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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Férias de Natal nos Alpes - III

O Mateus não adorou (mas aprendeu a esquiar num instante) e a Mada amou. O Martim, esse tresloucado que desceu pistas a uma velocidade imprópria para corações de mães, foi quem mais gostou, entre todos. O Manel já estava um bocado cansado da rotina (para quem nunca fez dizer o seguinte: só a cena de vestir os fatos, calçar as botas e enfiar as ditas botas nos skis é coisinha para estafar de tal maneira que dá vontade de voltar para a cama). 

O Kids Club é como sempre muito animado (os miúdos estão sempre a cantar e a fazer jogos) e também havia um Kids Club orientado para os adolescentes (mas os nossos filhos teens são muito mais de estarem os dois ou connosco do que irem fazer amizades novas - fazer o quê?). Houve um espectáculo feito pelos mais pequeninos (há sempre) e ainda tentámos que a Mada e o Mateus participassem mas não conseguimos convencê-los. Gente aborrecida, esta.

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Também devo dizer que me faz alguma confusão aqueles pais que deixavam os miúdos de manhã e que nem sequer almoçavam com eles. Por um lado faz sentido - eles estão juntos e assim não há quebras e eventuais choros da parte da tarde pela angústia de nova separação. Deve ser mariquice minha mas depois de uma manhã a subir e a descer montanhas confesso que estava sempre desejosa de ir almoçar com os mais pequenos (até para verificar se estavam inteiros).

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O vídeo em baixo foi filmado ao alto (para ser publicado no stories do Instagram) e é por isso que aqui fica uma bela treta. Ah, atenção ao volume com que o ouvirem, que este vídeo contém decibéis elevados de uma mãe a babar de orgulho ao vislumbrar, pela primeira vez, o seu pequenino a descer uma pista sozinho. 😍

O balanço foi muito positivo e, por isso, voltaremos à neve. Não para o ano (que temos aí uns planos malucos) mas quem sabe daqui a dois anos, se estivermos todos vivos e com saudinha (e dinheiro, que isto da neve não é propriamente barato). Em princípio não fico mais 17 anos sem voltar. 😊

Férias de Natal nos Alpes - II

Quem não gostar de esquiar está entalado, numas férias deste género. Porque não há praticamente mais nada que se possa fazer. Bom, pode passar-se o dia no hotel, a ler e a olhar pela janela a neve que cai e os teleféricos que levam os aventureiros para os topos de várias montanhas. Será certamente um sossego. Mas se por acaso se vai com o intuito de fazer ski e porventura não se gosta... vai ser um bocado frustrante. Para se perceber o nível de frustração basta dizer isto: ali, no Club Med de Alpe d'Huez, as as aulas começam às 9h e terminam ao meio-dia, e voltam a começar às 14h para acabarem às 16h. Ou seja, são cinco horas de ski por dia. Se não se gosta... são cinco horas de martírio diário. Auch.

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O meu sentimento pelo ski é um prolongado "W". Estão a ver a forma do W? Começa cá em cima, desce, torna a subir, volta a descer e sobe? Pois bem, foi isso. Talvez mais do que um W tenha sido mesmo a designação original de internet (World Wide Web- WWW). Numa manhã (ou deverei encurtar o período para uma hora?) podia sentir isto, em loop: "Odeio esta merda, que cansaço, quero ir para o hotel, vou-me embora agora mesmo!", seguido de "oh, afinal não é assim tão mau", seguido de "espectacular! Isto é mesmo fixe! E olha como me saí bem! Acho que sou uma natural born skier", seguido de "odeio esta merda, que cansaço, quero ir para o hotel, vou-me embora agora mesmo".

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As coisas com as primeiras professoras estiveram longe de serem fáceis. Eram exigentes, duras e uma delas chegava a ser má. Claramente não tinham paciência para nabos e rapidamente destrinçaram quem eram os que tinham jeito para aquilo e quem eram os cepos. Rotulada de cepo (ainda que não verbalmente) comecei a tentar desesperadamente fazer boa figura. Mas a tensão em que elas me punham fazia-me sempre cair, tropeçar, por vezes nas situações em que já não era expectável que isso acontecesse (tipo, estando apenas de pé, parada, com os skis nos pés). Houve um dia em que nos fizeram um teste. Tínhamos de descer uma pista mais difícil (naquela fase da aprendizagem) e, chegados cá abaixo, punham uns para um lado, outros para o outro. Eu e o Ricardo ficámos em grupos separados. Ele ficou no grupo dos maus, eu no dos bons (com o Manel e o Martim). Nem queria acreditar, sobretudo porque estávamos exactamente no mesmo ponto. Nessa tarde, fiz tanta asneira que acabei a ser enviada para o grupo dele. Foi o melhor que nos aconteceu. 

