Acordou sozinha com um grande sorriso, a pedir para ir para a escola nova. Enquanto me arranjava, senti que hiperventilava. Atenção, eu é que hiperventilava, não ela. Ela saltitava, contente. O pai foi levar o Martim à escola (já começou as aulas na semana passada) e depois voltou, para irmos juntos levar a Mada. Fomos a pé, cada um de seu lado, e ela toda orgulhosa com a sua mochila novinha em folha e a roupa que escolheu para vestir (coisa rara porque geralmente não lhe dou essa abébia). Chegámos em 5 minutos, a caminhar devagarinho, o que nos pareceu um excelente princípio de conversa. Entrámos na sala, ela deu beijinho à educadora, despediu-se de nós e foi sentar-se lá à frente, ao pé dos meninos que já estavam sentados. A sala era enorme, com janelas rasgadas para um terraço onde florescia uma horta. Fomos espreitar e constatámos que cada sala tem janelas rasgadas para esse terraço, e cada sala ostenta a sua própria horta. Sentimos que podíamos ter ido embora nesse preciso momento mas, como havia pais resistentes, ficámos mais um pouco. Começámos então a vê-la meter conversa à esquerda e à direita, a sorrir aqui e ali, a olhar espantada para uma menina que insistia em choramingar.
Amanhã pode correr tudo mal. Pode dizer que prefere a escola antiga, falar nas saudades dos amiguinhos, pode armar um berreiro. Sei bem que, muitas vezes, não é logo no primeiro dia que o caldo se entorna. É nos dias seguintes. Mas, para já, posso respirar de alívio. Amanhã logo se vê.