Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Do bebé já sabemos. E tu, Cocó?

Eu estou fina. Sete dias depois do parto levei a pancada do costume na cabeça, maldito baby blues que parece uma carraça, posso ter uma dúzia de filhos que não me livro daquela nostalgia imbecil que me faz andar a chorar pelos cantos como se, em vez de um filho, me tivesse nascido uma desgraça. Desta vez, porém, foi mais leve. Durou umas 24 horas. Comecei a chorar na sexta (o Mateus nasceu numa segunda), mas ainda sentia que era de alegria. "Estou tão emocionadaaaaaaa chuinf", "Estou tão felizzzzzz chuinf", "Ele é tão queridoooooo chuinf". Depois, no sábado, a coisa já era descontrolada. Sempre a dizer e a repetir que não queria que os dias avançassem, que queria perpetuar o momento do parto, que tinha sido tudo tão rápido, porque é que não podíamos fazer um "Pause" no tempo, para que este momento de enamoramento e descoberta durasse mais e mais? Parecia uma neurótica, há que dizê-lo com frontalidade. Enfim, hormonas. O que me vale é que já sei que me dá forte mas passa depressa. E, com efeito, no domingo já estava impecável. Que alívio.
Esta semana que passou foi de recomeço do quotidiano (ainda sem a parte do meu regresso ao trabalho): ir buscar e levar à escola, e às actividades, debaixo de chuva, com o desgraçado atrás e a costura ainda um bocado fresca. Não tinha dores, agora já tenho - claro. Mas a vida não para, por muito que, às vezes, me desse jeito. Na verdade, dava-me mesmo muito jeito poder ficar a lamber a cria nova mais tempo, com o pai, numa cena tipo presépio. Assim sendo, há que encarar isto como um presépio em movimento contínuo. É diferente. Mas também tem os seus encantos.

Cenas da vida doméstica

Sentada no sofá da sala, a fazer o que mais faço nos últimos dias (amamentar):
- Trazes-me, por favor, uma fralda, toalhitas e Mitosyl, que acho que ele tem cocó?
- Sim.
- Ah, e discos [de amamentação]. E uma garrafa de Pleno, que estou morta de sede. E compressas. E soro fisiológico...
- Espera. Vou escrever.

Onde estavas quando Sócrates foi detido?

Estava a dormir como um calhau. Deitei-me às 23h, depois de dar de mamar, voltei ao serviço às 2.30h da manhã (mas aí tinha demasiado sono para pegar no telefone) e foi só às 5.30, quando estava de novo na minha função de vaquinha particular, que fui dar uma vista de olhos no Facebook, a partir do telemóvel. Vi uma primeira notícia sobre a detenção de Sócrates mas duvidei dos meus olhos. "Estou mesmo com sono, que diabo". Depois, à medida que ia fazendo scroll, percebi que a notícia era verdadeira. Li posts de jornalistas e analistas políticos amigos, e aí tive mesmo a certeza. Arregalei os olhos. Olhei para o Ricardo, a dormir ao meu lado, e não resisti:
- Ricardo! Ricardo! Desculpa acordar-te mas não consegui evitar: o Sócrates foi preso, caraças! Um ex-primeiro ministro. Preso.
E acabou-se o sono dele. Sentou-se na cama, incrédulo, ligou a televisão e ali ficámos a ver as notícias todas que conseguimos.

C'um caraças.