O novo professor era um querido. Muito paciente, muito calmo, sem urgências. Explicava individualmente, observava os erros, corrigia-os, sempre com um sorriso. Fazia lembrar o meu querido mister, Pedro Almeida, do Treino em Casa. Chamava-se Mael M. Conclusão: começámos a evoluir. Sem stress. Adorei-o. Foi a partir desse momento que comecei a ter mais momentos de "espectacular! Isto é mesmo fixe! E olha como me saí bem! Acho que sou uma natural born skier" do que "Odeio esta merda, que cansaço, quero ir para o hotel, vou-me embora agora mesmo!"

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Os pequeninos passavam a manhã no Kids Club (onde aprendiam ski). Depois almoçávamos juntos e, à tarde, voltávamos para as aulas. Encontrávamo-nos depois das 16h, para o aprés-ski e para o resto do dia juntos.

Sobre o hotel: este Club Med é, de todos em que já ficámos, o que tem os quartos mais modestos. Não sei quantos anos tem mas dá a impressão de já ter uns quantos. Mas, como não dormem em serviço, já estão em obras e este village vai ficar absolutamente incrível com os novos edifícios que estão em construção (e suponho que também vão modernizar esta zona onde estou).

De qualquer modo... é incrível como conseguem, em pouco tempo, fazer com que nos sintamos em casa. Fico sempre impressionada com os espectáculos bem ensaiados (por uma equipa que passa o dia a fazer outras coisas - da recepção ao restaurante passando pelo Kids Club), com a preocupação com os cenários (desta vez fiquei uma manhã nas mesas junto ao palco e vi um dos funcionários a pintar umas telas que iam ser cenário do espectáculo dessa noite), com a simpatia e familiaridade com que nos tratam (como se fizéssemos parte da "mobília").

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Outra das coisas em que o Club Med é imbatível (e este não é excepção) é nas refeições. Credo, se há comida aqui! Tanta, tanta, com tanta variedade que juro que me dá fastio. Acho que já não comia tão pouco há anos, apesar de ser tudo bom. Mas é mesmo aquela coisa de nem saber para onde me virar (acontece-me o mesmo nas lojas de roupa demasiado grandes, acabo sempre a não trazer grande coisa). Para os meus filhos, pequenas lontras em crescimento, é a loucura. É mesmo preciso fazê-los parar de comer. Além do pequeno-almoço, almoço e jantar, há um mimo para os preguiçosos (ou simplesmente exaustos de tanto ski): até por volta das 11h há uma bancazinha com pão, manteiga, doces, croissants, bolinhos, sumos, frutas. Assim, se não se desce até às 10h para o pequeno-almoço... não é preciso ir ao café da esquina. Está ali tudo o que é preciso. Para mim quase nem seria preciso mais nada - gosto deles por amor só por causa desta atenção. 

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Férias de Natal nos Alpes - I

Tem sido uma semana espectacular aqui em Alpe d'Huez. Já tínhamos feito férias na neve (na Serra Nevada) há 17 anos (tinha o Manel 6 meses, e também foi connosco) e eu não gostei. Sentia-me sempre apertada, enchouriçada, carregada com skis e botas e casacos e batons e tralha, sempre cansada, sempre a cair, sempre em esforço. O Ricardo ia de manhã, para eu ficar com o bebé, e fazia snowboard com os amigos e tinha aulas. Eu ia à tarde ter com os nossos amigos, enquanto ele ficava com o Manel. Ficou sempre a dúvida se eu não teria gostado por ter de deixar o bebé no apartamento, por ainda não estar em forma, por não poder ir com o Ricardo e ir sempre sozinha no teleférico com as tralhas todas para ir ter com o resto da malta, que estava no cimo da montanha, por não aproveitar as aulas (que eram de manhã) e, por isso, não evoluir tanto como o resto dos nossos amigos.

