Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

A sério?

A sério que o argumento principal contra a moda dos banhos públicos é a falta de água em África? Espero bem que quem se enerva contra um balde de água potável por pessoa nunca na vida tenha tomado um banho de imersão, nunca na vida tenha deixado a água a correr enquanto ensaboa o corpo ou lava os dentes, nunca na vida tenha tomado banho em piscinas! O que diria uma criança africana sedenta se vos visse a dar braçadas em tanta água que poderia servir para matar a sede de toda uma aldeia?
Please.

Primos

Ontem passámos a tarde e a noite com primos queridos. A Cris, que é a melhor do mundo e arredores, não esqueceu a minha recente obsessão pelo guacamole e pôs mãos à obra (com a colaboração de bons ajudantes). E o ceviche estava muito próximo da perfeição.






Banhos Públicos

Há por aí quem se manifeste muito agastado com isto dos banhos públicos. Que é uma moda, uma estupidez, uma idiotice sem fim. Que se pode muito bem doar dinheiro sem ter de levar com água gelada pela mona abaixo. E eu pergunto: qual é que é o mal de uma moda que não prejudica ninguém a não ser eventualmente o próprio (que pode apanhar uma constipação, congestão ou ataque reumático) e que pode contribuir para ajudar os outros? Ah, mas é uma palhaçada e as ajudas aos outros são assunto muito sério. Please… Se alguém quiser ajudar fazendo palhaçadas qual é o problema? Ah, mas nem todas as pessoas doam dinheiro e há quem o faça só pelo show off. E então? As acções ficam com quem as pratica. Se há quem goste de se exibir levando baldadas de água fria esquecendo o seu propósito original é lá com elas. Mas o que é certo é que tem havido uma doação verdadeiramente impressionante para várias instituições, nomeadamente para a APELA, a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica, que apoia doentes e familiares de doentes com ELA, uma das doenças que mais me perturbam no reino das doenças (se não sabem o que é vão ler e depois digam-me se não é uma doença de impor respeito). Ah, mas as pessoas que ajudam devem fazê-lo em silêncio, sem alardes, sem chamar a atenção para si próprias… A sério? Porquê? Se esta moda não fosse pública teria alguma vez tido a repercussão que tem tido? Se os molhados não partilhassem os seus banhos nas redes sociais, convidando outros a aderir, teria isto o efeito multiplicador que tem tido?
Lamento mas não entendo o agastamento. Nem sempre os fins justificam os meios mas neste caso em particular acho que estão mais que justificados. Se o fim é ajudar, venham de lá esses baldes de água fria. E se a seguir passarem para baldes de cocó… força nisso!

E já agora parabéns à Rádio Comercial pelos desafios lançados a figuras públicas e pelas verbas valentes que têm conseguido angariar. Gosto mesmo destes quatro!

Famílias numerosas

Ontem os nossos amigos Barões vieram passar o dia connosco. Juntaram-se às famílias Cocó e Lagoas na Praia do Barril. Depois de um dia de praia, fomos jantar. Ao chegar ao Zé Maria, em Tavira, perguntaram, ao verem chegar uma pequena tropa sem marcação:
- Quantos são?
- Somos 15.
- Quinze????
- Sim. Na verdade, somos só três casais mas… reproduzimo-nos muito.



Madazinha começa a acusar o toque

Volta não volta vem a mesma lenga-lenga: "A mãe é só minha… só minha, de mais ninguém…" Ou ainda mais directa: "Eu adoro-te, mamã! Gostava que fôssemos só nós as duas, sem os manos, sem ninguém". Ou, dramática: "Se tu morreres eu vou chorar muito, muito, sem parar". Ou ainda: "Porque é que eu sou uma pessoa? Eu queria ser um bebé…"

Glup. Cheira-me que vamos ter uma adaptação ao baby M assim para o hardcore. 

Ah, que saudades eu tinha de um comentário destes...

