Martim no seu melhor
O meu filho Martim, que adora poupar todos os cêntimos que recebe, fez questão de comprar presentes de Natal.
- Quero ir comprar um presente de Natal para vocês e para os manos. Ah! E para a D. Emília!
- Querido, mas nós já comprámos o nosso presente para a D. Emília.
- Não interessa. Quero comprar na mesma.
O Manel juntou-se e foram juntos ao Vasco da Gama. Compraram a meias um presente para nós, um para a D. Emília e outro para a Madalena. No dia 24 de manhã perguntei o que tinham comprado para a Mada e para a D. Emília.
- Para a Mada trouxemos um saco de gomas, que ela adora. À a D. Emília comprámos um livro.
- Que livro?
- "Por Amor de Deus".
- Hã?
- Foi um livro chamado "Por Amor de Deus". Comprámos porque era a história de um Mateus e achámos giro.
Fiquei cheia de medo, confesso. Fui pesquisar e acabei a descobrir que é o primeiro romance de António de Souza-Cardoso, sobre o qual Miguel Esteves Cardoso escreveu: «É um livro que enternece e entretém, que faz fome e faz festa. São histórias portuguesas com princípio, meio e fim, em que se celebram apetitosamente os pormenores e os jeitos.»
- Quero ir comprar um presente de Natal para vocês e para os manos. Ah! E para a D. Emília!
- Querido, mas nós já comprámos o nosso presente para a D. Emília.
- Não interessa. Quero comprar na mesma.
O Manel juntou-se e foram juntos ao Vasco da Gama. Compraram a meias um presente para nós, um para a D. Emília e outro para a Madalena. No dia 24 de manhã perguntei o que tinham comprado para a Mada e para a D. Emília.
- Para a Mada trouxemos um saco de gomas, que ela adora. À a D. Emília comprámos um livro.
- Que livro?
- "Por Amor de Deus".
- Hã?
- Foi um livro chamado "Por Amor de Deus". Comprámos porque era a história de um Mateus e achámos giro.
Fiquei cheia de medo, confesso. Fui pesquisar e acabei a descobrir que é o primeiro romance de António de Souza-Cardoso, sobre o qual Miguel Esteves Cardoso escreveu: «É um livro que enternece e entretém, que faz fome e faz festa. São histórias portuguesas com princípio, meio e fim, em que se celebram apetitosamente os pormenores e os jeitos.»
Ufff. Foi sorte. Pelo que percebi podia muito bem ter sido um livro sobre bruxaria ou a plantação de batatas na lua. A D. Emília entretanto já comentou o presente. Comovida disse: "Quando me reformar a ver se o leio."
Posto isto, ficámos curiosos sobre o que seria o nosso presente. E foi por isso com emoção que recebemos um livro que não temos, nem conhecíamos, mas cujo título faz todo o sentido. Ainda por cima foi finalista do Pulitzer e aclamado pela crítica.