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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

O tempo não passa. Voa. Aproveitem cada minuto

O Manel está a ter a sua primeira experiência de trabalho. Tem 16 anos, gosta de fazer tudo e mais alguma coisa, e nós temos tentado mostrar-lhe que queremos muito que saia com os amigos, que vá de férias, que aceite todos os convites que lhe fazem, e que tenha todas as experiências boas da juventude mas... não dá para bancar tudo. Às vezes até dá mas não queremos de todo que pense que o dinheiro cai do céu. Achamos importante que comece desde cedo a perceber que o dinheiro custa a ganhar, única forma de o valorizar e usar com consciência. De maneira que está a servir à mesa. Tem ido e voltado de metro, mas anteontem fomos lá buscá-lo e ficámos um bocadinho na esplanada enquanto terminava o turno. Difícil dizer-vos o prazer que é vê-lo crescer, ganhar asas, tornar-se progressivamente mais autónomo. Parece que foi ontem que dava os primeiros passos ali perto, e ei-lo a dar os primeiros passos da vida adulta. 

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 O Mateus foi connosco e estava visivelmente baralhado. Olhava para o irmão, incrédulo, e às tantas perguntou:

- Tu és o senhor, Manel?

O Manel riu-se. Nós todos nos rimos. Depois, pediu ao irmão mais velho um guardanapo, como que a fazer o teste. Quando o Manel trouxe o guardanapo, o Mateus olhou para ele, com admiração, e disse:

- Obrigado, senhor!

 

 

E duas noites com pequeno-almoço e 1 jantar no Vila Galé Sintra? Hum? Quem quer?

É o novo passatempo a decorrer no Instagram do Cocó. Duas noites em quarto standard familiar (pequeno-almoço incluído, capacidade máxima dois adultos e duas crianças) e também um jantar, no Vila Galé Sintra. Validade de um ano a partir da data de atribuição do prémio.

As regras de participação estão lá, na publicação que lança o passatempo. Têm até domingo, dia 22 de Julho, à meia-noite, para tentarem a vossa sorte!

Vejam as imagens e digam lá se não vale a pena!

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 Mais informações sobre o hotel AQUI

O segredo das relações duradouras

Há muita gente que me pergunta sobre a minha relação duradoura. Como uma vez me dizia o João Miguel Tavares, alguns de nós, que mantemos casamentos longos e felizes, começamos a ser olhados com curiosidade e até desconfiança. "Serão normais?" Somos. Normalíssimos. Creio que o que nos distingue de quem não consegue manter relações longas é a sorte, em primeiro lugar, e o prazer pela paz, em segundo. A sorte porque, como em tudo, é essencial. Eu tive uma sorte do caraças em ter encontrado o Ricardo, assim como tive uma sorte do caraças em ter respondido ao anúncio que o Pedro Rolo Duarte pôs no jornal Público, assim como tive uma sorte do caraças em ter conseguido ter filhos, assim como tive uma sorte do caraças em ter tido filhos saudáveis, assim como tive uma sorte do caraças por tudo me ter corrido sempre bem. Há factores na vida que não dependem de nós. Dependem apenas da sorte. Mesmo. Não a escamoteio, não a desprezo, não a desvalorizo. Muitos dos que por aí andam, de relação em relação, simplesmente não tiveram a mesma sorte que eu. Por isso, obrigada, sorte.

Em segundo lugar, dizia, vem o prazer pela paz. Valorizo muito a minha paz, o saber com o que conto, alguma previsibilidade dentro de toda a imprevisibilidade da vida. Há muitas pessoas que não têm dentro de si (ou ainda não encontraram) este prazer pela paz, pela serenidade, pela quietude. Vibram com a aventura, o desconhecido, anseiam pela paixão e tudo o que ela traz: arritmias, desejo, insegurança, sangue a ferver. Eu sou muito mais pelo amor nos seus pequenos detalhes, na intimidade profunda de conhecer o outro quase como a palma da nossa mão, de lhe saber de cor o cheiro, os gostos, os defeitos.

Há nisto tudo uma certa analogia com o mar. Eu prefiro um mar tranquilo. Não tem de ser mar-chão, se bem que as águas transparentes, cálidas e mansas de umas Maldivas, por exemplo, são perfeitas para mim. Mas pode ser um mar ligeiramente agitado, com aquela ondulação que não chega a ser perigosa mas que dá um friozinho na barriga. Pode ser uma bandeira verde ou amarela. Não me chamem para um mar picado de bandeira vermelha. Até posso mergulhar, mas não fico mais que esse mergulho. Acontece o mesmo no amor. As paixões violentas sempre me tiraram o pé do chão, fizeram-me temer pela minha segurança, pela vida, até. Não gosto de sentir o afogamento próximo. Não tenho qualquer vício pela adrenalina. Gosto muito mais de um mar tranquilo, ainda que com alguma agitação. 

Não somos todos iguais, e ainda bem. E pode bem acontecer que, um dia destes, me dê na cabeça gostar de uma vaga tipo canhão da Nazaré. Ninguém pode adivinhar. O encanto da vida também é esta surpresa permanente. Mas para já (e há já 20 anos) não contem comigo para surfar tsunamis.