«Really?! Quando temos os valores invertidos não há mesmo nada a fazer. Pôr em risco a vida de um filho que ainda nem nasceu pela futilidade de umas férias?! E não venha com a conversa dos seus filhos e marido não terem férias, porque para este a prioridade deveria ser o bem estar do filho, e as crianças iam ficar tristes, talvez até chorar mas tudo isso passa. Além disso todos já tiveram férias foram a Marrocos, fim‑de‑semana no algarve, casa dos avós, campo de férias, praia, não se pode dizer que seja uma família que passe o ano inteiro fechada em casa a ansiar por 2 ou 3 semanas de férias no verão.
Por isso acho muito triste esta falta de consciência relativamente a um ser completamente indefeso, e espero, pelo bébé que não tem culpa do que lhe calhou em sorte, que corra tudo bem e que estas férias não se tornem num pesadelo e num sentimento de culpa para o resto das vossas vidas.»

A Maria Borges é ou não é um docinho de pessoa?
Vamos então escalpelizar um pouco este comentário tão simpático:

1 - A Maria Borges aparentemente conhece o meu caso clínico a fundo. Pelos vistos, ela sabe mais que o meu obstetra, que por acaso é director de Obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier. A Maria Borges viu o meu útero, o meu colo do útero, o meu bebé e até o meu pipi e, por isso, pode opinar com toda a propriedade sobre esta tresloucada vinda para o Algarve. O meu obstetra, grande inconsciente, deu-me ordem de vir de férias, disse que podia, que não havia risco de parto iminente, que ia correr tudo bem desde que cumprisse as suas indicações. Mas a Maria Borges está em poder de outro tipo de informações, muito mais acuradas. E, para ela, isto que eu fiz foi uma verdadeira barbárie e um atentado contra o meu filho por nascer. Venha a CPCJ! Prendam-me ou retirem-me todos os meus filhos, que não mereço menos que isso. E, já agora, enjaulem também o Dr. Fernando Cirurgião, que o que ele fez foi um verdadeiro atentado à Medicina Obstétrica em geral. Como é que deixam gente desta exercer, céus? Como?

2 - Para a queridíssima Maria Borges, eu tenho os valores invertidos por querer algo tão fútil como umas férias em família. Realmente, onde é que eu estava com a cabeça? Passar duas semanas com os filhos, dar-lhes atenção 24 sobre 24 horas, brincar com eles, ter bons momentos em família??? Preocupar-me com o descanso do meu marido, que passou um ano a trabalhar como um demente????Mas que palhaçada vem a ser essa??? Que futilidade, Deus meu! 
Para esta senhora, o facto de o meu médico me ter dito que podia vir não chega. Não! Eu tinha era que ficar deitadinha, fechada entre quatro paredes, para proteger o meu filhinho indefeso. Mesmo que não fosse preciso! Os outros três? Que se lixassem, ora então! Não foram já a Marrocos??? Não estiveram já em casa dos avós e num campo de férias??? Menos, meus meninos! Muito menos, então que garganeirice vem a ser essa???

3 - A Maria Borges conhece a fundo a minha vida de rambóia e acha um excesso estas semanas em terras algarvias. «Não se pode dizer que seja uma família que passe o ano inteiro fechada em casa a ansiar por 2 ou 3 semanas de férias no verão». É isso. Os fins-de-semana chegam muito bem. E aquela semana com as crianças em Marrocos também já está de bom tamanho. Há gente que quer tudo! Não se lhes pode dar a mão que querem logo o braço todo!

4 - Por último… o final! O grande final do seu comentário! Tão bom que é praticamente antológico. Do melhorzinho que já vi por aqui. Passo a repetir, que podia ter-vos escapado alguma parte: «Por isso acho muito triste esta falta de consciência relativamente a um ser completamente indefeso, e espero, pelo bébé que não tem culpa do que lhe calhou em sorte, que corra tudo bem e que estas férias não se tornem num pesadelo e num sentimento de culpa para o resto das vossas vidas.» 
Na verdade, o que a Maria Borges diz nesta poética frase, ainda que disfarçado de "oxalá não te aconteça" é, nada mais nada menos que: desejo que o teu bebé nasça mesmo aí na praia e que morra de tão prematuro que é para aprenderes a lição e viveres o resto da vida com essa culpa em cima dos ombros. 
Só tenho uma coisa a dizer-lhe: acha mesmo, depois deste seu comentário, que eu é que tenho os valores invertidos? Ai, Maria Borges, Maria Borges… Desejo-lhe muita, muita sorte na vida. Vai precisar. Porque com tanta maldade no coração só mesmo a sorte lhe pode valer.