E depois há o filho do meio
Vínhamos nós a sair da reunião com o Director de Turma do mais velho quando vimos que tínhamos ambos, cada um no seu telemóvel, uma chamada perdida do mesmo número. Olá? Quem é que nos terá tentado ligar, aos dois, que não esteja registado na nossa lista de contactos? Liguei de volta, ninguém atendeu, mas entretanto o Ricardo percebeu que tinha uma mensagem de voz. Fomos ouvir. Afinal não era uma mensagem, mas dava para ouvir a música que o colégio do Martim tem quando nos deixa em espera. Estava esclarecido o mistério: tinham-nos ligado do colégio. Oh, senhores! Acabados de sair de um problema, o que nos estaria reservado agora? Ligámos. Ah, a coordenadora não está aqui de momento para explicar. Já ligamos de volta. Ligaram. E então o que era? O Martim tinha começado a chorar na sala de aula, muito preocupado com a mãe. Porquê? Porque ontem a mãe teve um ataque da amiga ocitocina (hormona que, entre outras coisas, afrouxa a união entre os ossos e faz com que as grávidas, de vez em quando, sintam que os joelhos cedem, os tornozelos se deslocam ou as costas se desmontam) e ficou toda empanada, com dores na coluna, e sem conseguir dar um passo, em gritinhos histéricos, ai-ai-ai-ai-caneco-ai. Depois passou mas o Martim ficou ralado, com medo que a mãe tivesse outro daqueles acessos, estando sozinha em casa. E não descansou enquanto não ligaram, para se certificar que a mãe estava bem.
Este miúdo, cavalo bravo que é afinal tão doce, não para de me surpreender.![]()
Este miúdo, cavalo bravo que é afinal tão doce, não para de me surpreender.