Trabalho todas as semanas com médicos (colaboro com um grande grupo de saúde) e adoro. Aprendo muito, oiço deslumbrada a descrição de novas consultas, novas tecnologias, novos meios auxiliares de diagnóstico. Vibro mesmo com tudo o que vou aprendendo.
Adoro médicos e enfermeiros.
Ok, é uma generalização parva, haverá péssimos médicos e péssimos enfermeiros (há dias, por acaso, tive a prova disso ao entrevistar um médico e um enfermeiro muito "cagões" e a roçar a má educação), mas o que quero dizer é que admiro muito quem sabe tanto sobre o corpo humano, que é tão complexo e, com efeito, quem sabe fazer a diferença entre a vida e a morte terá sempre a minha admiração e respeito.
À noite, não me deito sem um episódio de Code Black (como comecei a ver já a série ia a meio, ainda tenho alguns -poucos, socorroooo! - para ver até apanhar o comboio). E já fui viciada em E.R.
Quando a minha sogra partiu o pé no aeroporto, a caminho dos Açores, o médico mandou-a tomar injecções na barriga (para evitar as tromboses venosas) e era eu quem lhas dava, todas as noites.
Gosto de hospitais. Claro que já estou mesmo a ver os haters do costume: "adoras hospitais porque nunca tiveste um filho internado, a morrer, minha grande parvalhona". A morrer nunca tive, felizmente, mas já tive dois filhos internados, um deles com pouco tempo de vida, e esteve ali uma semana na luta. Não é bom estar num hospital nessas circunstâncias, como é evidente. Mas é verdade que gosto de ir aos hospitais entrevistar os profissionais, conhecer os espaços, as máquinas, sentir a adrenalina que ali se vive. O que é que querem? Há malucos para tudo. E em bom rigor acho que há uma médica ou enfermeira frustrada dentro de mim.
Os médicos são, de resto, a única classe profissional a quem compreendo uma certa vaidade. Atenção: "uma certa vaidade"... não é um desfile de arrogância. Afinal... eles são o mais próximo de Deus que conheço.