Vi-a em Maio do ano passado numa galeria de arte no Colombo. Lembro-me bem da minha reacção: ia a caminhar, olhei, abrandei o passo, fiquei imóvel colada à montra e foi amor à primeira vista. Até pus um post
AQUI, dizendo que se tivesse mais um filho levava aquela escultura mas que, assim sendo, ia ficar apenas a olhar para ela até alguém a levar.
Entretanto, estamos a dias de ter mais um filho. E, como sou pessoa de ideias fixas e que não esquece um grande amor, contactei
o artista,
Leonel dos Santos. E, porque há coisas que nos parecem destinadas, ele ainda tinha a peça (e falo em destino porque, geralmente, as obras deste escultor não ficam muito tempo nas suas mãos). E eis que, há pouco, ele veio cá a casa entregá-la. Eu, que não a via ao vivo há um ano, fiquei surpreendida com o seu tamanho (55x35x21), maior do que me lembrava, e com a sua beleza. Uma família de 6 esculpida num bloco de mármore. Seis vidas unidas, feitas da mesma massa, pedra que no fundo é terra, chão, seres únicos e no entanto unos, como um só, juntos para sempre. Depois de conversar um bocadinho com o escultor, paguei, despedi-me dele, sentei-me a contemplá-la e comovi-me com a sua beleza. Não exagero. Emocionei-me mesmo. Quando o Ricardo chegou, tapei-lhe os olhos, sentei-o em frente, e fiquei a apreciar também a sua comoção. Tão bom quando a arte mexe assim connosco. Tão bom quando parece feita para nós.
Hoje foi isto.
Sobre a surpresa de ontem ainda faltam as palavras que têm de ser bem medidas e pesadas, para poderem fazer jus a tudo o que senti (e para agradecer convenientemente).