Mada e a carne
Tenho recebido alguns comentários e emails no sentido de saber se a decisão da Madalena não comer carne se mantém.
Mantém.
Mesmo quando lhe pergunto, com ar guloso, se não quer um hambúrguer, um bife com batatas fritas, uma picanha. Ela mantém-se firme.
A minha mãe está absolutamente contra o facto de eu permitir que a criatura decida este tipo de coisa. Na verdade, se eu tivesse tido esta ideia peregrina quando era pequena levava logo um abre-olhos e um berro que me passava de imediato o amor pelos animais.
Eu percebo o seu ponto de vista. Também eu tenho pouca tolerância para caprichos e se ela me dissesse que não queria comer mais carne porque não ou porque o amigo também não come, eu seria a primeira a dizer-lhe "era só o que faltava, comes e acabou-se a conversa".
Mas a questão dela é mais de fundo. Ao ver o documentário sobre caça, caiu-lhe a ficha. Ah, para eu comer o meu bifinho têm de falecer animais? Ehhhh pá, espera lá mas não contem comigo para isso.
Compreendi que foi uma espécie de epifania e achei mais interessante, pedagogicamente falando, deixá-la tomar a sua decisão e vê-la viver com as consequências, com tudo o que isso implica em termos de força de vontade (imaginem tooooda a família a degustar um esparguete à bolonhesa e ela a mastigar uma salada de atum), do que pura e simplesmente dar-lhe um grito e dizer "comes porque eu estou a mandar e deixas-te de merdas".
Ainda assim.... já lá vão quase duas semanas disto e eu começo a ficar um pouco inquieta.
Foi giro - que foi - ver a determinação da rapariga, perceber como a cena dos animais mexeu com ela, o que só revela sensibilidade mas... se calhar agora já aviávamos um bifinho, não? É que somos 6 cá em casa e ter mais essa preocupação na minha vida era a última coisa que me apetecia ter.
Bom, para a semana vamos ao pediatra ouvir o que ele tem para dizer sobre este assunto. Talvez o que ele diga seja decisivo para a fazer mudar de ideias. Ou não...