Caetano: eu amo você
Foi ontem o belíssimo concerto de Caetano Veloso no Coliseu. Belo é a palavra. Tão suave, tão doce, tão íntimo. Tão melodioso, tão quente, tão chamego, tão bom. Voz e violão. Calor no coração.
Primeiro veio Teresa Cristina, delicada como uma borboleta. Com aquela voz que é só mel e cantando temas de Cartola transportou-nos direitinhos para o Brasil. Mas nada de espalhafato, nada de Carnaval. Só amor - correspondido ou não - cantado como num embalo.
Depois veio o rei. Acho que sempre que vem a Lisboa vamos vê-lo e ouvi-lo. Lembro-me de vários concertos mas recordo com particular ternura aquele a que fomos, ali mesmo no Coliseu, dias antes do Manel nascer. Dancei tanto nessa noite, com o meu barrigão imenso.
Ontem não deu para dançar. Porque ontem o Caetano que se sentou com o seu violão foi um Caetano sereno, falando baixinho, quase sussurrando. E as canções escolhidas foram as calminhas, que deixaram a audiência numa espécie de hipnose feliz. Cucurrucucu Paloma, o eterno Leãozinho, Desde que o Samba é Samba, Love for Sale, entre tantas outras, fizeram da minha noite um rebuçado. Um bombom. Uma caixa inteira de bombons. Quando cantou o fado de Amália, "Libertação", num português quase perfeito, o homem relembrou-me que é um deus.
Este presente do meu amor tornou o regresso das férias muito mais açucarado.