Desta vez foi tudo diferente. Para começar, escolhemos o Club Med porque sabemos que é uma daquelas escolhas seguras (já estivemos no Da Balaia, no Algarve, no Yasmina e no La Palmeraie, ambos em Marrocos, e Itaparica, no Brasil, e adorámos todos). O facto de estar tudo incluído [estadia + todas as refeições + forfaits (são os cartões que dão acesso a todos os teleféricos que nos levam para as pistas) e aulas para adultos e crianças + animação nocturna + kids club] é, sem dúvida, um descanso. A única coisa que não estava incluída era o equipamento (skis, botas de ski, e capacetes), mas alugámos aqui mesmo no hotel. 

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No primeiro dia, achei que ia correr tudo mal. Quando fomos deixar os miúdos, o Mateus chorou quando o deixei, a Mada ficou triste. Fomos para as nossas aulas de coração apertado mas com a esperança que, à hora do almoço, quando os fôssemos buscar, estivessem entusiasmados. Mas não. Choraram que não queriam ir e eu, como mãe tuga que sou, não consegui deixá-los lá à tarde. Comecei a ver a minha vida a andar para trás e a história a repetir-se. Será que tínhamos de voltar a fazer tudo à vez, por turnos, para ficar sempre um de nós com os miúdos mais novos? Nessa tarde fomos todos para as pistas e eu e o Ricardo subíamos no saca-rabos à vez (um subia e ouvia um pouca da aula e descia a pista; o outro ficava cá em baixo com os pequenos; e assim sucessivamente). 

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Mas, nesse dia, ao final da tarde, os instrutores de ski vieram falar connosco. Assim assertivos (ia escrever ríspidos mas foi mais assertivos): que os miúdos choram no início, que é normal, mas que depois adoram, que é preciso dar tempo ao tempo, que já eram instrutores há 30 anos e sabiam do que falavam, que se começavam a faltar os outros iam evoluir muito depressa e eles iam ficar para trás, que não fazia sentido virmos para aqui e perdermos as aulas por causa de um choro que era passageiro. Pediram-nos para sermos mais insistentes. E eu, com um nó na garganta, comprometi-me a tentar (mas por dentro pensei: sim, sim, meus meninos, mas se amanhã for pranto de manhã e à hora do almoço... não contem comigo, que isto são férias não é tortura).

No dia seguinte, voltámos a tentar. Conversámos com ambos, explicámos que era importante que tentassem ir de coração aberto, que era verdade que não falavam a língua (nem francês nem inglês) mas que o Patrick arranhava algumas palavras de português e que estava lá para os ajudar. E eles lá foram.  O Mateus chorou mas à hora do almoço estavam entusiasmadíssimos. Que tinham feito ski, que tinha sido muito giro, que queriam voltar. Yeyyyy! Foi o princípio de uma excelente semana para todos!

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Manas-Natal

Há uns anos a minha irmã dizia que não gostava de Natal. Aquilo fazia-me muita impressão mas tinha que ver com alguns maus Natais por que passou e também com algumas daquelas frases-choque que todos nós, quando somos mais novos, gostamos de proferir para sermos diferentes, disuptivos e até interessantes. Acontece que a minha irmã cresceu, foi mãe, e passou a ter Natais mais calorosos e bonitos. E, de repente, o Natal já lhe parecia uma festa de família, com tudo o que isso pode ter de bom (também pode ter de mau, mas vamos esquecer as esquinas das famílias para nos concentrarmos na sua concavidade). A minha irmã passou a gostar do Natal. Até mais do que eu podia imaginar. Quando, no meu aniversário, me ofereceu uma viagem para irmos as duas a a um mercado de Natal (Frankfurt escolhemos depois) nem queria acreditar. 

Fomos na semana passada e foi perfeito. Passeámos por Frankfurt mas decidimos ir também a Heidelberg, que fica a uma hora e pouco de autocarro e é simplesmente linda. Demo-nos lindamente - como sempre nos damos - dissemos palavras e frases em simultâneo, abraçámo-nos, andámos em carrosséis, experimentámos comidas, conversámos e até lemos o mesmo livro juntas, ao mesmo tempo.

A minha irmã é uma companheirona e esta viagem soube-me mesmo bem. Sem maridos, sem filhos, só nós. As duas manas-Natal. 