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Galp, a Luz dos Portugueses, e a luz do Francisco

Já estão fartinhos de saber mas não custa relembrar: na sequência da campanha "A Luz dos Portugueses", que a Galp tem a decorrer desde o início de 2018, o vosso Cocó (salvo seja) quis juntar-se a esta iniciativa que alerta para a queda da natalidade no nosso país, e vai daí que - juntos - lançámos um passatempo (que se repete todos os meses), em que um bebé nascido em cada mês (e sorteado via random) ganha uma sessão de Baby Art, com a maravilhosa Raquel Brinca

No mês de Junho ganhou o Francisco

A sessão fotográfica não podia ter corrido melhor. O Francisco é um santo e dormiu quase o tempo todo, deixando as mãos da Raquel trabalharem como tão bem sabem fazer. Não apenas embrulhando-o com aquele jeitinho delicado dela, como depois usando a máquina para fazer arte. 

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Ponto prévio: Cheguei ao estúdio da Raquel Brinca e já a sessão tinha começado. Impossível não sentir as hormonas aos trambolhões ao observar os dois irmãos mais crescidos com o recém-nascido ao colo a sorrir para a objectiva. Francisco dormia profundamente e o irmão Henrique, de 11 anos, estava deliciado por segurar no bebé. A Leonor, gentilmente encostada, parecia flutuar de orgulho fraterno. E a pessoa teve até de se afastar dois passos, para não ter ideias maternais.

Francisco nasceu no dia 20 de Junho às 18.27. Pesava 3.465kg. Joana, a mãe, tem 38 anos e sempre quis ter uma família grande. Mas o marido torcia o nariz ao terceiro. Já tinham um rapaz, já tinham uma rapariga. Em calhando estava bem assim. Mas um dia foram em passeio num cruzeiro e conheceram uma família com 3 filhos. A mais velha ajudava imenso, as tarefas pareciam fluir sem esforço, tudo corria tão de feição que o marido achou que talvez não fosse assim tão complicado ter um terceiro filho. E assim foi. Francisco foi feito logo de seguida.

A gravidez correu bem, tirando o facto de ter tido uma diminuição do líquido amniótico. De resto, não foi a primeira vez. Quando foi da gravidez da Leonor aconteceu exactamente o mesmo. Culpa de muito trabalho, picos de tensão provocados pelos impostos. Não é que não soframos todos com isto, mas uma vez que Joana é contabilista, quando chega a altura das entregas do IRS, IVA e afins, o aperto é pior do que para o comum dos mortais. Por isso, ficou em casa a partir das 28 semanas e a coisa estabilizou. 

Recuando um pouco, os pais casaram há 14 anos, em 2004. Conheceram-se na faculdade. Ela tinha namorado. Ele tinha um fraquinho por ela. Quando o namoro dela acabou, ele ganhou ânimo. Tinha carro e convidava-a para ir a festas do ISEG. Ela chegava a casa e dizia à mãe que ia sair com ele. A mãe, que não gostava do anterior namoro, aplaudia os avanços dele. Sempre que ele lhe dava um presente (que era mesmo muitas vezes) a mãe dizia, ufana: "Esse é que é! Esse é que é!" Foi. Começaram a namorar em Abril de 2003, casaram em 2004.

O primeiro filho, Henrique, nasceu em 2006. Com 4594kg, de parto natural. Não foi fácil. Foi um parto à bruta, com uma enfermeira a fazer força na barriga, e uma recuperação difícil, não só física como psicológica. Não foi por acaso que levou 5 anos para ter a segunda. Leonor nasceu em Novembro de 2011. Henrique, então com 5 anos, sentiu alguns ciúmes. Queria atenção, chamava. Agora que Francisco nasceu, ele não manifesta ciúmes alguns, já ela está a passar pelo mesmo que o irmão passou quando ela nasceu. "Está muito contente com o bebé mas quando estou a dar de mamar chama-me, chucha no dedo, deixou de comer sozinha. Enfim, regrediu um pouco mas acho que tudo irá ao lugar, com tempo."

O terceiro filho, este bebé que agora pousa para os retratos, nasceu pelas mãos de Fernando Cirurgião. Joana gostou tanto dele e de todo o acompanhamento que estava capaz de se abalançar para um quarto filho. Bom, não apenas pelo médico, claro, logo no início se disse que queria ter uma família numerosa. Mas Edgar, o pai, não está pelos ajustes. E, já se sabe, são precisos dois não apenas para dançar o tango. Para já, a família está composta. E se o povo diz que três foi a conta que Deus fez, lá há-de ter as suas razões. 

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BEBÉS NASCIDOS EM JULHO, ESPERAMOS POR VÓS! Pais de bebés nascidos em Julho enviem um email para sonia.morais.santos@gmail.com para se inscreverem. O vencedor será encontrado via random.

Quanto a mim, vou ali apanhar ar que estes bebés todos estão a dar comigo em doida. Galp, se as minhas hormonas endoidarem a culpa é oficialmente vossa. 

