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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

4º Workshop de cozinha #Receitaperfeita. Foi na sexta e foi... o máximo!

Cheguei a Cascais muito cedo, ao contrário do que tem acontecido das outras vezes. Despachei tudo o que tinha para fazer, fui à Sephora às 15h, adorei conhecer a Verónica Pose Lema, que me maquilhou e que é uma mulher muito interessante e lutadora (além de ser muito boa naquilo que faz), e segui para o Cooking Memories, na Marina de Cascais, onde cheguei às 17.30. Levei o computador para adiantar trabalho e assim escusei de apanhar aquele trânsito infernal de final do dia.

Estava uma tarde quente e a luz na marina estava incrível. Os convivas começaram a chegar e, pela primeira vez, a Mónica trouxe os acepipes para uma mesa que está cá fora, ao ar livre. Assim, pudémos usufruir daquele fim de tarde mesmo bom, sem vento.

O meu vestido lindo é da Happy Company, claro está. Loja do demo no seu melhor. 

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A Maria João e a Raquel 

 

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O Henrique e a Bé 

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A Mónica 

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 O João, a Alexandra e a Carolina

 

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A Sandra e o Luís 

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A Raquel e o Daniel 

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Ficámos tanto tempo à conversa que quando demos por isso eram 21h. E cozinhar... nada!

Sim, porque relembro que a ideia destes workshops é chegar e pôr as mãos na massa, sob a orientação da chef Mónica Alves Pereira!

Desta vez foi mesmo preciso a Mónica arrancar-nos dali e pôr-nos a trabalhar!

 

One

Ofereceram-me este relógio no Dia da Mãe. Gostei muito dele, tinha a intenção de publicar uma foto catita, mas depois meteu-se não sei o quê, passou o tempo, esqueci-me, já não era Dia da Mãe, caneco.

Só agora reparei que, atrás, estão gravados os nomes dos meus 4 filhos. 

Obrigada, One!!!!! O post está atrasado mas, na verdade, o Dia da Mãe é sempre que uma mãe e os filhos quiserem, ou seja todos os dias.

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Uma mulher de armas

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Não há como escapar à facilidade do título. Ilda Almeida, 72 anos, é a mulher à frente da Casa Diana, uma espingardaria que abriu portas em 1948. A casa foi aberta pelo seu padrinho mas há 37 anos que Ilda assumiu os comandos, tornando-se a primeira mulher em Portugal à frente de uma espingardaria.

A sua história conta-se num instante. Ilda Almeida nasceu numa aldeia do concelho de Arganil (Coimbra). Nesses tempos idos, os estudos dos aldeões ficavam-se pela 3ª classe. Quem quisesse continuar tinha de seguir para Coimbra. Os pais de Ilda não foram na conversa mas quando a filha fez 17 anos já não conseguiram conter o seu desejo de prosseguir com os estudos. Então, mandaram-na para Lisboa, para viver em casa de um casal conhecido. Iria estudar mas também ajudar em casa, no que fosse preciso. Mal sabiam todos que a vida de Ilda estava prestes a mudar para sempre.

A relação entre Ilda e o casal que a acolheu tornou-se próxima. Tão próxima que, certo dia, eles lhe disseram:

- A partir de hoje vais tratar-nos por padrinhos. Nós vamos ser os teus protectores.

E assim foi. Os padrinhos puseram-na a estudar no Colégio Sá de Miranda, na Alliance Française, no Cambridge. Até ao fim da vida, o casal tratou Ilda mais como filha do que afilhada. "Eram os meus segundos pais. Aliás, a minha mãe quando falava comigo perguntava sempre 'como está a tua outra mãe?' Isso nunca foi um problema entre nós. Sempre tivemos tudo muito bem resolvido. Mas o meu amor pelos meus padrinhos era, de facto, um amor de filha. E o amor deles por mim era um amor de pais. Foi uma relação muito bonita."

