Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Ai, que me matas o homem!

Desde que engravidei que fui obrigada a "dispensar" o meu PT. Não posso fazer exercício porque não posso correr o risco de ter quaisquer contracções (o meu útero costurado não se compadece de esticões), e por isso, adeus até daqui a uns 10 ou 11 meses. Mas, como tinha pago um mês inteiro de exercício de que não usufruí, passei o testemunho ao meu querido marido. O homem tem gostado muito do treino com o Pedro (acho que é impossível não gostar), e depois de usar todas as minhas sessões, já fez novo pagamento para continuar (prova de que está empenhado). Hoje até fez o treino às 8h da matina! Bom, claro que o empenho dele é diferente do meu. Continua a comer bem (leia-se muito) e faz graça disso em conversa com o PT. Eis a reprodução de uma conversa entre eles:

Pedro: Ah, estive a treinar uma rapariga que fez agora uma ultra, na areia!
Ricardo: Hummm… bom para ela!
Pedro: Sabes quanto tempo demorou a acabar? 8 horas!
Ricardo: Ena…
Pedro: Para algumas pessoas isto do desporto torna-se realmente aditivo…
Ricardo: Pois… já para mim a palavra aditivo só me lembra adição, no sentido de adicionar. E eu é mais adicionar comida, bebida…

Acho que o Pedro já deve ter percebido que se trata de um caso perdido.
Ainda assim, hoje deu-lhe uma tareia das valentes e eu julguei que o homem se me falecia ali, estendido no chão de casa, quando regressou do treino.

Dia da Amizade

Diz que hoje é Dia da Amizade. E eu tenho de agradecer por ter amigos tão bons, uns tão antigos, que me acompanham desde pequenina até hoje, outros que ficaram do tempo da adolescência, da faculdade, outros que fui conhecendo quando comecei a trabalhar, e até amigos que ganhei por causa do blogue (se alguma vez imaginava isso possível…). Fui fazendo amigos em todas as etapas da minha vida e raramente deixei alguém para trás. Claro que há aqueles que ficam naturalmente com menos espaço na nossa vida, por questões várias, e depois há os que ganham um protagonismo maior por naturais compatibilidades. E há ainda aqueles que passaram por um tempo em que estiveram como que congelados (com contactos de ambas as partes apenas nos dias de anos e às vezes nem isso) e que agora, por razões diversas, voltaram à minha vida.
Já aqui o disse: durante muito tempo fui um bocado radical em relação à amizade. Achava que poucos tinham o estatuto de amigos, que os outros eram apenas conhecidos, e fazia essa destrinça sem sequer dar muitas hipóteses a que pessoas novas entrassem na minha vida. Depois, percebi que esse fundamentalismo era idiota (como todos). E abri a porta (e o coração) a uma série de pessoas que me têm feito muito feliz. Claro que continuo a ter aqueles que são os amigos de casa, com quem tenho uma relação infinitamente mais íntima, e os outros, mais ocasionais. A todos eles, num maior ou menor grau de proximidade: feliz Dia da Amizade!

Jantar com pronúncia

Ontem os nossos amigos de S. Miguel vieram cá jantar. Gostamos muito deles e é giro porque podem passar anos sem estarmos juntos mas existe sempre uma espontaneidade tão grande no reencontro e na conversa que parece que estivemos juntos há meia dúzia de dias. Estes amigos têm uma acentuada pronúncia micaelense e eu fico sempre encantada a ouvi-los. Lembro-me da primeira vez que os conheci (há 13 anos), na própria da ilha de São Miguel, de ficar doida com aquele falar, começar automaticamente a dar uma certa entoação - sou uma esponja de pronúncias, e de notar que o Chico me olhava sem ter a certeza se estaria a gozar com eles ou quê. Rapidamente expliquei que não era gozo, era mesmo fascínio e um contágio quase imediato. Ontem ficámos malucos com a severidade da pronúncia do filho mais velho. Não percebíamos rigorosamente NADA do que ele dizia e só nos ríamos porque ele era tão engraçado, cheio de histórias para contar, a falar a uma velocidade estonteante, e nós de olhos muito abertos a implorar tradução simultânea aos pais.
Rever estes amigos deixou-me ainda mais vontade de voltar aos Açores mas, sobretudo, a São Miguel, onde já fui três vezes. Talvez o único sítio do mundo que conheço onde caio a dormir por tudo e por nada, tal é a paz que aquilo me dá. No ano passado fomos com os miúdos à Madeira, temos mesmo de ir com eles aos Açores. Está decidido!

Tenho um íman para gente descompensada

No dia da consulta, fui passear o Mojito até um relvado grande que existe aqui ao pé de casa. Lá, encontrei uma vizinha com quem costumo falar e que agora também tem um cão. Enquanto os dois rafeiros corriam que nem doidos, nós lá íamos pondo a conversa em dia. Os bichos, de quando em vez, deparavam com uns buracos que outros cães já fizeram nesse relvado, e punham-se a escavar. E lá íamos nós, a correr, tirá-los de lá. Os bichos insistiam, nós reprimíamos, e assim ia a nossa vida. Nisto, ouvimos uma voz de homem vinda de cima, aos gritos:
- Isso não pode ser! Suas irresponsáveis! Há crianças que brincam aí e se magoam nos buracos!
Olhei para cima (seria Deus?), e vi um fulaninho num último andar, de mãos na cintura, a fazer aquela peixeirada. Ainda pensei responder-lhe mas depois cuidei que, nestes casos, é sempre mais irritante para um provocador não receber troco (por muito que a acidez do meu estômago comece logo a crescer, que sou pessoa pouco dada a levar desaforos para casa). Continuámos por ali, até que ele aumentou o tom e principiou num verdadeiro berreiro. Volto a repetir: os nossos cães não escavaram os buracos, apenas se sentiam irremediavelmente atraídos por eles, mas nós apressámo-nos sempre a retirá-los de lá.
Olhei então para cima, expliquei ao "senhor" que não me conhece de parte alguma para estar a falar comigo daquela maneira e foi então que ele galopou nos impropérios, vociferados com uma violência incomum, mandando-me "desaparecer". Fiquei a pensar que, de facto, há coisas que o dinheiro não traz. Aquela alma até pode ter massa para comprar aquele último andar, provavelmente uma boa casa, mas desgraçadamente o seu poder económico não lhe permitiu adquirir educação, nível, polimento. Pôr-se assim aos gritos da janela, a incomodar duas senhoras, uma das quais grávida, revela toda a sua falta de chá.
Saí dali a imaginar que ele descia, que me ameaçava, e que eu lhe dava uma valente coça, grávida e tudo. Às vezes há um instinto violento dentro de mim, confesso. Sinto aquela raiva a crescer e só me consigo ver a desferir golpes de uma qualquer arte marcial, deixando o outro imobilizado e com cara de idiota. Aaaaaah, como eu gostava!

Ontem voltei a passear o bicho no mesmo sítio e lá apareceu o cretino. De novo aos urros da janela. Dá ideia que não tem vida (apesar de ser um fulano novo) e que fica à espera que eu chegue para ter o seu momento de existência. Está visto que vou ter de ir passear o animal para outro lado. Ou então inscrever-me no Krav Maga e despachar este tipo em três tempos.