carta, fiquei deleitada. Há tanto tempo que não troco cartas com alguém que - pensei - esta seria a oportunidade perfeita para regressar a uma actividade que é, na sua essência, substancialmente diferente de trocar emails com alguém. Ainda para mais sendo o interlocutor o António, filho do Pedro, cuidei que pudesse ser este um momento mesmo bonito de troca de experiências, ideias, sentimentos. Quase uma continuidade da relação que tinha com o pai, agora através do filho. Não a mesma coisa, porém outra coisa, filha da primeira. Uma sucessão natural. A vida a acontecer.

A carta dele chegou e parecia Natal. Fui para um cantinho, sozinha, abri a carta como quem abre um presente. Li, reli, sorri. Que bem escreve, pensei. Tenho de estar à altura, concluí. E, passado um tempo, sentei-me a escrever de volta. A missiva dele tinha 3 páginas. A minha teria umas 4 ou 5. Não foi para ganhar, numa qualquer tola competição de palavras a que me tivesse proposto, mas foi porque me estendi como há muito não me estendia (já que aqui no blogue, e mais ainda no Instagram, há o imperativo de uma certa brevidade). Gostei muito do exercício. Enviei a carta para a morada que ele me deu. E fiquei à espera da volta do correio.

Os meses passaram mas eu não queria perguntar nada. Afinal, isso iria estragar a magia da troca de correspondência. Antes, quando não havia outro modo de comunicar, também não havia como saber se a nossa carta tinha chegado ou se se teria perdido. Não quis, além do mais, cobrar uma resposta. Não havia entre nós nenhum compromisso. Era apenas uma ideia que seguiria o seu rumo caso existisse oportunidade e vontade. Mas um dia ganhei coragem e cortei o silêncio. "Não estou a cobrar resposta mas a verdade é que esta coisa das cartas é inquietante porque não chegamos a saber se chegaram ao destino."

Foi então que a magia da troca de correspondência caiu por terra. O António não tinha recebido a minha carta. Como assim? Ele desvalorizou: "As cartas são assim. Também falham, como as pessoas." Não me conformei. Como assim, falham? E as minhas palavras para ele, onde andam? 

Fico sem saber se lhe escreva de novo. Sacanas das cartas, com mania de uma vida própria. Pelo sim pelo não, se lhe escrever vou fazê-lo primeiro no computador. Sempre fico com um rascunho guardado para, em caso de nova falha, lhe enviar o original por email. Ainda diabolizam as novas tecnologias. Bah.

Fui conhecer a maior fábrica de vacinas do mundo

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Fica em Wavre, uma cidadezinha perto de Bruxelas, e é a maior fábrica de vacinas do mundo, com uma superfície equivalente a 70 estádios de futebol, e onde trabalham cerca de 9 mil pessoas. Inaugurada em 1995, esta fábrica da GSK produz mais de 40 tipos de vacinas para crianças, adolescentes, adultos e viajantes.

Cheguei na terça-feira à noite, tive um jantar com outros convidados de outros países da Europa (França, Croácia, Espanha, República Checa, Itália, Roménia, Áustria e Alemanha) e no dia seguinte às 8h da manhã estavam a levar-nos para este mega-edifício onde tantas e tantas vacinas são feitas para proteger os nossos filhos e para nos proteger a todos.

Fomos divididos em grupos, para irmos visitar a fábrica. E, pelo que nos foi explicado, esta é uma visita mesmo muito, muito exclusiva porque são raríssimas as pessoas (mesmo da própria empresa) que têm permissão para entrar naquele espaço muitíssimo controlado. O ar é filtrado, a humidade e a temperatura são controladas, tudo é esterilizado. Não pudemos levar telemóveis, nem cadernos e canetas para tirar notas, nem coisa nenhuma, de resto. Houve algumas bloggers que estavam claramente a fritar com o facto de terem de se separar dos seus telemóveis (é impressionante alguns níveis de dependência) mas que remédio, valores mais altos se levantavam.

Fomos então para uma sala e, o que se seguiu estava bem longe do que eu podia imaginar. Vamos lá ver: eu imaginei que uma fábrica deste género tivesse procedimentos de segurança apertados mas, como nunca dediquei muito tempo a pensar no assunto, nunca supus que pudesse ser assim.

Nessa primeira sala, tivemos de calçar uns "pezinhos" por cima dos sapatos mas tínhamos de o fazer em pleno ar. Havia uma risca encarnada: de um lado estávamos nós com os nossos sapatos da rua, bem conspurcados, do outro estava o começo da assepsia mais asséptica por onde já passei. Assim, nem o "pezinho" podia tocar no lado conspurcado da vida, nem o nosso sapato podia tocar no lado desinfectado da existência. E, por isso, era em pleno ar que devíamos tornar o nosso sapato digno de passar para a outra margem. 