O padrinho, João Côrte-Real Trigoso, era um amante de caça. E, em 1948, fundou a Casa Diana. "Era a sua paixão. Ele ensinou-me tudo. Eu estudei mas acabei por não ir para a faculdade porque também me apaixonei pela espingardaria. Era o braço direito do meu padrinho. E, para estar à altura, estudei muito: caça, balística, legislação... a paixão dele tornou-se a minha paixão."

Entretanto Ilda casou, teve uma filha a quem deu o nome da madrinha, Beatriz. "O amor que nos unia passou também para a minha filha. Era como uma neta, sem tirar nem pôr."

Quando o padrinho morreu, foi Ilda quem ficou à frente da loja. Tinha então 35 anos. E teve muito que ultrapassar, num negócio que era (e ainda é) de homens: "Um dia entrou aqui um cliente que não quis ser atendido por mim. 'As mulheres não percebem nada disto! As mulheres têm é de estar em casa!' Fiquei danada e mandei-o pôr-se na rua, que ali quem o atendia era eu. 'A senhora veja como fala que eu sou um oficial!' Respondi-lhe: 'Olhe, pior ainda! Se fosse um homem do campo, sem instrução, ainda lhe perdoava. Assim, não tem qualquer justificação". O senhor acabou por voltar, no dia seguinte, a pedir perdão pelo seu comportamento. Perdoei."

Como este episódio, muitos outros. "Logo no início os armeiros concorrentes fizeram de tudo para me cortar as pernas. Houve um que me levou logo os 3 funcionários mais antigos. Achava que dessa forma eu não iria aguentar-me muito tempo. Que ia acabar por vender a casa. Teve azar." 

Os contratempos foram incontáveis. Mas Ilda, mulher de armas, não desistiu: "Há 40 anos não era fácil uma mulher impôr-se. Foi tão difícil que a minha madrinha chegou a dizer-me: 'Filhinha, vamos vender a casa. Não te quero ver nessa luta.' Mas eu nunca o faria. Primeiro por respeito e consideração para com o meu padrinho. E depois pelo amor que eu já tinha a isto."

Hoje sobram as histórias, a sabedoria, o orgulho de ter uma casa muito conhecida que se destaca no mercado pela seriedade e honradez. Há clientes que já acompanham a vida da loja desde que Ilda começou, clientes que se tornaram amigos: "Chegamos a ter três gerações de clientes da mesma família. E apesar de não haver o movimento de outros anos, não me posso queixar." 

Hoje Ilda já não caça. Mas sabe tudo sobre as armas, as classes, os calibres. A mais cara que tem para venda custa para cima de 3 mil euros. Aprecia-lhes o toque, o desenho, sabe montá-las e desmontá-las de olhos fechados. A Casa Diana é parte de si. Gostava que ficasse na família. "Talvez a minha filha... e depois o meu neto... O meu neto gosta muito disto. Vibra, como eu. Pode ser..." Enquanto o pequeno Diogo, de 9 anos, não cresce, Ilda vai ficando. Guerreira, mulher de armas, não desarma. Porque esta é a sua paixão. Porque esta é a sua vida.

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 Fotografias: Raquel Brinca, HUG

 

Casa Diana: Rua Pascoal de Melo, 62. 21 319 2940

 

 

(esta é a primeira de muitas histórias de vida que vão passar a aparecer, de vez em quando, aqui no blogue) 

Uma zebra no parque

Às vezes (muitas vezes) chamo o Mateus de zebra. Nem é bem zebra é mais cêbra, assim com "c". Não sei bem como aconteceu mas foi o nome querido que lhe calhou na rifa. Podia ter sido coelhinho, rato, outro bicho qualquer. Calhou ser "cêbra". Ontem estava no parque com ele. À volta, mais miúdos. Às tantas, olhei para ele e exclamei: "Olá, zebra!" Um miúdo de uns 5 anos ficou atónito a mirar-me. De seguida, olhou o Mateus. Voltou a fitar-me. E depois indagou, a medo:

- Zebra? Ele... ele... ele chama-se... zebra???

 

Estive a rir uma meia hora.