Fechados para a construção de um ser humano
Nunca a tarefa de fabricar um ser humano me pareceu tão cansativa. A sério. Felizmente que não estou a trabalhar numa empresa, com horário fixo, caso contrário provavelmente já teria sido despedida. Adormeço sem querer, arrasto os pés como se já estivesse de 40 semanas e o termómetro marcasse 40ºC, não tenho paciência para nada, só penso em estar deitada, os meus filhos parecem-me muito mais que três, alucino só de pensar em fazer refeições, estremeço só de pensar em fazer o que quer que seja. Mas afinal o que é isto??? Ainda há 5 anos, quando estava grávida da Madalena, era ver-me pelo país afora, em reportagem, enérgica como um daqueles coelhinhos imparáveis da Duracel, e agora quem sou eu? Uma amiba, meus caros. Uma verdadeira amiba. De tal maneira que - como boa hipocondríaca - já imagino que talvez haja alguma coisa errada comigo (claroooo!). Afinal, gravidez não é doença e sempre trabalhei que nem uma desenfreada até ao momento de saída do inquilino. E daqui já saíram três inquilinos (sou uma senhoria com experiência). E o que é certo é que não me reconheço nesta inércia, neste torpor, nesta indiferença, neste sono permanente. Estarei avariada? Ou será mesmo só da idade?