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Galp, a Luz dos Portugueses, e a luz do Duarte

Está quase a fazer um ano que arrancou a  campanha "A Luz dos Portugueses" (Janeiro de 2018). Um ano inteirinho em que a Galp ofereceu um mês de electricidade grátis a todas as famílias dos bebés que nasceram no dia 1 de cada mês. O objectivo da campanha é o alerta para a queda da natalidade que, no nosso país, é verdadeiramente assustadora.

E é também desde Janeiro que o Cocó na Fralda não quis deixar de se juntar a esta iniciativa e, em colaboração com a Galp, tem a decorrer um passatempo (que se repete todos os meses até ao final do ano), em que um bebé nascido em cada mês (e sorteado via random) ganha uma sessão de Baby Art, com a talentosíssima Raquel Brinca

No mês de Novembro ganhou o pequeno Duarte.

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O Duarte acabou de nascer mas a sua história começou em 2004. Nisso os pais concordam. Já no dia e no mês... mais ou menos. A Marina diz que tudo começou a 28 de Julho, o Bruno insiste no 6 de Agosto. Ele diz que começaram a namorar a 6 e que ele foi viver para casa dela a 8 , dois dias depois. Ela leva as mãos à cabeça. "Tu só foste lá para casa em Setembro!" Bruno sorri: "Não tenhas vergonha... Foi no dia 8 de Agosto que eu levei um par de meias, um par de cuecas e a escova de dentes para tua casa." Interrompemos a discórdia familiar para desmerecer as datas. O que importa é o onde e o como. "Foi no Gringos, numa lady's night. Eu estava um bocado em baixo, conhecemo-nos e ela passou o tempo todo a ver se me animava. A alegria dela chamou-me logo a atenção." E à Marina, o que foi que lhe causou impacto? Ela solta uma gargalhada: "No dia seguinte, quando ele me ligou a agradecer por ter sido simpática... não fazia a mínima ideia de quem se tratava." Riem ambos do infortúnio inicial do Bruno. "A seguir ainda me dificultou a vida. Convidei-a para um café, disse que não podia, tive de insistir. Finalmente lá consegui!"

Bruno não se pode queixar. Foi tudo rápido, mesmo rápido. Ela já tinha um filho, o Diogo, então com 3 anos, mas isso não o assustou até porque, fosse por coincidência ou teimosia do destino, várias namoradas anteriores também já tinham filhos. "Ela ter um filho não custou nada, foi só fazer maratonas a ver 'Lilo & Stitch'. Acho que vi aquilo umas 50 vezes. E pronto. Conquistei-o. Fácil. O pior é que eu vivia em Odivelas e ela em Queluz. E, na altura, como não tinha carro tive de andar muito a pé e de transportes. O que eu sofri para ir ter com ela!"

Bruno e o filho de Marina deram-se logo bem. Melhor até do que ele e a mãe. "Nesse Natal o Diogo pediu logo para me chamar "pai". Comoveu-me porque sempre quis formar uma família. Era o meu sonho. Mas não foi fácil. Porque eu e a Marina começámos a viver juntos ainda antes de nos conhecermos como deve ser. Houve muitas alturas em que pensámos que não ia dar certo. Ela é muito responsável. Eu era mais de brincar, curtir e gastar. Ela teve de me educar e domar." Marina confirma: "Está 200% melhor. Mais trabalhador, mais atinado. Se eu soubesse que ter filhos ia trazer-lhe toda esta responsabilidade tinha tido mais cedo!"

O primeiro filho do casal, Salvador, nasceu há 4 anos. A vida não estava propriamente estável mas foi planeado e uma alegria para todos. Marina tinha acabado de ficar sem emprego, com a falência da empresa em que trabalhava, a arder com 9 mil euros de ordenados em atraso. Nesse mês engravidou do Salvador. "E tínhamos acabado de comprar o carro!", relembra Bruno, que gosta de relembrar tudo por que já passou para que nada se perca da memória. Afinal, a vida a dois também é feita de desaires, de revezes, para depois virem também as conquistas, os êxitos, as alegrias. 