Depois, fomos para o vestiário. Descalçámos os sapatos com os respectivos "pezinhos" que os envolviam e ficámos de meias. Despimos a nossa roupa (ficámos em roupa interior) e vestimos uma camisola e umas calças azuis escuras. Metemos uma touca de rede que tinha de nos envolver todos os cabelos. Retirámos todo o tipo de acessórios: brincos, colares, fios, relógios, pulseiras, até a aliança de casamento. Em seguida, removemos a maquilhagem. E lavámos as mãos seguindo a técnica dos 6 passos. Quando terminámos sentia-me já uma cirurgiã e ainda perguntei se íamos abrir alguém (podiam ter-se esquecido de me avisar), mas não.

Passámos então para outra sala. Mas antes de passarmos, desinfectámos as mãos. De novo, uma fronteira a dividir a sala. Do lado de cá éramos ainda porquitas, do lado de lá começávamos a aproximar-nos da purificação e da possibilidade de entrar. Mais uma vez calcei, no ar, uma espécie de meias descartáveis por cima das minhas meias e só depois pude aterrar os pés do outro lado da fronteira. Seguiu-se o passo mais complexo. A coordenadora do controlo de qualidade segurava o meu macacão azul claro (para vestir por cima das duas peças azuis escuras que eu já tinha) por forma a que nem as pernas nem os braços do fato tocassem no chão. Assim, eu tinha de enfiar uma perna e depois a outra, sem que nenhuma parte do macacão tocasse no chão, caso contrário teria de se ir buscar outro (ou eu era exterminada, não sei). Juro que estava em stress. Tinha visto a colega da frente fazê-lo e parecia o Vincent Cassel a dançar com os lasers no Ocean's Twelve. Pensei que ia ter de desperdiçar uns 10 fatos até conseguir, imaginei que talvez me estatelasse ao comprido, mas com muita concentração e alguma ginástica lá consegui à primeira. Calcei uns sapatos de borracha desinfectados por cima das meias descartáveis que estavam por cima das minhas próprias meias. Depois, enfiei o capuz por cima da touca que já tinha. E meti uns óculos. E, como tenho unhas de gel, calcei umas luvas. E desinfectei as luvas. E finalmente abriu-se a porta que nos ia levar à parte da visita propriamente dita. Ah, de referir que este é o procedimento para quem queira andar APENAS nos corredores (observando as salas onde tudo acontece através de umas janelas enormes). Quem queira mesmo entrar nas salas de operação (e só entra quem lá trabalha) tem de passar a um outro nível de protecção. Acho que há, de resto, cinco escalões de protecção, consoante as diferentes áreas e suas especificidades.

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Gostei muito de ver tudo. Perceber que todos os procedimentos são anotados, com aquilo que é feito, a data, a hora, o nome de quem fez. De resto, 70% do tempo de produção é dedicado ao controlo de qualidade. Eles não brincam (nem podem) com a segurança. Vi a sala em que as células começam por chegar, e depois a outra sala onde são postas a crescer: primeiro num recipiente de 150 litros, onde ficam 3 semanas, a seguir num recipiente de 600 litros, onde ficam mais uma semana. Toda aquela maquinaria complexa em inox, cheia de tubos e luzes, podia lamber-se, de tão limpa, como de resto o chão, as janelas, as paredes. Nós não podíamos tocar em nada. Nem o bracinho a raspar ao de leve numa parede. Só para perceberem o nível da coisa.

 

 

Casas Comigo #3

E o que eu gosto desta rubrica? E o que eu gosto de fazer isto com a Patrícia Barão, da JLL? E o que a gente se diverte? E as casas lindas em que tenho oportunidade de meter o bedelho? É uma alegria, só vos digo. 

Esta casa, em pleno coração lisboeta, é linda, está muitíssimo bem recuperada e seria o sonho de muito estudante universitário. Afinal, é só descer e "olá Rua Cor de Rosa!" (e não... não se ouve um pio dentro de casa, apesar do movimento frenético da rua). Para investidores também é um mimo. 

Clube de Leitura de Lisboa: é já esta sexta-feira!

O nosso próximo encontro é já esta sexta-feira, dia 5 de Abril, no nosso novo poiso: o acolhedor Brown's Hotel, em pleno coração da Baixa lisboeta, que nos cedeu uma salinha exclusiva, onde podemos ficar à conversa sobre as nossas leituras e sobre a vida em geral.

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E, além da parceria com o Brown's Hotel, tenho a alegria de comunicar que temos agora também o apoio da MultiOpticas, que adorou aliar-se a nós neste prazer da leitura e que vai proporcionar a realização destes encontros também no Porto, que era um sonho antigo que eu tinha (data e local em breve!). 

Assim, na próxima sexta-feira, dia 5 de Abril, a partir das 19h temos encontro marcado neste hotel que fica na Rua da Assunção, nº 75.

Desta vez ficámos de ler todos o mesmo livro (Eliete, de Dulce Maria Cardoso) mas quem não tiver lido nenhum livro ou quem tiver lido outro pode participar à mesma, nem que seja só para ficar a ouvir.

Peço-vos que preencham mesmo o formulário para o hotel - e eu - ficarmos com uma ideia de quantas pessoas estarão presentes.

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