 

 

 

Habemus ciclista

O Mateus tem há um ano uma bicicleta da Chicco, sem pedais. Confesso que até ao meu sobrinho João usar uma que nós lhe oferecemos (porque a minha irmã tinha-nos dito que era o que ele queria) e até eu ter visto a facilidade com que ele passou dessa bicicleta sem pedais para uma com pedais, achava que estas bicicletas sem pedais eram só uma invenção parva. Depois de ver a pinta com que o miúdo saltou de uma para a outra, sem passar pelas clássicas rodinhas, percebi que aquilo resultava mesmo e comprei uma para o Mateus.

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Quando começámos a ver a maneira incrível como ele já andava nesta, dando balanço e levantando os pés, com um equilíbrio perfeito, percebemos que estava na hora de passar para outro nível. Veio a bicla do João e... em 5 minutos estava o rapaz a pedalar na maior! 

 Eu sei, eu sei: um flagelo esta coisa de filmar com o telefone na vertical... 

Também sei que a bicicleta está muito baixa, que temos de lhe levantar o selim e o guiador, mas foi a forma que encontrámos de ele ter confiança porque lhe basta esticar o pé e fica em segurança

A contar os dias...

... para irem para o campo de férias mais giro, completo e espectacular: o Sniper. Já vão há 3 ou 4 anos (perdi a conta) e adoram. Este ano o Manel não estar porque vai trabalhar. Vai o Martim e a Mada. Mal posso esperar que o pequenino também tenha idade para ir porque é mesmo uma experiência inesquecível. 

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O que se faz? Um milhão de coisas. Descem-se pontes em rapel, faz-se slide, matraquilhos humanos, nada-se na piscina, atravessa-se um rio a pé e com água pelo pescoço (os mais pequenos, pelo menos), faz-se tiro com arco, jogos vários, escalada, arborismo, exploram-se grutas, dança-se na discoteca, dorme-se na serra num abrigo feito por eles... enfim. Uma semana cheia. E as memórias ficam para sempre. Adoro, eles adoram, adoramos todos. 💗

"A vida é sempre a perder"

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Há dias em que acordo triste, mas mesmo triste. E quero que a tristeza se vá embora mas não consigo, ela agarra-se-me às pernas, ao corpo todo, à alma e não deixa de me enevoar o dia. Já compreendi que o segredo é não lutar contra ela. É deixá-la vir, pousar, fazer-me pensar, chorar, e depois seguir em frente, quando puder ser. Quando der. Toda a vida me foi ensinado a não ficar a alimentar os meus monstros. A não pensar nisso. A não mexer nas feridas. Poderá servir para outras pessoas mas para mim - aprendi - não. Há dias em que acordo triste e não merece a pena contrariar. Porque tenho razões para estar triste. Porque perdi uma pessoa fundamental na minha vida, porque tenho outras dores de que não quero falar, e porque não sou de borracha. Tenho um coração a bater aqui dentro, felizmente. 

Não quero ter o fatalismo da canção "Homem do Leme", dos Xutos, que nos diz que "a vida é sempre a perder". Mas o pior é que é verdade. Vamos perdendo. Capacidades, energia, saúde, pessoas. Pessoas que são nossas, tão nossas, que é como se fizessem parte do nosso corpo e, por isso, quando as perdemos são pedaços de nós que nos são amputados. Não é fatalismo, é a realidade: a vida é mesmo sempre a perder. Claro que vamos ganhando também, senão mais valia desistir. Vamos ao tapete, levantamo-nos, vamos ao tapete de novo. Somos duros na queda. Conseguimos mais do que achávamos que éramos capazes.  

O mais estranho de tudo é esta montanha russa de emoções, que nos põe tristes - mas mesmo tristes - num dia, e a rir a bandeiras despregadas no dia seguinte. A sentirmos que é tudo cinzento num dia, e a acharmos que é tudo colorido no dia a seguir. É quase uma esquizofrenia, mas a vida também é assim. Já dizia o Herman: a vida é como os interruptores, umas vezes para cima, outras para baixo. Ele disse-o na galhofa mas é também na galhofa que se dizem coisas acertadas. O importante é mesmo aprendermos e aceitarmos que é assim. Não embandeirarmos em arco com os dias felizes (não deixando, no entando, de os sorver até ao último segundo), mas também não chutarmos para canto os dias tristes. Tudo faz parte. Tudo. O bom, o mau, o assim-assim. 

Eu estou a aprender isto agora. Sim, só aos 44 anos. A vida foi branda comigo e tinha as minhas neuras, sim, mas não dias tristes, mesmo tristes. Quando eles chegaram, comecei por querer à força enxotá-los. Agora deixo-me simplesmente estar. Nesses dias evito vir aqui porque ninguém tem grande pachorra para gente triste. Não esqueço alguém que disse a uma amiga em luto: "O quê? Ainda estás assim? Ele já morreu há um mês!" A mim também já disseram coisas parecidas. Nos dias tristes não apareço, faz de conta que está tudo bem. Não está e não faz mal que não esteja. A seguir virão momentos bons, óptimos, incríveis. Porque a vida é mesmo assim, quase sinistra nesta ambivalência. E é preciso aprender a aceitá-la como ela é.