Quando engravidou do Duarte, Marina estava a trabalhar apenas há 9 meses, na cafetaria de uma grande superfície. Pensou que a iam despedir mas, contra todas as suas expectativas, passaram-na a efectiva. A gravidez do Salvador tinha sido fácil, a do Duarte foi cansativa e sobressaltada. "Como tive diabetes gestacionais tive de fazer muito mais consultas e ecografias e uma série de exames. E apanhámos não sei quantos sustos. Primeiro disseram que ele tinha um rim maior do que o outro, que podia ter de ser operado. Depois, afinal já não era nada. A seguir disseram que tinha a cabeça muito grande. Duas semanas passadas já estava normal. Fiz para aí umas 10 ecografias. E às vezes já tinha saído e estava cá fora a tratar da papelada quando me mandavam entrar de novo, para ver melhor não sei o quê. Isto cria uma ansiedade brutal."

Felizmente, não passaram de sustos. Duarte nasceu a 20 de Novembro, de 38 semanas. O parto foi induzido porque diziam que ia ser um bebé muito grande. Era melhor assim. "Nasceu com 3,595kg. Se calhar tinha mesmo sido enorme se tivesse nascido quando era suposto mas arrependi-me um bocado. Paciência. Foi parto normal e correu tudo bem. Foi mesmo fácil. Às 9h da manhã induziram e ele nasceu às 2:46 da manhã. A certa altura, mesmo perto do parto, não encontravam os batimentos cardíacos dele e percebi que estavam aflitos e a ponderar uma cesariana de urgência. Foi quando eu disse que tinha de começar a fazer força que ele ia nascer! E nasceu!"

Duarte é o benjamim de uma família que nasceu algures entre Julho e Agosto de 2004, ainda está por apurar. Tem muitos colos ao dispor, um irmão com 17 anos que vai ser uma espécie de "irpai" e um mais pequenino com quem vai poder brincar. E os pais, claro, que estão embevecidos com ele e com a família querida que criaram.

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Já estão abertas as inscrições para os bebés nascidos em DEZEMBRO!

Quem quer fazer uma sessão com a Raquel, quem é?

Já sabem como funciona: enviam um email para sonia.morais.santos@gmail.com com a data de nascimento do vosso rebento, e também o número de telemóvel (pais que acabaram de ter bebés podem não ligar muito ao email e depois para entrar em contacto é um sarilho). Em seguida, o vencedor é escolhido via random.

A Galp tem proporcionado momentos lindíssimos que nos fazem ter vontade de procriar (eu pessoalmente sinto-me uma heroína por ter conseguido resistir à tentação, apesar de tanto bebé querido que tem passado por aqui).

AMORE: amor pelos animais

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Quando o Mojito veio cá para casa, ainda muito bebé, a coisa não foi fácil. Além dos cocós e dos xixis (naturais para um bicho que ainda está a aprender), o Mojito parecia o Marley. Sabem, o Marley? Aquele cão levado da breca que esteve quase a destruir uma família? Pois bem, assim era o Mojito. Destruía tudo, mordia tudo (a brincar) e como em poucas semanas se tornou um cavalo, o seu descontrolo estava realmente a descontrolar a casa inteira. Eu tinha acabado de ter um recém-nascido quando ele saltava por cima das mesas e dos sofás, roía as cadeiras e os rodapés, fazia xixis e cocós (parecia não aprender), e na rua puxava por nós de tal maneira que parecia que estávamos a fazer wakeboard. Para agravar a situação, o Ricardo nunca teve cães em casa, não gostava da ideia, e só acedeu porque eu lhe dei cabo da cabeça. Nesses tempos, eu via a tristeza no olhar do Ricardo. Uma espécie de: "Estava tudo tão bem, porque é que esta gaja decidiu estragar tudo?? Porquê????"

O problema atingiu o seu pico quando, num desses momentos de excitação em que vivia quase permanentemente, o Mojito deu uma trinca no pé do Mateus (repito: recém-nascido) e foi então que soube que precisávamos de ajuda.

O Ricardo Oliveira apareceu na nossa vida quase como se tivesse sido enviado por uma entidade divina. Eu não acredito nestas coisas mas há de facto circunstâncias que, de tão perfeitas, parecem tecidas por algo superior ao nosso entendimento. Tínhamo-lo conhecido porque trabalhava num hotel onde tínhamos deixado o Mojito (para irmos de férias) e ele, quando saiu de lá por incompatibilidades com o dono do hotel (que não seria tão amigo dos animais como devia), contactou-nos para nos dizer que, sempre que quiséssemos deixar o Mojito, que falássemos com ele.

