Epidemia oculta
Como já aqui disse, aceitei com muito prazer o convite para ser de novo uma EMA (embaixadora mudar a anemia). O assunto é sério e todas as vozes são poucas para passar esta mensagem. Com efeito, o estudo Empire, feito pelo Anemia Working Group Portugal (AWGP), com o apoio da OM Pharma, revelou dados preocupantes sobre a população portuguesa. 1 em cada 5 portugueses tem anemia e a maioria não faz sequer ideia. Ou seja, mais de 20% da população portuguesa sofre de anemia e nas grávidas o caso fica ainda mais impressionante, já que 54% padece desta condição.
No almoço a que fui na semana passada, no restaurante Pharmácia, o Dr. Robalo Nunes, presidente do AWGP, mostrou gráficos e explicou os resultados. Falou em "epidemia oculta". Porque a anemia, para além de ser uma questão séria por si só, pode ainda ser o primeiro sinal para uma doença grave - razão pela qual é importante "definir a causa e não fazer maquilhagem".
A anemia traduz-se, na prática, numa diminuição da capacidade do organismo em transportar O2. Ou seja, um corpo com anemia é um corpo mal oxigenado, com tudo o que isso implica a nível de todos os órgãos. Às vezes adoecemos e não sabemos porquê. Pois bem... pode ser tão simples como isto: anemia.
Cansaço, palidez, queda de cabelo, falta de ar, intolerância ao frio, são alguns dos sintomas mais comuns dos doentes com anemia.
Nem todas as anemias se traduzem em deficiência de ferro, é certo, mas cerca de metade sim. Ou seja, em cerca de metade dos casos há algo muito simples a fazer: tomar um suplemento de ferro, que ajude a restabelecer os níveis aceitáveis de ferro no organismo. O site www.deficienciadeferro.pt explica tudo.
Posto isto, o que devem fazer? Na próxima consulta de rotina (ou, em caso de sentirem alguns dos sintomas descritos, é marcar uma consulta já), pedir ao médico que passe umas análises. Muitas vezes não se analisam os níveis de ferro porque nem mesmo os médicos estão ainda despertos para isso. Podem sempre falar vocês no assunto. Os médicos não são bichos papões.
Só para vos dar um exemplo. No tal almoço a que fui, fiz a análise. Uma picadinha no dedo permitiu-me saber, instantaneamente, que não tinha anemia, o que foi um alívio, mas depois fiquei à espera 15 minutos para saber os níveis de ferro. Ora, quando chegou o papelinho com a informação, fiquei a saber que os meus níveis de ferro estavam muito baixos (16,9 de ferritina quando o normal é um valor igual ou superior a 30). Felizmente a Ana Lemos, que estava ao meu lado, tinha um valor ainda mais baixo que o meu, caso contrário ia achar que estava a morrer (e era pouco provável estarem duas pessoas ali a falecer). Ainda assim, e como boa hipocondríaca que sou, fui com ela falar com o Dr. Robalo. Parece que, a continuarmos por este caminho, vamos as duas acabar anémicas. A boa notícia é que é relativamente simples contornar a questão: basta começar a fazer uma suplementação de ferro e, em princípio, tudo vai ao lugar. Talvez consiga perceber agora por que raio me sinto tão cansada mal acordo. Nós vamos achando que é normal, que temos uma vida maluca e que só um super herói não se sentiria cansado, mas talvez estejamos, na verdade, a escamotear um assunto mais sério que pode trazer-nos problemas a que, aí sim, vamos mesmo ter de parar e dar atenção. Conclusão: fui à farmácia, trouxe um suplemento e já estou a tomar. Ainda não noto nada de diferente (continuo a ter dores no corpo e um cansaço horrível logo ao acordar) mas estou a apostar as minhas fichas todas no ferro.
No próximo dia 26 de Novembro (sábado) assinala-se o Dia da Anemia. Vão estar a ser feitos rastreios em Lisboa (Centro Comercial Colombo) e no Porto (Arrábida Shopping) e estão TODOS convidados a aparecer para os fazer.
#umasaudedeferro