O Ricardo ajudou-nos de um modo que não tem preço. Não há retribuição monetária possível (ok, talvez se lhe comprasse uma quinta gigante, para ele ter lá o seu projecto, talvez assim ficássemos quites). Ele pegou no Mojito e, com muito amor, meteu-lhe juízo naquela cabeça. Hoje, o Mojito é o mais pachola de todos os cães, a coisa mais querida, tranquila e sensível do mundo.

O Ricardo estudou o comportamento animal e se há pessoa que sabe dar a volta aos bichos é ele. Já vi cães que estavam para abate por terem tido comportamentos agressivos mudarem do dia para a noite com a intervenção dele. Já vi cães que tinham medo de tudo (vítimas de maus tratos continuados) passarem de novo a confiar e a deixarem-se amar. Já vi - até - galinhas a deitarem-se no seu colo e a fecharem os olhinhos de prazer enquanto ele lhes dá festas. O Ricardo não tem uma vida como todos nós. Juro. Ele não faz mais do que dar a sua vida pelos animais. Ele passa os dias inteiros, todos os 7 dias da semana, dedicado a dar tudo o que tem (e às vezes até o que não tem) aos bichos. Ele e os animais são a mesma entidade. Não há distinção. Ou melhor, eu creio que ele faz a distinção, sim, sendo que nós - os humanos - saímos sempre a perder.

Entretanto, o Ricardo criou a Amore. Um Centro de Protecção e Reabilitação Animal que coloca as competências de um grupo de pessoas ao serviço do sonho de, um dia, nenhum animal precisar mais dos seus cuidados ou protecção, mantendo apenas a necessidade de respeito. Na Amore, podem encontrar: Reabilitação de Cães e Gatos com problemas de agressividade, medo ou de convivência familiar; Alojamento Familiar; Dog Walking e Pet Sitting. Está tudo lá, no site absolutamente lindo, com preços incluídos.

A Amore é composta também por dois projectos que a integram, para além da prestação de serviços (que o suportam): o Projecto Hopeful, que visa potenciar a adopção animal em Portugal através de protocolos e iniciativas juntos de parceios e adopção directa de animais reabilitados pela Amore; e o Santuário Empatia, que visa resgatar e proteger animais de pecuária de situações que ponham em causa o seu bem-estar ou a sua própria vida, permitindo também que através deles todos possam ver quem eles realmente são. O santuário não está aberto ao público por motivos de segurança e de bem-estar, mas eu já o vi e posso dizer-vos que aqueles são bichos de sorte.

Hoje, Dia Internacional dos Direitos dos Animais, queria dar-vos a conhecer a Amore. Que só podia chamar-se assim porque o mais que o Ricardo tem para com os animais é mesmo amor. Amor como por vezes não se vê entre pessoas. Amor verdadeiro. E, como ele, todas as pessoas de quem se rodeia. Porque não podia ser de outra forma. Porque o que ele faz é muito mais do que um trabalho. É uma missão. 

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http://www.amorempatia.org

 

Rota da Saúde #8: Incentivar as crianças a fazerem listas de resoluções

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Muito melhor do que definir regras que os miúdos têm que cumprir é elaborar metas em conjunto, para que eles se sintam parte da solução. Nada como definir uma lista de resoluções para ajudar os nossos filhos a cumprirem objectivos, estimulando assim a sua autonomia. Podem sempre aproveitar a chegada de um novo ano. Uma espécie de "e agora vamos tentar fazer isto melhor!"

1. Preparar o desafio

A lista de resoluções deve ser levada a sério por toda a família. Assuma a solenidade do momento e converse com os seus filhos sobre o que gostariam de conseguir alterar no seu comportamento, as coisas que gostariam de aprender ou passar a fazer sozinhos e lance o debate sobre as melhores estratégias a adotar. Passar o compromisso a escrito é uma forma de o firmar — a lista pode depois ser exposta na parede ou registada num caderno especial. Não há uma idade certa para começar a fazer planos de longo prazo, mas é “entre os sete e os 12 anos” que o ritual faz maior sentido e cumpre a sua função. “Nesta fase, as crianças ainda não têm os seus hábitos enraizados”, explica Christine Carter, a autora do livro Raising Happiness: 10 Simple Steps for More Joyful Kids and Happier Parents (Educar para a felicidade: 10 passos simples para ter crianças mais alegres e pais mais felizes, em tradução literal), num artigo publicado no site parents.com.

2. Dar o exemplo

Os pais são o modelo dos filhos (não é por acaso que se diz "Casa de pais, escola de filhos") e a construção da lista de resoluções pode até ser mais divertida se estes se envolverem também. Pense em coisas simples que gostaria de mudar no seu dia-a-dia e comprometa-se também. A perfeição não existe e há sempre comportamentos que também pode modificar, seja fazer a cama ainda antes do pequeno-almoço ou não levantar a voz por tudo e por nada. Se a imaginação falhar, as sugestões dos seus filhos podem ser duras de ouvir, mas vão com certeza fazê-lo rir e ajudar a lembrar o que poderá alterar.

3. Mostrar-se positivo

A ideia não é listar uma série de obrigações e metas a atingir. “Em vez de apontar aquilo que ainda não fazem, lembre os seus filhos dos sucessos que obtiveram no ano anterior e de como os pequenos esforços souberam fazer a diferença”, aconselha Christine Carter. E exemplifica: “Como é que achas que podes usar essa estratégia que resultou com o piano para fazer outra coisa qualquer?”

Leiam o resto das sugestões (que são bem boas, por sinal) AQUI.

(esta rubrica é uma parceria com Lusíadas Saúde)

Cocó no Parlamento Europeu (de novo)

No ano passado tinha recebido um email do próprio presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani (achei que era treta mas veio a confirmar-se ser verdade 😂), a convidar-me para um dia de trabalho onde discutíssemos formas de aproximar o Parlamento Europeu dos cidadãos. Éramos 31 convidados, de 24 plataformas diferentes (algumas plataformas tinham mais do que um autor), de 16 países. Foi um dia muito interessante em que cada um, individualmente, disse quais as razões que achava que levavam ao afastamento dos cidadãos e possíveis estratégias para mudar as coisas.

Este ano, o convite foi noutro sentido. Foi no sentido de tentarmos, juntos, encontrar ferramentas para relembrar aos cidadãos a importância do voto nas eleições europeias. Não se trata de dizer em quem votar, como é evidente. Mas apenas reforçar a ideia do quão importante é votar. Há, de resto, uma campanha em marcha: This Time I'm Voting. Ou, em português, Desta Vez Eu Voto. Podem inscrever-se, receber informação sobre os temas que assinalarem como preferidos, e até inscrever-se como voluntários (online ou na colaboração ou criação de eventos). Já me inscrevi e dei-me como voluntária. É importante que se diga isto, antes que venham os incomodados do costume: como é evidente, o Parlamento não nos está a pagar para isto. Não há dinheiro envolvido. É apenas cidadania, mesmo. 

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Éramos 4, no nosso grupo de trabalho (havia outros grupos, com outras nacionalidades reunidas): eu, a Madeleine Daria Alizadeh (Áustria), o Joel Willans (Finlândia) e a Camille Grandxo (França).

Como sabemos, a Europa enfrenta uma crise. O Brexit veio provar que não podemos tomar a União Europeia como um dado adquirido. E, por muitos defeitos que esta união tenha, ela ainda é uma belíssima ideia, um garante de segurança, de paz e de pertença. Eu vivo nesta premissa há 3/4 da minha vida. Não quero deixar de viver debaixo de um ideal de união, cooperação, liberdade de circulação, entre tantas outras vantagens.

É óbvio que o que se passa no Parlamento Europeu é, para a maioria, um mistério. Se a política nacional já nos deixa confusos, o que dizer da política europeia, com todas as suas regras, jogos de bastidores, cedências, interdependências? Mas, apesar dessa complexidade que aparta as pessoas do que lá se passa, é fundamental que não deixem de votar, de ter um mínimo interesse. No workshop que tivemos, expliquei que, além da complexidade, os portugueses têm ainda uma questão suplementar: como somos um país pequeno sentimos que contamos pouco. E que, por isso, é um bocadinho indiferente quem elegemos porque sentimos que, no fim do dia, os nossos representantes valem pouco no meio dos grandes como a Alemanha ou a França. Ainda assim, voltámos ao mesmo: é sempre importante ter voz. E é mesmo fundamental que nos aproximemos mais da União Europeia e dos seus valores e ideais porque o renascer do nacionalismo em vários países e dos extremismos em geral pode bem dar cabo disto tudo. 

Foi um dia muito interessante, em que uma das nossas tarefas foi desenvolvermos uma campanha nas redes sociais de apelo ao voto. Dividiram-nos em duas equipas (misturados com o gabinete de comunicação do parlamento), e foi espectacular. A equipa adversária ganhou por muitos pontos mas ri-me a ponto de quase morrer com o Joel Willans (um britânico que foi viver para a Finlândia porque se apaixonou por uma finlandesa mas que continua com o típico humor britânico e tem uma raiva indisfarçável contra todos os "brexitianos").

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Madeleine Daria Alizadeh (IG: dariadaria), Camille Gandxo (IG: camillegrandxo), eu e Joel Willans (Fb: Very Finnish Problems)

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Adorei o dia. As pessoas eram todas tão interessantes, cheias de vontade de ajudar, empenhadas nesta causa. Devolveu-me um pouco de fé na Humanidade. E vocês? Tencionam votar nas eleições europeias?

A luta há-de continuar!

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Não tenho conseguido ir ao 1Fight (e à aula intensa de Miss Fight com a não menos intensa Susana) e o meu corpinho sente-lhe a falta. Sinto falta daquela energia, de esmurrar o saco e deixar lá boa parte do meu stress, de sair da aula feita num oito, de sentir logo diferença ao fim de algumas aulas (aquilo faz perder muuuuuita massa gorda e encolhe mesmo a pessoa). Há dias em que não apetece submeter o corpo àquilo, sou franca. Estamos cansados, estamos moles, temos frio, é a última coisa que apetece. Mas depois... aaaaaaah, depois! Depois é uma sensação tão boa. De dever cumprido, de libertação, de felicidade (as endorfinas são mesmo nossas amigas).

Este mês praticamente não vou andar por cá e, por isso, só voltarei em Janeiro! Mas voltarei! Ou, como diria o "companheiro de luta" Schwarzenegger... "I'll be back!"

Relações entre pais e filhos

A relação dos pais com cada filho é tão diferente que chega a ser perturbador. Na verdade, não tem nada de estranho, místico ou metafísico. Não tem seguramente nada (na maioria saudável dos casos, pelo menos) a ver com preferências por um ou por outro. Tem simplesmente a ver com feitios. Com maneiras de ser de cada um. Com encontro de personalidades e a sua relação serena ou, pelo contrário, tempestuosa. A minha relação com o Manel não tem absolutamente nada a ver com a que tenho com o Martim e distingue-se rigorosamente da que tenho com a Mada. Com o Mateus ainda é cedo mas começa já por ser diferente no sentido em que educo menos e deixo-o mais mostrar quem é que manda lá em casa (mas é só porque estou velha, cansada e com muito menos tolerância e pachorra).

Às vezes queria conseguir tratar todos da mesma maneira, se bem que isso seria estranho porque são todos pessoas diferentes. Mas incomoda-me, por exemplo, perceber como choco muitas vezes com a Mada por ela ser mulher. Que me irritam certos amuos que os rapazes não têm (pelo menos os de cá de casa não têm). Aquele bater de porta, aquele revirar de olhos, aquele dramalhão. Ou quando é maliciosa daquela forma subliminar que só eu entendo... porque também sou mulher (uiii, isto é coisa para me caírem em cima mas eu também sou feminista por isso não me enervem).

Há dias em que sinto que fui injusta para com um deles. Que exigi demais ou que respondi torto ou que fui agressiva. Às vezes sou bruta. Durmo mal à noite. Acordo, abraço, peço desculpa. Peço muitas vezes desculpa. E tento ser melhor no dia seguinte. O que nos vale é haver o dia seguinte, para tentarmos compor o que ficou descomposto. Mas, pensando que pode não haver (nunca se sabe), talvez o melhor mesmo seja não deixar para amanhã e reparar ainda hoje. 

Isto de ter filhos parece fácil. Mas, se quisermos fazer a coisa bem feita, com o menor número de danos (e haverá sempre danos), é a tarefa mais dura e difícil das nossas vidas.

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Foto: Inês CM, After Click

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